{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","mainEntityOfPage":"/carajas/noticias/brasil/680234/video-acidente-com-fokker-100-da-tam-completa-25-anos","headline":"Vídeo: Acidente com Fokker 100 da TAM completa 25 anos","datePublished":"2021-10-31T09:41:01-03:00","dateModified":"2021-10-31T10:10:33-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Agência Brasil","url":"/carajas/noticias/brasil/680234/video-acidente-com-fokker-100-da-tam-completa-25-anos"},"image":"/img/Artigo-Destaque/680000/ACIDENTE2_00680234_0_.jpg?xid=1647323","publisher":{"@type":"Organization","name":"DOL","url":"/","logo":"/themes/DOL/img/logoDOL.png","Point":{"@type":"Point","Type":"Customer ","telephone":"+55-91-98412-6477","email":"[email protected]"},"address":{"@type":"PostalAddress","streetAddress":"Rua Gaspar Viana, 773/7","addressLocality":"Belém","addressRegion":"PA","postalCode":"66053-090","addressCountry":"BR"}},"description":"A queda do avião foi provocada por uma falha no reversor da turbina direita (o freio aerodinâmico), que abriu durante a decolagem. O reversor é um equipamento que se abre para ajudar a aeronave a desacelerar, preparando o avião para o pouso. Mas, naquele dia, o equipamento abriu na decolagem, em pleno voo.","articleBody":"\\u0026lt;p\\u0026gt;Era o dia 31 de outubro de 1996, h\\u0026#225; 25 anos, o jornalista Jorge Tadeu da Silva, levantou cedo e saiu de sua casa, na rua Lu\\u0026#237;s Orsini de Castro, no Jabaquara, zona sul de S\\u0026#227;o Paulo, para dar aula de portugu\\u0026#234;s em um col\\u0026#233;gio particular ali perto. Mal chegou \\u0026#224; escola, uma pessoa da secretaria o procurou dizendo que seu irm\\u0026#227;o estava ao telefone.\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;“Achei estranho. Mas fui l\\u0026#225; [atender]. Devia ter acontecido alguma emerg\\u0026#234;ncia. Ele falou, com uma voz meio assustada, que um avi\\u0026#227;o tinha ca\\u0026#237;do em cima da minha casa e que eu precisava ir para l\\u0026#225;. Em princ\\u0026#237;pio, achei que ele estava brincando”, contou Silva, em entrevista \\u0026#224; Ag\\u0026#234;ncia Brasil.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O jornalista morava em um sobrado geminado: seus pais eram seus vizinhos de parede. E foi justamente nessa casa que parte do avi\\u0026#227;o Fokker 100, da TAM (empresa que foi fundida com a Lan e se tornou a Latam) caiu, por volta das 8h26 da manh\\u0026#227; do dia 31 de outubro de 1996. \\u0026quot;Eles [meus pais] estavam na casa. Eles haviam acabado de sair da cama e estavam no andar de cima, descendo para tomar o caf\\u0026#233; da manh\\u0026#227;, quando o avi\\u0026#227;o caiu\\u0026quot;, disse.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Silva mostra \\u0026#224; reportagem uma foto da \\u0026#233;poca, estampada em um jornal, que mostra um trem de pouso do avi\\u0026#227;o dentro da casa dos pais. Felizmente, todos da fam\\u0026#237;lia sobreviveram. O pai teve apenas uma queimadura no bra\\u0026#231;o. Foi levado ao hospital, mas no mesmo dia foi liberado. O acidente, no entanto, jamais foi esquecido pela fam\\u0026#237;lia. E provocou traumas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;“Para meus pais, que tinham mais idade, foi um per\\u0026#237;odo muito dif\\u0026#237;cil, que marcou muito a vida deles. Eles aram a ter dificuldade de dormir no escuro\\u0026quot;, relatou. “Eu tenho mem\\u0026#243;ria olfativa, para voc\\u0026#234; ter uma ideia. O cheiro era muito desagrad\\u0026#225;vel e ficou marcado.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;No aeroporto\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Pouco antes de o acidente acontecer, Sandra Assali havia levado seu marido, o m\\u0026#233;dico cardiologista Jos\\u0026#233; Rahal Abu Assali, para o aeroporto de Congonhas. Naquele mesmo dia, ele daria aula em um congresso no Rio de Janeiro e retornaria a S\\u0026#227;o Paulo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;“Eu levei meu marido ao aeroporto. Tinha o h\\u0026#225;bito de lev\\u0026#225;-lo porque ele viajava muito. Mor\\u0026#225;vamos perto do aeroporto, ent\\u0026#227;o, quando poss\\u0026#237;vel, eu o levava. E naquele dia n\\u0026#227;o foi diferente. Eu deixei ele l\\u0026#225; e, como ele viajava muito, ele chegava j\\u0026#225; bem pr\\u0026#243;ximo do hor\\u0026#225;rio de embarque”, contou Sandra. “Era um dia normal, de rotina. Ele voltaria no mesmo dia. Eu me despedi dele e fui embora. Meia hora depois tive a confirma\\u0026#231;\\u0026#227;o do acidente, de que ele tinha morrido”, afirmou.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ela n\\u0026#227;o viu o acidente acontecer. Mas quando j\\u0026#225; havia sa\\u0026#237;do do aeroporto e estava dentro do carro, chegou a ouvir um barulho. “Ouvi um grande barulho e vi um grande clar\\u0026#227;o, apesar de ter sido de manh\\u0026#227;. Naquele momento eu achava que era [algo] num posto de gasolina. Na verdade, voc\\u0026#234; nunca imagina que pode ser um avi\\u0026#227;o”, destacou.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ela s\\u0026#243; ficou sabendo do acidente depois. A lista dos ageiros que morreram com a queda e a explos\\u0026#227;o do avi\\u0026#227;o, ela soube pela TV. Da companhia a\\u0026#233;rea, Sandra jamais recebeu um telefonema sobre a morte do marido.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;Cen\\u0026#225;rio de guerra\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ao saber do acidente pelo irm\\u0026#227;o, Jorge Tadeu da Silva voltou correndo para casa. Ele lembra de estar tudo em chamas e de ter se juntado aos vizinhos na tentativa de abrir alguns port\\u0026#245;es e gritar por sobreviventes. Segundo ele, o avi\\u0026#227;o destruiu oito casas na sequ\\u0026#234;ncia.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Ele pegou a minha na parte da frente. Na dos meus pais, um pouco mais a estrutura da frente. Na terceira casa, a parte principal da fuselagem caiu. E o cockpit do avi\\u0026#227;o, a ponta do avi\\u0026#227;o, percorreu mais cinco ou seis casas cortando elas pelo meio. Imagine um cen\\u0026#225;rio de destrui\\u0026#231;\\u0026#227;o, muito fogo. O avi\\u0026#227;o havia acabado de decolar e estava com o tanque cheio. Estava abastecido para o voo at\\u0026#233; o Rio de Janeiro\\u0026quot;, lembrou.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;A primeira vis\\u0026#227;o que eu tive foi essa: de uma cena clich\\u0026#234; de um bombardeio de guerra ou algo assim. Era muito fogo, muita fuma\\u0026#231;a preta. Voc\\u0026#234; via os destro\\u0026#231;os, mas n\\u0026#227;o conseguia ver o que que era, na hora\\u0026quot;, completou.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n \\u0026lt;figure class=\\u0026quot;dol-img-article\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n \\u0026lt;img loading=\\u0026quot;lazy\\u0026quot; class=\\u0026quot;lozad desk\\u0026quot; alt=\\u0026quot;Avi\\u0026amp;#227;o caiu em cima de resid\\u0026amp;#234;ncias do Jabaquara\\u0026quot; data-src=\\u0026quot;https://cdn.dol-br.noticiasalagoanas.com/img/inline/680000/767x0/ACIDENTE3_00680234_0_.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dol-br.noticiasalagoanas.com%2Fimg%2Finline%2F680000%2FACIDENTE3_00680234_0_.jpg%3Fxid%3D1647327%26resize%3D380%252C200%26t%3D1747844207\\u0026amp;amp;xid=1647327\\u0026quot; src=\\u0026quot;https://cdn.dol-br.noticiasalagoanas.com/img/inline/680000/767x0/ACIDENTE3_00680234_0_.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dol-br.noticiasalagoanas.com%2Fimg%2Finline%2F680000%2FACIDENTE3_00680234_0_.jpg%3Fxid%3D1647327%26resize%3D380%252C200%26t%3D1747844207\\u0026amp;amp;xid=1647327\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n\\r\\n \\r\\n \\u0026lt;figcaption\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;span\\u0026gt;\\u0026#128247; Avi\\u0026amp;#227;o caiu em cima de resid\\u0026amp;#234;ncias do Jabaquara |\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;strong\\u0026gt;Mabel Feres/Estad\\u0026amp;#227;o\\u0026lt;/strong\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;/figcaption\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;/figure\\u0026gt;\\r\\n\\u0026amp;nbsp;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O avi\\u0026#227;o havia acabado de sair de Congonhas, aeroporto de S\\u0026#227;o Paulo, com destino ao Rio de Janeiro. Mas apenas 24 segundos depois, de acordo com relat\\u0026#243;rio final elaborado pelo Centro de Investiga\\u0026#231;\\u0026#227;o e Preven\\u0026#231;\\u0026#227;o de Acidentes Aeron\\u0026#225;uticos (Cenipa), a aeronave bateu em tr\\u0026#234;s pr\\u0026#233;dios e caiu em cima de diversas casas na Rua Luis Orsini de Castro, a cerca de 2 quil\\u0026#244;metros do aeroporto. Com a queda, o avi\\u0026#227;o pegou fogo matando todos as 96 pessoas a bordo. Tr\\u0026#234;s pessoas que estavam no solo tamb\\u0026#233;m morreram.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Uma das v\\u0026#237;timas em solo era um pedreiro que trabalhava no telhado de uma casa, contou Silva. As duas outras v\\u0026#237;timas foram um professor, que estava em sua garagem no momento do acidente, e um parente dele, que sofreu queimaduras severas, chegou a ser socorrido, mas morreu 30 dias ap\\u0026#243;s o acidente.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;De maneira surpreendente, apenas tr\\u0026#234;s pessoas no solo faleceram. Para um acidente desse porte, numa \\u0026#225;rea urbana, foi realmente um milagre. \\u0026#201; uma rua em que muitas crian\\u0026#231;as usam para ir para a escola. Mas devido ao hor\\u0026#225;rio, tinha pouca gente na rua\\u0026quot;, disse.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ap\\u0026#243;s a trag\\u0026#233;dia, Silva teve uma grande vontade de escrever sobre o acidente. Ele come\\u0026#231;ou a pesquisar sobre desastres a\\u0026#233;reos e criou um site para falar sobre o assunto. “Mais para frente, vim a saber com uma psic\\u0026#243;loga que eu estava usando uma maneira de lidar com o luto ou com o estresse p\\u0026#243;s-traum\\u0026#225;tico, que \\u0026#233; escrever sobre o assunto\\u0026quot;.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Quanto ao sobrado geminado, ele foi reformado com o dinheiro que os pais tinham guardado antes do acidente. \\u0026quot;A gente [reconstruiu uma das casas] com recursos pr\\u0026#243;prios, recursos que meu pai tinha guardado. E, ao longo de dez anos, fomos reconstruindo a outra, mas n\\u0026#227;o no mesmo padr\\u0026#227;o”, contou.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n \\u0026lt;figure class=\\u0026quot;dol-img-article\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n \\u0026lt;img loading=\\u0026quot;lazy\\u0026quot; class=\\u0026quot;lozad desk\\u0026quot; alt=\\u0026quot;O jornalista Jorge Tadeu da Silva, um dos afetados pelo acidente com o avi\\u0026amp;#227;o modelo Fokker 100 da TAM que vitimou 99 pessoas em 1996, segura foto de como ficou a casa dele na rua Lu\\u0026amp;#237;s Orsini de Castro, no Jabaquara.\\u0026quot; data-src=\\u0026quot;https://cdn.dol-br.noticiasalagoanas.com/img/inline/680000/767x0/ACIDENTE1_00680234_1_.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dol-br.noticiasalagoanas.com%2Fimg%2Finline%2F680000%2FACIDENTE1_00680234_1_.jpg%3Fxid%3D1647328%26resize%3D380%252C200%26t%3D1747844207\\u0026amp;amp;xid=1647328\\u0026quot; src=\\u0026quot;https://cdn.dol-br.noticiasalagoanas.com/img/inline/680000/767x0/ACIDENTE1_00680234_1_.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dol-br.noticiasalagoanas.com%2Fimg%2Finline%2F680000%2FACIDENTE1_00680234_1_.jpg%3Fxid%3D1647328%26resize%3D380%252C200%26t%3D1747844207\\u0026amp;amp;xid=1647328\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n\\r\\n \\r\\n \\u0026lt;figcaption\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;span\\u0026gt;\\u0026#128247; O jornalista Jorge Tadeu da Silva, um dos afetados pelo acidente com o avi\\u0026amp;#227;o modelo Fokker 100 da TAM que vitimou 99 pessoas em 1996, segura foto de como ficou a casa dele na rua Lu\\u0026amp;#237;s Orsini de Castro, no Jabaquara. |\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;strong\\u0026gt;Rovena Rosa/Ag\\u0026amp;#234;ncia Brasil\\u0026lt;/strong\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;/figcaption\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;/figure\\u0026gt;\\r\\n\\u0026amp;nbsp;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Da empresa, o dinheiro de indeniza\\u0026#231;\\u0026#227;o demorou a chegar. \\u0026quot;Foi um processo longo para recuperar [o que foi perdido no acidente] e sem receber a indeniza\\u0026#231;\\u0026#227;o porque as propostas [da empresa] eram absurdas. Foi levado para a Justi\\u0026#231;a porque n\\u0026#227;o houve acordo. Levou muito tempo para a gente conseguir receber alguma coisa. Levou, na verdade, onze anos\\u0026quot;, disse ele, relembrando que recebeu a indeniza\\u0026#231;\\u0026#227;o no ano em que um outro avi\\u0026#227;o da TAM caiu em Congonhas, em 2007, matando 199 pessoas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Hoje, ele continua vivendo na mesma rua, no im\\u0026#243;vel que antes era ocupado por seus pais.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;Associa\\u0026#231;\\u0026#227;o\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Sandra tinha dois filhos \\u0026#224; \\u0026#233;poca do acidente: um menino, de 7 anos, e uma menina, de 4. Sem receber o apoio necess\\u0026#225;rio da empresa, ela e outros parentes de v\\u0026#237;timas criaram a primeira associa\\u0026#231;\\u0026#227;o de parentes de v\\u0026#237;timas de acidente a\\u0026#233;reo do Brasil, a Associa\\u0026#231;\\u0026#227;o Brasileira de Parentes e Amigos de V\\u0026#237;timas de Acidentes A\\u0026#233;reos (Abrapavaa), da qual ela \\u0026#233; presidente. A associa\\u0026#231;\\u0026#227;o ajudou a mudar a avia\\u0026#231;\\u0026#227;o no Brasil, principalmente em rela\\u0026#231;\\u0026#227;o \\u0026#224; indeniza\\u0026#231;\\u0026#227;o e ao tratamento dispensado aos familiares das v\\u0026#237;timas de acidentes com aeronaves.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Sandra tamb\\u0026#233;m ou a escrever sobre o epis\\u0026#243;dio, publicando dois livros. O primeiro deles, O Dia que Mudou a Minha Vida, foi lan\\u0026#231;ado em 2017, quando a trag\\u0026#233;dia completou 20 anos. O segundo, Acidente A\\u0026#233;reo – O que Todo Familiar de V\\u0026#237;tima Pode e Deve Saber, foi lan\\u0026#231;ado em mar\\u0026#231;o deste ano e pretende ser um guia para orientar fam\\u0026#237;lias sobre direitos em caso de acidente a\\u0026#233;reo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;O acidente\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A queda do avi\\u0026#227;o foi provocada por uma falha no reversor da turbina direita (o freio aerodin\\u0026#226;mico), que abriu durante a decolagem. O reversor \\u0026#233; um equipamento que se abre para ajudar a aeronave a desacelerar, preparando o avi\\u0026#227;o para o pouso. Mas, naquele dia, o equipamento abriu na decolagem, em pleno voo. Isso foi como acionar o freio no momento em que a aeronave precisava acelerar para ganhar mais sustenta\\u0026#231;\\u0026#227;o. Um problema para o qual o piloto e o co-piloto n\\u0026#227;o haviam sido treinados, j\\u0026#225; que as chances de que isso ocorresse eram rar\\u0026#237;ssimas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;“O manual da Fokker 100 dizia que n\\u0026#227;o havia necessidade desse tipo de treinamento porque a possibilidade era de uma em um milh\\u0026#227;o do reverso abrir em voo. Ou seja, os pilotos, dentro do que tinham de treinamento, eles fizeram o que sabiam. N\\u0026#227;o eram treinados para essa eventualidade\\u0026quot;, disse Sandra Assali.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;“Um acidente a\\u0026#233;reo, como eu sempre digo, acontece sempre por v\\u0026#225;rios fatores. Nunca \\u0026#233; um fator s\\u0026#243;”, destacou M\\u0026#225;rio Luiz Sarrubbo, procurador-geral de Justi\\u0026#231;a do estado de S\\u0026#227;o Paulo, em entrevista \\u0026#224; Ag\\u0026#234;ncia Brasil. Sarrubbo foi o promotor do caso \\u0026#224; \\u0026#233;poca.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Antes de decolar de Congonhas com destino ao Rio de Janeiro, naquela manh\\u0026#227; de quinta-feira, o Fokker tinha feito uma viagem de Caxias do Sul, na Serra Ga\\u0026#250;cha, para S\\u0026#227;o Paulo. Quando o piloto desse voo chegou a Congonhas, ele relatou aos tripulantes do voo seguinte que um alarme havia indicado um defeito no acelerador autom\\u0026#225;tico, o chamado autothrottle, um mecanismo que ajuda o piloto a controlar a velocidade da aeronave, mas que n\\u0026#227;o \\u0026#233; essencial para o voo. 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FALHA NO REVERSOR

Vídeo: Acidente com Fokker 100 da TAM completa 25 anos

Aeronave saiu de Congonhas com destino ao Rio de Janeiro

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Imagem ilustrativa da notícia Vídeo: Acidente com Fokker 100 da TAM completa 25 anos camera A queda do avião foi provocada por uma falha no reversor da turbina direita (o freio aerodinâmico), que abriu durante a decolagem | Divulgação/YouTube/National Geographic Brasil

Era o dia 31 de outubro de 1996, há 25 anos, o jornalista Jorge Tadeu da Silva, levantou cedo e saiu de sua casa, na rua Luís Orsini de Castro, no Jabaquara, zona sul de São Paulo, para dar aula de português em um colégio particular ali perto. Mal chegou à escola, uma pessoa da secretaria o procurou dizendo que seu irmão estava ao telefone.

“Achei estranho. Mas fui lá [atender]. Devia ter acontecido alguma emergência. Ele falou, com uma voz meio assustada, que um avião tinha caído em cima da minha casa e que eu precisava ir para lá. Em princípio, achei que ele estava brincando”, contou Silva, em entrevista à Agência Brasil.

O jornalista morava em um sobrado geminado: seus pais eram seus vizinhos de parede. E foi justamente nessa casa que parte do avião Fokker 100, da TAM (empresa que foi fundida com a Lan e se tornou a Latam) caiu, por volta das 8h26 da manhã do dia 31 de outubro de 1996. "Eles [meus pais] estavam na casa. Eles haviam acabado de sair da cama e estavam no andar de cima, descendo para tomar o café da manhã, quando o avião caiu", disse.

Silva mostra à reportagem uma foto da época, estampada em um jornal, que mostra um trem de pouso do avião dentro da casa dos pais. Felizmente, todos da família sobreviveram. O pai teve apenas uma queimadura no braço. Foi levado ao hospital, mas no mesmo dia foi liberado. O acidente, no entanto, jamais foi esquecido pela família. E provocou traumas.

“Para meus pais, que tinham mais idade, foi um período muito difícil, que marcou muito a vida deles. Eles aram a ter dificuldade de dormir no escuro", relatou. “Eu tenho memória olfativa, para você ter uma ideia. O cheiro era muito desagradável e ficou marcado."

No aeroporto

Pouco antes de o acidente acontecer, Sandra Assali havia levado seu marido, o médico cardiologista José Rahal Abu Assali, para o aeroporto de Congonhas. Naquele mesmo dia, ele daria aula em um congresso no Rio de Janeiro e retornaria a São Paulo.

“Eu levei meu marido ao aeroporto. Tinha o hábito de levá-lo porque ele viajava muito. Morávamos perto do aeroporto, então, quando possível, eu o levava. E naquele dia não foi diferente. Eu deixei ele lá e, como ele viajava muito, ele chegava já bem próximo do horário de embarque”, contou Sandra. “Era um dia normal, de rotina. Ele voltaria no mesmo dia. Eu me despedi dele e fui embora. Meia hora depois tive a confirmação do acidente, de que ele tinha morrido”, afirmou.

Ela não viu o acidente acontecer. Mas quando já havia saído do aeroporto e estava dentro do carro, chegou a ouvir um barulho. “Ouvi um grande barulho e vi um grande clarão, apesar de ter sido de manhã. Naquele momento eu achava que era [algo] num posto de gasolina. Na verdade, você nunca imagina que pode ser um avião”, destacou.

Ela só ficou sabendo do acidente depois. A lista dos ageiros que morreram com a queda e a explosão do avião, ela soube pela TV. Da companhia aérea, Sandra jamais recebeu um telefonema sobre a morte do marido.

Cenário de guerra

Ao saber do acidente pelo irmão, Jorge Tadeu da Silva voltou correndo para casa. Ele lembra de estar tudo em chamas e de ter se juntado aos vizinhos na tentativa de abrir alguns portões e gritar por sobreviventes. Segundo ele, o avião destruiu oito casas na sequência.

"Ele pegou a minha na parte da frente. Na dos meus pais, um pouco mais a estrutura da frente. Na terceira casa, a parte principal da fuselagem caiu. E o cockpit do avião, a ponta do avião, percorreu mais cinco ou seis casas cortando elas pelo meio. Imagine um cenário de destruição, muito fogo. O avião havia acabado de decolar e estava com o tanque cheio. Estava abastecido para o voo até o Rio de Janeiro", lembrou.

"A primeira visão que eu tive foi essa: de uma cena clichê de um bombardeio de guerra ou algo assim. Era muito fogo, muita fumaça preta. Você via os destroços, mas não conseguia ver o que que era, na hora", completou.

Avião caiu em cima de residências do Jabaquara
📷 Avião caiu em cima de residências do Jabaquara |Mabel Feres/Estadão

O avião havia acabado de sair de Congonhas, aeroporto de São Paulo, com destino ao Rio de Janeiro. Mas apenas 24 segundos depois, de acordo com relatório final elaborado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), a aeronave bateu em três prédios e caiu em cima de diversas casas na Rua Luis Orsini de Castro, a cerca de 2 quilômetros do aeroporto. Com a queda, o avião pegou fogo matando todos as 96 pessoas a bordo. Três pessoas que estavam no solo também morreram.

Uma das vítimas em solo era um pedreiro que trabalhava no telhado de uma casa, contou Silva. As duas outras vítimas foram um professor, que estava em sua garagem no momento do acidente, e um parente dele, que sofreu queimaduras severas, chegou a ser socorrido, mas morreu 30 dias após o acidente.

"De maneira surpreendente, apenas três pessoas no solo faleceram. Para um acidente desse porte, numa área urbana, foi realmente um milagre. É uma rua em que muitas crianças usam para ir para a escola. Mas devido ao horário, tinha pouca gente na rua", disse.

Após a tragédia, Silva teve uma grande vontade de escrever sobre o acidente. Ele começou a pesquisar sobre desastres aéreos e criou um site para falar sobre o assunto. “Mais para frente, vim a saber com uma psicóloga que eu estava usando uma maneira de lidar com o luto ou com o estresse pós-traumático, que é escrever sobre o assunto".

Quanto ao sobrado geminado, ele foi reformado com o dinheiro que os pais tinham guardado antes do acidente. "A gente [reconstruiu uma das casas] com recursos próprios, recursos que meu pai tinha guardado. E, ao longo de dez anos, fomos reconstruindo a outra, mas não no mesmo padrão”, contou.

O jornalista Jorge Tadeu da Silva, um dos afetados pelo acidente com o avião modelo Fokker 100 da TAM que vitimou 99 pessoas em 1996, segura foto de como ficou a casa dele na rua Luís Orsini de Castro, no Jabaquara.
📷 O jornalista Jorge Tadeu da Silva, um dos afetados pelo acidente com o avião modelo Fokker 100 da TAM que vitimou 99 pessoas em 1996, segura foto de como ficou a casa dele na rua Luís Orsini de Castro, no Jabaquara. |Rovena Rosa/Agência Brasil

Da empresa, o dinheiro de indenização demorou a chegar. "Foi um processo longo para recuperar [o que foi perdido no acidente] e sem receber a indenização porque as propostas [da empresa] eram absurdas. Foi levado para a Justiça porque não houve acordo. Levou muito tempo para a gente conseguir receber alguma coisa. Levou, na verdade, onze anos", disse ele, relembrando que recebeu a indenização no ano em que um outro avião da TAM caiu em Congonhas, em 2007, matando 199 pessoas.

Hoje, ele continua vivendo na mesma rua, no imóvel que antes era ocupado por seus pais.

Associação

Sandra tinha dois filhos à época do acidente: um menino, de 7 anos, e uma menina, de 4. Sem receber o apoio necessário da empresa, ela e outros parentes de vítimas criaram a primeira associação de parentes de vítimas de acidente aéreo do Brasil, a Associação Brasileira de Parentes e Amigos de Vítimas de Acidentes Aéreos (Abrapavaa), da qual ela é presidente. A associação ajudou a mudar a aviação no Brasil, principalmente em relação à indenização e ao tratamento dispensado aos familiares das vítimas de acidentes com aeronaves.

Sandra também ou a escrever sobre o episódio, publicando dois livros. O primeiro deles, O Dia que Mudou a Minha Vida, foi lançado em 2017, quando a tragédia completou 20 anos. O segundo, Acidente Aéreo – O que Todo Familiar de Vítima Pode e Deve Saber, foi lançado em março deste ano e pretende ser um guia para orientar famílias sobre direitos em caso de acidente aéreo.

O acidente

A queda do avião foi provocada por uma falha no reversor da turbina direita (o freio aerodinâmico), que abriu durante a decolagem. O reversor é um equipamento que se abre para ajudar a aeronave a desacelerar, preparando o avião para o pouso. Mas, naquele dia, o equipamento abriu na decolagem, em pleno voo. Isso foi como acionar o freio no momento em que a aeronave precisava acelerar para ganhar mais sustentação. Um problema para o qual o piloto e o co-piloto não haviam sido treinados, já que as chances de que isso ocorresse eram raríssimas.

“O manual da Fokker 100 dizia que não havia necessidade desse tipo de treinamento porque a possibilidade era de uma em um milhão do reverso abrir em voo. Ou seja, os pilotos, dentro do que tinham de treinamento, eles fizeram o que sabiam. Não eram treinados para essa eventualidade", disse Sandra Assali.

“Um acidente aéreo, como eu sempre digo, acontece sempre por vários fatores. Nunca é um fator só”, destacou Mário Luiz Sarrubbo, procurador-geral de Justiça do estado de São Paulo, em entrevista à Agência Brasil. Sarrubbo foi o promotor do caso à época.

Antes de decolar de Congonhas com destino ao Rio de Janeiro, naquela manhã de quinta-feira, o Fokker tinha feito uma viagem de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, para São Paulo. Quando o piloto desse voo chegou a Congonhas, ele relatou aos tripulantes do voo seguinte que um alarme havia indicado um defeito no acelerador automático, o chamado autothrottle, um mecanismo que ajuda o piloto a controlar a velocidade da aeronave, mas que não é essencial para o voo. Durante a investigação, se descobriu que o problema, na realidade, não estava no autothrottle, mas no reversor de uma das turbinas.

“Interessante é que até hoje a gente não sabe se o reverso abriu em voo anteriormente em outros locais, porque a tripulação que levou o Fokker para Congonhas naquele dia reportou para o piloto que assumiu o voo [de São Paulo para o Rio de Janeiro] que o controle de acelerador automático, chamado de autothrottle, estava com defeito, que o manete [alavanca que acelera ou reduz a potência do motor] estava voltando em algum momento. Por isso, o piloto [do voo que caiu] foi enganado. Não era o acelerador automático. No caso dele, era o reverso em voo, que acabou sendo o fio da tragédia”, disse o procurador-geral.

O avião da companhia aérea TAM havia acabado de sair de Congonhas, aeroporto de São Paulo, com destino ao Rio de Janeiro. Mas apenas 24 segundos depois, de a... Agência Brasil

“Os fatores determinantes para a queda da aeronave: um relé [espécie de interruptor elétrico] que entrou em curto, e o piloto ter sido induzido a erro em função da movimentação do manete em decorrência desse curto”, explicou o promotor. “A possibilidade do reverso abrir em voo era muito pequena. Por isso, o piloto nem pensou em reverso em voo”, acrescentou.

Se o piloto tivesse conhecimento de que o problema no avião era o reverso, seu procedimento no voo teria sido outro, acredita Sarrubbo. “Ele desligaria aquele motor e alternaria para Cumbica, pousaria ali, não iria para o Rio de Janeiro. Ele faria alternância para Cumbica, desligaria aquele motor - o reverso pode ficar aberto com o motor desligado, e ele pousaria em Cumbica com toda a segurança e nada aconteceria.”

Após a investigação sobre as causas do acidente, nenhuma pessoa foi responsabilizada pela tragédia. “Na nossa manifestação, arquivamos o inquérito policial porque entendíamos que não dava para se atribuir culpa criminal a quem quer que fosse. Foi realmente uma situação absolutamente inusitada”, disse Sarrubbo. “Não havia nenhuma responsabilidade em nível pessoal criminal que pudesse fazer com que fizéssemos um processo criminal. Fui o autor do arquivamento porque realmente, sob o prisma do crime, não havia nenhum tipo de responsabilização. Foi mesmo inusitado”, relembrou. (Agência Brasil)

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