{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","mainEntityOfPage":"/entretenimento/fama/907160/decadas-atras-nao-tinha-um-preto-desabafa-atriz-de-dona-de-mim","headline":"'Décadas atrás, não tinha um preto': Desabafa atriz de 'Dona de Mim'","datePublished":"2025-05-19T10:40:07.167-03:00","dateModified":"2025-05-19T10:39:56.843-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Brenda Hayashi","url":"/entretenimento/fama/907160/decadas-atras-nao-tinha-um-preto-desabafa-atriz-de-dona-de-mim"},"image":"/img/Artigo-Destaque/900000/Design-sem-nome---2025-05-19T081309865_00907160_0_.png?xid=3057810","publisher":{"@type":"Organization","name":"DOL","url":"/","logo":"/themes/DOL/img/logoDOL.png","Point":{"@type":"Point","Type":"Customer ","telephone":"+55-91-98412-6477","email":"[email protected]"},"address":{"@type":"PostalAddress","streetAddress":"Rua Gaspar Viana, 773/7","addressLocality":"Belém","addressRegion":"PA","postalCode":"66053-090","addressCountry":"BR"}},"description":"Cyda Moreno fala sobre a importância da representatividade negra na novela 'Dona de Mim' e os desafios enfrentados por artistas negros no Brasil.","articleBody":"\\u0026lt;p\\u0026gt;Quem liga a televis\\u0026#227;o na faixa das 19h e se depara com a novela “Dona de Mim” talvez n\\u0026#227;o imagine a pot\\u0026#234;ncia por tr\\u0026#225;s da personagem Yara, vivida por Cyda Moreno, 61. O que come\\u0026#231;ou como uma simples identifica\\u0026#231;\\u0026#227;o de papel virou um s\\u0026#237;mbolo de uma mudan\\u0026#231;a hist\\u0026#243;rica. E n\\u0026#227;o \\u0026#233; exagero dizer que a participa\\u0026#231;\\u0026#227;o da atriz veterana, ao lado de Vilma Melo, Clara Moneke, Nikolly Fernandes e tantos outros talentos negros, representa muito mais do que entretenimento.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Mas antes de entrar na trama, vale uma pausa. O que esse movimento, que traz \\u0026#224; tona corpos e vozes antes silenciados, realmente significa? Por que incomoda? E por que ver uma fam\\u0026#237;lia preta protagonizando uma novela ainda parece “demais” para parte do p\\u0026#250;blico?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;h3\\u0026gt;Leia mais:\\u0026lt;/h3\\u0026gt;\\u0026lt;ul\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/entretenimento/fama/906623/conheca-o-paraense-que-esta-se-destacando-nas-novelas-da-globo?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot; rel=\\u0026quot;nofollow noopener noreferrer sponsored ugc\\u0026quot; data-rel-defined=\\u0026quot;true\\u0026quot;\\u0026gt;Conhe\\u0026#231;a o paraense que est\\u0026#225; se destacando nas novelas da Globo\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/entretenimento/fama/906596/ator-de-a-viagem-tinha-dores-de-cabeca-ao-gravar-novela-sobre-espiritos?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot; rel=\\u0026quot;nofollow noopener noreferrer sponsored ugc\\u0026quot; data-rel-defined=\\u0026quot;true\\u0026quot;\\u0026gt;Ator de A Viagem tinha dores de cabe\\u0026#231;a ao gravar novela sobre esp\\u0026#237;ritos\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/entretenimento/fama/907072/salario-de-belo-em-novela-causa-revolta-entre-atores-da-globo?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot; rel=\\u0026quot;nofollow noopener noreferrer sponsored ugc\\u0026quot; data-rel-defined=\\u0026quot;true\\u0026quot;\\u0026gt;Sal\\u0026#225;rio de Belo em novela causa revolta entre atores da Globo\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;/ul\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;“Outro dia vi Hist\\u0026#243;ria de Amor, do Manoel Carlos, no canal Viva. Fiquei olhando a abertura e, cara… n\\u0026#227;o tinha um preto. O pa\\u0026#237;s tem maioria da popula\\u0026#231;\\u0026#227;o preta e parda, mas n\\u0026#227;o retrata isso nos folhetins? O Brasil era movido \\u0026#224; novela naquela \\u0026#233;poca, tinha um Ibope alt\\u0026#237;ssimo, mas a gente n\\u0026#227;o se via.” Cyda Moreno, em conversa com Splash.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Cyda, que al\\u0026#233;m de atriz \\u0026#233; professora de artes em escolas p\\u0026#250;blicas do Rio de Janeiro, vive de perto a consequ\\u0026#234;ncia dessa invisibilidade: crian\\u0026#231;as negras que n\\u0026#227;o querem ser negras. A atriz se emociona ao falar sobre isso e sobre a urg\\u0026#234;ncia de enxergar o racismo que se perpetua dentro e fora das telas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Quer ler mais not\\u0026#237;cias de Fama? \\u0026lt;a href=\\u0026quot;https://www.whatsapp.com/channel/0029Va4xYGk1dAw9LjYD7B2k\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot; rel=\\u0026quot;nofollow noopener noreferrer sponsored ugc\\u0026quot; data-rel-defined=\\u0026quot;true\\u0026quot;\\u0026gt;e o nosso canal no WhatsApp!\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;h3\\u0026gt;Oportunidade e resist\\u0026#234;ncia\\u0026lt;/h3\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A atriz mineira de Sabar\\u0026#225;, que come\\u0026#231;ou no teatro nos anos 80, tem na fala a mesma firmeza com que pisa no palco. Fundadora da Cia. Black \\u0026amp;amp; Preto, ela trilhou uma carreira de resist\\u0026#234;ncia, construindo alternativas em um meio que s\\u0026#243; recentemente come\\u0026#231;ou a se abrir, a duras penas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Na televis\\u0026#227;o, j\\u0026#225; havia ado por A Padroeira (2001) e Amor Perfeito (2023). Mas \\u0026#233; em Dona de Mim que Cyda se v\\u0026#234;, enfim, num espa\\u0026#231;o que h\\u0026#225; d\\u0026#233;cadas foi negado a ela e a tantos outros artistas negros. Na novela, sua personagem Yara criou sozinha as netas Leona (Clara Moneke) e Stephany (Nikolly Fernandes), depois da morte dos pais das meninas. A costureira aposentada agora cuida de crian\\u0026#231;as do bairro em casa para sobreviver e ainda arranja tempo para curtir a Feira de S\\u0026#227;o Crist\\u0026#243;v\\u0026#227;o. \\u0026#201; for\\u0026#231;a e do\\u0026#231;ura, resist\\u0026#234;ncia e leveza. \\u0026#201; vida real.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;“As pessoas preferem ver atores brancos fracos e ruins do que o negro que est\\u0026#225; chegando. As pessoas ficam procurando os defeitos… Temos que abra\\u0026#231;ar as oportunidades e confiar nos nossos ancestrais que trilharam esse caminho. Abra\\u0026#231;ar e reverenciar os que lutaram nos movimentos negros da d\\u0026#233;cada de 1980, que lutaram pelas cotas. As cotas abriram espa\\u0026#231;o para o pensamento. Faz toda a diferen\\u0026#231;a.” Disse Cyda.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;E n\\u0026#227;o para por a\\u0026#237;: Dona de Mim tamb\\u0026#233;m tem atores com defici\\u0026#234;ncia (PCDs), escancarando o que h\\u0026#225; muito tempo precisava ser dito, diversidade \\u0026#233; vida, \\u0026#233; pot\\u0026#234;ncia, \\u0026#233; o reflexo de um Brasil que, por d\\u0026#233;cadas, foi deliberadamente ignorado nas grandes produ\\u0026#231;\\u0026#245;es.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Mesmo com os avan\\u0026#231;os, Cyda reconhece que o inc\\u0026#244;modo ainda existe. Parte do p\\u0026#250;blico resiste \\u0026#224; representatividade, faz cr\\u0026#237;ticas, reclama da diversidade: “Lamento, sorry, mas a gente chegou pra ficar e dar continuidade.”\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;h3\\u0026gt;A atriz e a professora\\u0026lt;/h3\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Fora da TV, Cyda tamb\\u0026#233;m faz hist\\u0026#243;ria. Atuando em escolas p\\u0026#250;blicas, ela testemunha a realidade dos jovens negros que, como ela no ado, sentem-se deslocados num sistema que insiste em apag\\u0026#225;-los.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;“\\u0026#201; cruel. Voc\\u0026#234; v\\u0026#234; uma maioria de alunos negros que n\\u0026#227;o querem ser negros, que n\\u0026#227;o se assumem. Precisamos mostrar que eles podem - e devem - se ver na TV, no cinema, na literatura, onde quiserem.”\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Atualmente doutoranda em hist\\u0026#243;ria do teatro negro pela UNIRIO, ela segue transformando a arte em instrumento de educa\\u0026#231;\\u0026#227;o e emancipa\\u0026#231;\\u0026#227;o. Nos palcos, brilhou em espet\\u0026#225;culos como “Eu Amarelo, Carolina de Jesus” e “Luiza Mahin… Eu Ainda Continuo Aqui”, ambos dirigidos por \\u0026#201;dio Nunes.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Sua trajet\\u0026#243;ria \\u0026#233; uma ode \\u0026#224; resili\\u0026#234;ncia e \\u0026#224; cria\\u0026#231;\\u0026#227;o de espa\\u0026#231;os onde antes n\\u0026#227;o havia espa\\u0026#231;o algum. Cyda fala com a convic\\u0026#231;\\u0026#227;o de quem viveu tudo isso por dentro: “A gente se aquilombou. Temos nossas companhias de teatro, produzimos nossos filmes. O av\\u0026#244; de Carolina Maria de Jesus dizia, no in\\u0026#237;cio do s\\u0026#233;culo 20, que se fosse dada ao negro a oportunidade de estudar, esse negro ganharia esse pa\\u0026#237;s.”\\u0026lt;/p\\u0026gt;","keywords":"arte e educação,Cyda Moreno,diversidade na TV,Dona de Mim,representatividade"}
plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 30°
cotação atual R$


home
REPRESENTATIVIDADE

'Décadas atrás, não tinha um preto': Desabafa atriz de 'Dona de Mim'

Cyda Moreno fala sobre a importância da representatividade negra na novela 'Dona de Mim' e os desafios enfrentados por artistas negros no Brasil.

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia 'Décadas atrás, não tinha um preto': Desabafa atriz de 'Dona de Mim' camera A Importância da Representatividade na Novela 'Dona de Mim' | Imagem: Fábio Rocha/Globo

Quem liga a televisão na faixa das 19h e se depara com a novela “Dona de Mim” talvez não imagine a potência por trás da personagem Yara, vivida por Cyda Moreno, 61. O que começou como uma simples identificação de papel virou um símbolo de uma mudança histórica. E não é exagero dizer que a participação da atriz veterana, ao lado de Vilma Melo, Clara Moneke, Nikolly Fernandes e tantos outros talentos negros, representa muito mais do que entretenimento.

Mas antes de entrar na trama, vale uma pausa. O que esse movimento, que traz à tona corpos e vozes antes silenciados, realmente significa? Por que incomoda? E por que ver uma família preta protagonizando uma novela ainda parece “demais” para parte do público?

Leia mais:

“Outro dia vi História de Amor, do Manoel Carlos, no canal Viva. Fiquei olhando a abertura e, cara… não tinha um preto. O país tem maioria da população preta e parda, mas não retrata isso nos folhetins? O Brasil era movido à novela naquela época, tinha um Ibope altíssimo, mas a gente não se via.” Cyda Moreno, em conversa com Splash.

Cyda, que além de atriz é professora de artes em escolas públicas do Rio de Janeiro, vive de perto a consequência dessa invisibilidade: crianças negras que não querem ser negras. A atriz se emociona ao falar sobre isso e sobre a urgência de enxergar o racismo que se perpetua dentro e fora das telas.

Quer ler mais notícias de Fama? e o nosso canal no WhatsApp!

Oportunidade e resistência

A atriz mineira de Sabará, que começou no teatro nos anos 80, tem na fala a mesma firmeza com que pisa no palco. Fundadora da Cia. Black & Preto, ela trilhou uma carreira de resistência, construindo alternativas em um meio que só recentemente começou a se abrir, a duras penas.

Na televisão, já havia ado por A Padroeira (2001) e Amor Perfeito (2023). Mas é em Dona de Mim que Cyda se vê, enfim, num espaço que há décadas foi negado a ela e a tantos outros artistas negros. Na novela, sua personagem Yara criou sozinha as netas Leona (Clara Moneke) e Stephany (Nikolly Fernandes), depois da morte dos pais das meninas. A costureira aposentada agora cuida de crianças do bairro em casa para sobreviver e ainda arranja tempo para curtir a Feira de São Cristóvão. É força e doçura, resistência e leveza. É vida real.

“As pessoas preferem ver atores brancos fracos e ruins do que o negro que está chegando. As pessoas ficam procurando os defeitos… Temos que abraçar as oportunidades e confiar nos nossos ancestrais que trilharam esse caminho. Abraçar e reverenciar os que lutaram nos movimentos negros da década de 1980, que lutaram pelas cotas. As cotas abriram espaço para o pensamento. Faz toda a diferença.” Disse Cyda.

E não para por aí: Dona de Mim também tem atores com deficiência (PCDs), escancarando o que há muito tempo precisava ser dito, diversidade é vida, é potência, é o reflexo de um Brasil que, por décadas, foi deliberadamente ignorado nas grandes produções.

Mesmo com os avanços, Cyda reconhece que o incômodo ainda existe. Parte do público resiste à representatividade, faz críticas, reclama da diversidade: “Lamento, sorry, mas a gente chegou pra ficar e dar continuidade.”

A atriz e a professora

Fora da TV, Cyda também faz história. Atuando em escolas públicas, ela testemunha a realidade dos jovens negros que, como ela no ado, sentem-se deslocados num sistema que insiste em apagá-los.

“É cruel. Você vê uma maioria de alunos negros que não querem ser negros, que não se assumem. Precisamos mostrar que eles podem - e devem - se ver na TV, no cinema, na literatura, onde quiserem.”

Atualmente doutoranda em história do teatro negro pela UNIRIO, ela segue transformando a arte em instrumento de educação e emancipação. Nos palcos, brilhou em espetáculos como “Eu Amarelo, Carolina de Jesus” e “Luiza Mahin… Eu Ainda Continuo Aqui”, ambos dirigidos por Édio Nunes.

Sua trajetória é uma ode à resiliência e à criação de espaços onde antes não havia espaço algum. Cyda fala com a convicção de quem viveu tudo isso por dentro: “A gente se aquilombou. Temos nossas companhias de teatro, produzimos nossos filmes. O avô de Carolina Maria de Jesus dizia, no início do século 20, que se fosse dada ao negro a oportunidade de estudar, esse negro ganharia esse país.”

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. e: dol-br.noticiasalagoanas.com/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Fama

    Leia mais notícias de Fama. Clique aqui!

    Últimas Notícias