CREA-PA e Mútua-PA estudam implementar o Escritório de Engenharia Pública no Marajó

Iniciativa inédita visa oferecer projetos, consultorias e assistência técnica gratuita nas áreas de engenharia, geociências e tecnologia para atender as demandas sociais relacionadas às engenharias nos municípios do Marajó.

Conhecida por suas belezas naturais, a Região da Ilha do Marajó também enfrenta desafios históricos relacionados à infraestrutura, habitação, saneamento básico e logística. Devido à sua localização geográfica — conectada aos oceanos e exposta às barreiras naturais para o mar — o território marajoara é especialmente vulnerável aos impactos das mudanças climáticas. Pensando em garantir melhores condições de vida à população, com foco em habitação adequada, o à água potável, segurança alimentar e adaptação ao clima, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (CREA-PA), com apoio da Mútua-PA, estuda a criação do primeiro Escritório de Engenharia Pública do Marajó, no município de Cachoeira do Arari.

A proposta, ainda em fase de articulação, prevê a criação de um escritório público e gratuito voltado ao atendimento de comunidades desassistidas, com serviços de estudos técnicos, elaboração de projetos, consultorias e assistência em engenharia, agronomia, geociências e áreas tecnológicas. A ação será realizada em parceria com diversas instituições públicas e privadas, contando ainda com a participação ativa da sociedade civil.

A iniciativa foi tema de reunião realizada na última segunda-feira (12 de maio), liderada pelo diretor-geral da Mútua-PA, engenheiro sanitarista Josué Rocha, com representantes da Câmara Municipal de Cachoeira do Arari. O encontro teve como foco a celebração de um Termo de Cooperação entre a Prefeitura local e o Sistema CONFEA/CREA e Mútua, além da criação de um programa de Residência Tecnológica por meio dos projetos CREA Jr. e Mútua Jr., voltado ao atendimento direto das populações mais vulneráveis.

Estiveram presentes representantes da EMATER, COSANPA, Secretaria de Cultura e Turismo, Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Obras e Urbanismo, Secretaria de Aquicultura e Pesca, além de engenheiros, técnicos e lideranças comunitárias. Também participou da agenda o assessor da presidência do CREA-PA, João Roberto Figueiredo.

Durante a visita técnica, a comitiva percorreu bairros como Chácara — onde está localizado o lixão e moradias precárias — além de outros pontos críticos da cidade, como o cemitério municipal, a estação de água da COSANPA no bairro do Aeroporto (inacabada e inoperante, embora com potencial para beneficiar mais de 2.500 famílias), áreas periféricas com sistemas comunitários de abastecimento e o matadouro municipal, importante pela atividade pecuária local.

Segundo Josué Rocha, a situação da região exige atenção urgente, especialmente diante das consequências das mudanças climáticas, como o aumento do nível do mar e as alterações nos regimes de chuva.

“Nos últimos quatro anos, a população tem sofrido com estiagens prolongadas, chuvas excessivas e o aumento do nível das águas, o que compromete seriamente a qualidade de vida. Cachoeira do Arari, por estar a apenas três horas de Belém, foi escolhida como ponto de partida para este estudo. É uma das cidades com maiores carências no Marajó, e queremos mostrar que o CREA e a Mútua estão comprometidos com a transformação social, unindo instituições para fortalecer a engenharia pública”, destacou Josué.

Além de suas necessidades estruturais, o município abriga o Museu do Marajó, patrimônio cultural que reforça a importância de aliar desenvolvimento e preservação da identidade regional.

Com esta iniciativa, CREA-PA e Mútua-PA sinalizam um o importante para levar cidadania e dignidade às populações esquecidas do arquipélago, estudando um modelo de atuação que pode inspirar políticas públicas em outras regiões do país.