
Uma execução por fuzilamento realizada na Carolina do Sul em abril deste ano gera polêmica após evidências que sugerem falhas no procedimento. O resultado foi uma morte possivelmente mais lenta e dolorosa do que a lei prevê.
Mikal Mahdi, 42 anos, recebeu sentença de morte em 2006 pelo assassinato de um policial. Sua execução ocorreu em 11 de abril na penitenciária estadual. Documentos apresentados à Suprema Corte do estado na última quinta-feira (8) indicam que os disparos erraram o coração do condenado, o que prolongou sua consciência por cerca de um minuto após os tiros.
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Segundo testemunhas, incluindo um repórter da Associated Press presente na sala, funcionários amarraram Mahdi a uma cadeira na câmara de execução, com um alvo vermelho posicionado sobre seu peito. Três funcionários da prisão se posicionaram a aproximadamente 4,6 metros dele, protegidos por um vidro à prova de balas.
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Após os disparos, testemunhas relatam que Mahdi gritou e apresentou espasmos nos braços. Ele continuou a respirar por cerca de 80 segundos e os médicos o declararam morto apenas quatro minutos após os tiros, o que levanta sérias dúvidas sobre a eficácia e humanidade do método realizado.
Contradições reveladas na autópsia
A lei estadual exige expressamente que os atiradores mirem "no coração [...] com munição calculada para causar dano máximo e cessar imediatamente o funcionamento do órgão".
No entanto, um relatório de autópsia analisado pela defesa e pelo patologista forense Dr. Jonathan Arden revela que os tiros não atingiram o coração conforme determina o protocolo.
O Dr. Arden afirma que os projéteis causaram perfurações no fígado, no pâncreas e na parte inferior do pulmão, em uma trajetória descendente, distante da região cardíaca.
Outro ponto controverso foi a descoberta de apenas dois ferimentos de entrada no corpo, quando o procedimento previa três atiradores.
"Um procedimento correto destrói o coração e elimina imediatamente toda circulação", explica o especialista em sua análise.
Autoridades apresentam versões conflitantes
O Departamento de Correções da Carolina do Sul, por meio de sua porta-voz Chrysti Shain, contesta as alegações. A instituição afirma que as três armas dispararam simultaneamente e todos os tiros atingiram Mahdi, incluindo o coração.
A porta-voz destaca que o laudo oficial da autópsia conclui que "todos os três projéteis atingiram o coração antes de atingir outros órgãos".
No entanto, o Dr. Bradley Marcus, médico legista oficial, itiu em entrevista sua surpresa ao encontrar apenas dois ferimentos, e chegou a fotografar o corpo para documentar essa anomalia.
A explicação de que um dos orifícios poderia representar duas trajetórias de projéteis distintos recebeu a classificação do Dr. Arden como "altamente improvável".
Contexto da pena capital nos EUA
Esta execução marca a segunda por fuzilamento realizada na Carolina do Sul neste ano, parte de um esforço recente do estado para reativar métodos de pena capital após 13 anos sem execuções.
A defesa de Mahdi questiona se um dos integrantes do pelotão chegou a disparar ou se errou completamente o alvo. "O Sr. Mahdi elegeu o fuzilamento, e esta corte o autorizou, com base na premissa de que o Departamento de Correções poderia seguir etapas simples: localizar o coração, posicionar o alvo e atingi-lo. Essa confiança foi claramente equivocada", argumentam os advogados.
O caso levanta novas preocupações sobre os métodos de aplicação da pena de morte nos Estados Unidos e a capacidade das instituições para garantir protocolos que minimizem o sofrimento durante as execuções.
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