Andador: inútil para aprender andar e um risco para os bebês

A fase de desenvolvimento dos bebês é um momento de grande atenção para os pais. Desde as primeiras palavras, mesmo que pronunciadas incorretamente, até as descobertas das mãozinhas e dos pés que vão parar na boca, e os primeiros inhos ainda meio instáveis, todas essas fases são celebradas com alegria e muito amor por toda a família.

Durante esse período de descobertas, existem várias maneiras de estimular o desenvolvimento da criança de forma progressiva. Um exemplo muito conhecido são os andadores, que ainda são amplamente utilizados pelos pais. Mas será que os equipamentos são seguros para as crianças? E será que, realmente, servem para facilitar a aprendizagem das crianças nessa primeira etapa da locomoção? Nesta matéria, vamos entender os malefícios que o andador pode causar no desenvolvimento infantil.

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Desde 2013, a Sociedade Brasileira de Pediatria, em parceria com a organização "Criança Segura" e outras entidades, vem promovendo um movimento para banir o uso de andadores infantis no Brasil. Eles argumentam que esses equipamentos são perigosos e desnecessários, prejudicando etapas importantes do desenvolvimento, como engatinhar e equilibrar-se. Em países como o Canadá, a venda de andadores é proibida.

Em 2023, um projeto de lei de autoria da deputada Renata Abreu (Pode-SP) proibiu o uso de andadores infantis no Brasil, exceto quando indicados por profissionais de saúde como recurso de tecnologia assistida ou reabilitação. O projeto ainda está em análise pelas comissões de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

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Apesar de todos os alertas, muitos pais e responsáveis continuam investindo nesse objeto, alegando que o andador ajuda as crianças a andarem mais rápido. No entanto, especialistas afirmam que essa informação não é verdadeira.

Existem diversos malefícios associados ao uso de andadores. O Fisioterapeuta Quiroprata, Dionatan Vinchiguerra, se diz contra o uso desses equipamentos, ressaltando que o desenvolvimento natural do bebê requer apenas estímulo e um ambiente adequado. "O uso do andador atrasa os primeiros os do bebê, pois não fortalece os músculos necessários para essa conquista. Além disso, expõe a criança a sérios acidentes domésticos." Informou o fisioterapeuta.

Quedas e ferimentos aos 9 meses: risco de sequelas

Maria José, em entrevista ao nosso portal, relatou que a neta mais velha Lara Sophia, começou a usar andador aos 9 meses de idade e sofreu diversos acidentes, incluindo uma queda que resultou em um ferimento grave na testa. A criança perdeu muito sangue na ocasião e, atualmente com 13 anos de idade, a menina enfrenta dores de cabeça e dificuldades de concentração nos estudos.

“Ela estava no andador e a porta da sala estava aberta, ela conseguiu sair e com isso, caiu de testa na ponta de uma pedra, o acidente fez com ela perdesse muito sangue na época. Hoje em dia, ela sente muitas dores de cabeça, não sei se tem algo a ver com esse acidente”, contou a avó.

Os bebês têm órgãos internos frágeis e o crânio leva até 18 meses para se fechar completamente. O uso de andadores expõe as crianças a riscos de acidentes, podendo causar sequelas motoras. Durante o uso do andador, os bebês se locomovem em alta velocidade, podendo atingir até 1 metro por segundo. Em caso de queda ou colisão, o impacto pode gerar fraturas graves.

Além dos acidentes domésticos, o uso de andadores também pode causar falta de equilíbrio, atraso no desenvolvimento da marcha na ponta dos pés e outras complicações. Segundo o médico pediatra Jonix Cardoso Rodrigues, o andador, mesmo supervisionado, representa um grande risco para a criança, pois pode levar a acidentes. Ele ressalta que a consciência de autoproteção só se desenvolve a partir dos 5 anos de idade. Além disso, o uso do andador pode causar estiramento da musculatura dos membros inferiores e atrofia da musculatura pélvica.

“[...] o andador mesmo supervisionado é um grande risco para a criança, em relação a acidentes, o uso desse equipamento proporciona uma habilidade que pode levar a acidentes. A criança só tem consciência de autoproteção a partir dos 5 anos de idade. Com relação ao marco do desenvolvimento, toda criança tem um marco a ser alcançado para cada faixa etária, isso pode variar de criança para criança, contudo os marcos de sustentar o pescoço, engatinhar e de andar eles levam um tempo.” Informou o profissional.

Assista a entrevista com o profissional:

O uso de andadores também aumenta o risco de displasia e atrasa o início da caminhada, principalmente em crianças que ainda não aprenderam a andar. Esses equipamentos deixam de fortalecer os músculos e tendões essenciais para que os bebês deem os primeiros os por conta própria. Ter paciência e saber respeitar a individualidade de cada criança, é essencial para o desenvolvimento infantil.

Repórter: Brenda Hayashi

"Paraense e formada em Comunicação Social (Jornalismo), Brenda Hayashi é colecionadora de discos de vinil, apaixonada por antiguidade e apreciadora de músicas das décadas de 60, 70, 80 e 90. Repórter do DOL desde janeiro de 2022, ela gosta de escrever sobre assuntos relacionados à moda, entretenimento e cultura".