quarta-feira, 12/02/2025, 08:28
Autor: Brenda Hayashi
Confira a trajetória de Júlia Almeida, que brilhou em 'Mulheres Apaixonadas'. | DivulgaçãoPor anos, o talento de Júlia Almeida brilhou nas telas, conquistando fãs em novelas icônicas da TV Globo. No entanto, para surpresa de muitos, a atriz e empresária decidiu se afastar dos holofotes e seguir um caminho diferente.
Agora, aos 42 anos, seu nome volta a ser um dos mais comentados do momento. O motivo? Um desabafo sincero sobre sua trajetória e a relação com seu pai, o consagrado autor Manoel Carlos.
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Durante uma entrevista ao canal Boa Palavra, no YouTube, Júlia explicou o que motivou seu afastamento da televisão e revelou que sente incômodo ao ter sua identidade constantemente atrelada ao pai. Para o público que a viu brilhar em Mulheres Apaixonadas (2003) e outras tramas globais, a declaração foi surpreendente.
A sombra de Manoel Carlos e a revolta no início da carreira
Sincera, a atriz itiu que, durante muito tempo, se revoltou com o fato de ser reconhecida apenas como “a filha do Manoel Carlos”, e não pelo seu próprio trabalho. Esse incômodo, segundo ela, foi um dos principais motivos para sua decisão de se afastar da TV.
“Ter um nome atrelado à sombra de uma pessoa… Fui vendo que isso não precisava. Sou filha do Manoel Carlos. É óbvio, é meu pai. E fui descobrir recentemente que fiz mais novelas sem ser do meu pai do que do meu pai”, refletiu.
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Júlia relembrou que, no início da carreira, essa situação a afetou profundamente. “Quando você tem 19, 20 anos, isso incomoda. Porque você está num processo de amadurecimento. E eu sempre fui muito apressada”, afirmou.
A pressão e a exposição constantes a deixaram ainda mais desconfortável. “Imagina isso quando você é mais jovem, na televisão, já ter sido exposta, tendo sinais desde nascença, estar numa novela das oito, ser filha do Manoel Carlos… É muita coisa para uma pessoa. Não estou dizendo: ‘Ah, coitadinha de mim’. Estou apenas falando o que se ava na minha cabeça. Então, eu ficava com raiva”, confessou.
A revolta a fez repensar sua trajetória. “Eu falava: estou aqui fazendo o meu trabalho, eu também acordo às 3 horas da manhã. Era uma coisa injusta comigo, e fui trabalhando isso na minha cabeça. Então, eu dei uma afastada. Eu tinha muita dedicação por aquilo, muito amor, mas começou a me irritar o que vinha de fora”, explicou.
Novo rumo: vida no exterior e empreendedorismo
Com o tempo, Júlia encontrou um caminho para lidar com essa frustração. Hoje, ela conta que a situação não incomoda mais. Vivendo fora do Brasil, ela casou e percebeu que não queria mais voltar a ser atriz.
Durante esse período longe da televisão, Júlia investiu em sua carreira de empreendedora. Em 2017, lançou a Florita Beachwear, uma marca de moda focada em itens sustentáveis. Mais recentemente, também assumiu a produtora Boa Palavra, criada por Manoel Carlos e sua esposa, Elisabety, em 2005.
Entre os projetos desenvolvidos, destaca-se o documentário O Leblon de Manoel Carlos, que busca preservar a obra do autor. “Isso me preenche de um jeito que a televisão já não preenche mais”, revelou.
A batalha contra uma doença incurável
Além das questões profissionais, Júlia Almeida também enfrentou desafios na saúde. Em 2008, foi diagnosticada com epilepsia após sofrer uma convulsão na esteira de uma academia.
“Acordei no hospital, mas não recebi o diagnóstico imediatamente. O neurologista analisou meu histórico e viu que, como tive três meningites, podia ser um caso de epilepsia”, explicou.
O maior temor da atriz não era o preconceito, mas sim as limitações que a condição poderia impor. “Me perguntavam se eu tinha medo de olhar nos outros e ver o estigma, o julgamento, mas não. O preconceito nunca ou pela minha cabeça. Meu medo era não conseguir produzir, trabalhar, morar sozinha e cuidar de mim”, afirmou em entrevista ao UOL.
Hoje, Júlia lida com a epilepsia de forma madura e atua como embaixadora da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), ajudando a conscientizar outras pessoas sobre a doença.
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