{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","mainEntityOfPage":"/noticias/brasil/809466/por-que-so-para-a-mae-e-natural-cuidar-questiona-juiza","headline":"\"Por que só para a mãe é natural cuidar?\", questiona juíza","datePublished":"2023-05-14T10:55:13-03:00","dateModified":"2023-05-14T10:56:10-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Daniele Madureira/Folhapress","url":"/noticias/brasil/809466/por-que-so-para-a-mae-e-natural-cuidar-questiona-juiza"},"image":"/img/Artigo-Destaque/800000/arq-agbr_00809466_0_.jpg?xid=2631280","publisher":{"@type":"Organization","name":"DOL","url":"/","logo":"/themes/DOL/img/logoDOL.png","Point":{"@type":"Point","Type":"Customer ","telephone":"+55-91-98412-6477","email":"[email protected]"},"address":{"@type":"PostalAddress","streetAddress":"Rua Gaspar Viana, 773/7","addressLocality":"Belém","addressRegion":"PA","postalCode":"66053-090","addressCountry":"BR"}},"description":"A responsabilidade pelos filhos é tanto do homem quanto da mulher, mas a discriminação no ambiente de trabalho dificulta a igualdade de direitos","articleBody":"\\u0026lt;p\\u0026gt;A conven\\u0026#231;\\u0026#227;o 156 da OIT (Organiza\\u0026#231;\\u0026#227;o Internacional do Trabalho) est\\u0026#225; em processo de ratifica\\u0026#231;\\u0026#227;o pelo governo brasileiro. Intitulado \\u0026quot;Igualdade de Oportunidades e de Tratamento para Homens e Mulheres\\u0026quot;, o documento foi elaborado h\\u0026#225; mais de 40 anos, em 1981, com a proposta de combater a discrimina\\u0026#231;\\u0026#227;o no ambiente de trabalho relacionada \\u0026#224;s responsabilidades familiares. As demandas da fam\\u0026#237;lia n\\u0026#227;o podem ser um obst\\u0026#225;culo para o pleno emprego e o desenvolvimento profissional.\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-size: 18px;\\u0026quot;\\u0026gt;Conscientizar: pai e m\\u0026#227;e possuem as mesmas obriga\\u0026#231;\\u0026#245;es\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O objetivo \\u0026#233; deixar claro aos empregadores que tanto homens quanto mulheres com dependentes t\\u0026#234;m obriga\\u0026#231;\\u0026#245;es familiares que interferem na vida profissional. Em outras palavras, a responsabilidade pelos filhos \\u0026#233; dos dois -o que torna natural que o homem procure encaixar na sua rotina atividades como buscar os filhos na escola, lev\\u0026#225;-los ao m\\u0026#233;dico, participar de reuni\\u0026#245;es escolares ou tenha que se ausentar do trabalho caso a crian\\u0026#231;a fique doente. Tarefas tradicionalmente associadas \\u0026#224;s m\\u0026#227;es.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Isso envolve uma mudan\\u0026#231;a profunda de mentalidade, que infelizmente n\\u0026#227;o se consegue de uma hora para outra\\u0026quot;, diz Patr\\u0026#237;cia Maeda, ju\\u0026#237;za regional do Trabalho da 15\\u0026#170; Regi\\u0026#227;o e ju\\u0026#237;za auxiliar da presid\\u0026#234;ncia do TST (Tribunal Superior do Trabalho). \\u0026quot;Existe muita discrimina\\u0026#231;\\u0026#227;o no ambiente de trabalho envolvendo as trabalhadoras m\\u0026#227;es. Elas precisam se ausentar com alguma frequ\\u0026#234;ncia, porque \\u0026#233; sobre elas que recai a cobran\\u0026#231;a de cuidados com os filhos, o que compromete o seu desempenho e a conquista de oportunidades na carreira\\u0026quot;, afirma.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p class=\\u0026quot;\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n \\u0026lt;figure class=\\u0026quot;dol-img-article\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n \\u0026lt;img loading=\\u0026quot;lazy\\u0026quot; class=\\u0026quot;lozad desk\\u0026quot; alt=\\u0026quot;\\u0026amp;quot;Por que s\\u0026amp;#243; para a m\\u0026amp;#227;e \\u0026amp;#233; natural cuidar?\\u0026amp;quot;, questiona ju\\u0026amp;#237;za\\u0026quot; data-src=\\u0026quot;https://cdn.dol-br.noticiasalagoanas.com/img/inline/800000/767x0/marcelocamargo-ag_00809466_0_.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dol-br.noticiasalagoanas.com%2Fimg%2Finline%2F800000%2Fmarcelocamargo-ag_00809466_0_.jpg%3Fxid%3D2631282%26resize%3D380%252C200%26t%3D1748645267\\u0026amp;amp;xid=2631282\\u0026quot; src=\\u0026quot;https://cdn.dol-br.noticiasalagoanas.com/img/inline/800000/767x0/marcelocamargo-ag_00809466_0_.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dol-br.noticiasalagoanas.com%2Fimg%2Finline%2F800000%2Fmarcelocamargo-ag_00809466_0_.jpg%3Fxid%3D2631282%26resize%3D380%252C200%26t%3D1748645267\\u0026amp;amp;xid=2631282\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n\\r\\n \\r\\n \\u0026lt;figcaption\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;span\\u0026gt;\\u0026#128247; |\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;strong\\u0026gt;Marcelo Camargo - Ag\\u0026amp;#234;ncia Brasil\\u0026lt;/strong\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;/figcaption\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;/figure\\u0026gt;\\r\\n\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-size: 18px;\\u0026quot;\\u0026gt;M\\u0026#227;es est\\u0026#227;o sempre sobrecarregadas\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Mas a pergunta que a sociedade como um todo precisa fazer \\u0026#233;: por que s\\u0026#243; para a m\\u0026#227;e \\u0026#233; natural o cuidar? Por que o pai tamb\\u0026#233;m n\\u0026#227;o \\u0026#233; cobrado por isso?\\u0026quot;, questiona. \\u0026quot;\\u0026#192; medida que a sociedade decreta que para a m\\u0026#227;e \\u0026#233; natural cuidar, est\\u0026#225; decretando tamb\\u0026#233;m que para ela \\u0026#233; natural aguentar a sobrecarga que este cuidado envolve\\u0026quot;, afirma a magistrada, doutora em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de S\\u0026#227;o Paulo), que j\\u0026#225; atuou como fiscal do trabalho. Patr\\u0026#237;cia sentiu essa discrimina\\u0026#231;\\u0026#227;o dentro da pr\\u0026#243;pria fam\\u0026#237;lia.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Eu e meu marido tivemos duas filhas, hoje com 17 e 20 anos. Sempre que eu me ausentava por alguma viagem a trabalho, ele ficava respons\\u0026#225;vel pelas duas, o que \\u0026#233; natural. Mas minha m\\u0026#227;e e minhas tias o chamavam de \\u0026#39;coitado\\u0026#39;, por ficar sozinho com as crian\\u0026#231;as. Quando acontecia o contr\\u0026#225;rio, ningu\\u0026#233;m falava o mesmo de mim\\u0026quot;, diz ela, ressaltando que, mesmo na Justi\\u0026#231;a do Trabalho, muitas mulheres deixam de ser promovidas devido \\u0026#224; falta de disponibilidade para deslocamento.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Se um homem deixa a fam\\u0026#237;lia para trabalhar em outra cidade, ele \\u0026#233; considerado \\u0026#39;esfor\\u0026#231;ado\\u0026#39;, est\\u0026#225; fazendo tudo pelos seus. Mas se uma mulher toma a mesma atitude \\u0026#233; criticada, afinal, \\u0026#39;como ela tem coragem de deixar seus filhos?\\u0026#39;, compara Patr\\u0026#237;cia, autora do livro \\u0026quot;Trabalhadoras do Brasil, uni-vos!: a participa\\u0026#231;\\u0026#227;o das mulheres na constru\\u0026#231;\\u0026#227;o dos direitos sociais inscritos na Constitui\\u0026#231;\\u0026#227;o Federal de 1988\\u0026quot; (editora Letramento, 2021).\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-size: 18px;\\u0026quot;\\u0026gt;Estado deve cumprir a sua parte\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-size: 18px;\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A magistrada ressalta, por\\u0026#233;m, que o Estado tamb\\u0026#233;m deve cumprir sua parte na garantia dos cuidados, com a ampla oferta de creches e escolas em tempo integral. \\u0026quot;Mas isso nunca se cumpriu\\u0026quot;, diz.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Al\\u0026#233;m da ratifica\\u0026#231;\\u0026#227;o da conven\\u0026#231;\\u0026#227;o 156 da OIT, o Brasil acaba de aprovar a Lei 14.457/2022, que entrou em vigor em setembro, com o objetivo de garantir n\\u0026#227;o s\\u0026#243; que o mercado de trabalho seja mais inclusivo e atento \\u0026#224; mulher, mas tamb\\u0026#233;m que o ambiente seja equ\\u0026#226;nime e seguro. \\u0026quot;A lei introduz a ideia de parentalidade, algo novo no ordenamento jur\\u0026#237;dico brasileiro. Parentalidade diz respeito \\u0026#224; divis\\u0026#227;o igualit\\u0026#225;ria pelo cuidado das crian\\u0026#231;as entre pais e m\\u0026#227;es, \\u0026#233; a responsabilidade pelo cuidado\\u0026quot;, afirma. A lei considera a flexibiliza\\u0026#231;\\u0026#227;o de jornadas de trabalho para cuidados com filhos, para ambos os sexos. \\u0026quot;\\u0026#201; a chave para come\\u0026#231;ar a pensar na isonomia no mercado de trabalho em quest\\u0026#227;o de g\\u0026#234;nero.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Na opini\\u0026#227;o de Lorena Hakak, professora de Economia da UFABC (Universidade Federal do ABC) e presidente da Sociedade de Economia da Fam\\u0026#237;lia e do G\\u0026#234;nero (GeFam), a lei brasileira (que concede 120 dias de licen\\u0026#231;a-maternidade e cinco dias de licen\\u0026#231;a-paternidade) refor\\u0026#231;a uma norma social que considera o filho como sendo apenas da m\\u0026#227;e.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Existem uma s\\u0026#233;rie de estudos, em \\u0026#226;mbito mundial, que apontam que a licen\\u0026#231;a-paternidade estendida n\\u0026#227;o s\\u0026#243; fortalece o v\\u0026#237;nculo do pai com a crian\\u0026#231;a, como permite que as mulheres n\\u0026#227;o sejam penalizadas no mercado de trabalho\\u0026quot;, diz Lorena.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A especialista integra um grupo de trabalho, criado m\\u0026#234;s ado na Secretaria da Mulher da C\\u0026#226;mara dos Deputados, com a participa\\u0026#231;\\u0026#227;o de membros da sociedade civil, empres\\u0026#225;rios e parlamentares, para discutir a amplia\\u0026#231;\\u0026#227;o da licen\\u0026#231;a-paternidade no Brasil. O objetivo \\u0026#233; diminuir as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho e estimular maior envolvimento dos pais no cuidado dos filhos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p class=\\u0026quot;\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n\\r\\n \\r\\n\\r\\n\\r\\n \\u0026lt;figure class=\\u0026quot;dol-img-article\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n \\r\\n \\u0026lt;img loading=\\u0026quot;lazy\\u0026quot; class=\\u0026quot;lozad desk\\u0026quot; alt=\\u0026quot;\\u0026amp;quot;Por que s\\u0026amp;#243; para a m\\u0026amp;#227;e \\u0026amp;#233; natural cuidar?\\u0026amp;quot;, questiona ju\\u0026amp;#237;za\\u0026quot; data-src=\\u0026quot;https://cdn.dol-br.noticiasalagoanas.com/img/inline/800000/767x0/taniarego_00809466_1_.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dol-br.noticiasalagoanas.com%2Fimg%2Finline%2F800000%2Ftaniarego_00809466_1_.jpg%3Fxid%3D2631283%26resize%3D380%252C200%26t%3D1748645267\\u0026amp;amp;xid=2631283\\u0026quot; src=\\u0026quot;https://cdn.dol-br.noticiasalagoanas.com/img/inline/800000/767x0/taniarego_00809466_1_.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dol-br.noticiasalagoanas.com%2Fimg%2Finline%2F800000%2Ftaniarego_00809466_1_.jpg%3Fxid%3D2631283%26resize%3D380%252C200%26t%3D1748645267\\u0026amp;amp;xid=2631283\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n\\r\\n \\r\\n \\u0026lt;figcaption\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;span\\u0026gt;\\u0026#128247; |\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;strong\\u0026gt;T\\u0026amp;#226;nia R\\u0026amp;#234;go - Ag\\u0026amp;#234;ncia Brasil\\u0026lt;/strong\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;/figcaption\\u0026gt;\\r\\n \\u0026lt;/figure\\u0026gt;\\r\\n\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-size: 24px;\\u0026quot;\\u0026gt;\\u0026#39;Mas por que eu tenho que ajudar se ela tem a m\\u0026#227;e dela?\\u0026#39;\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-size: 24px;\\u0026quot;\\u0026gt;\\r\\n\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Para encorajar os pais a assumirem um papel mais ativo no cuidado dos filhos, algumas empresas est\\u0026#227;o oferecendo licen\\u0026#231;a parental estendida. \\u0026#201; uma maneira de promover a igualdade de g\\u0026#234;nero e uma divis\\u0026#227;o mais igualit\\u0026#225;ria de cuidados n\\u0026#227;o remunerados e tarefas dom\\u0026#233;sticas dentro das fam\\u0026#237;lias.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A farmac\\u0026#234;utica Sanofi, multinacional sa dona da marca Medley, \\u0026#233; uma dessas empresas. \\u0026quot;Foi preciso muita mobiliza\\u0026#231;\\u0026#227;o para fazer com que os funcion\\u0026#225;rios entendessem que o pai n\\u0026#227;o \\u0026#233; quem ajuda a m\\u0026#227;e, o pai \\u0026#233; quem cria\\u0026quot;, diz Neila Lopes, executiva de diversidade e cultura da Sanofi. A companhia adotou a licen\\u0026#231;a-paternidade remunerada de at\\u0026#233; seis meses em 2020 e percebeu que precisava fazer ajustes no programa.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Em geral, os funcion\\u0026#225;rios da \\u0026#225;rea istrativa se perguntavam por que teriam que sair em licen\\u0026#231;a estendida, uma vez que a mulher contava com a m\\u0026#227;e dela ou algu\\u0026#233;m da fam\\u0026#237;lia para ajud\\u0026#225;-la neste momento\\u0026quot;, afirma Neila, refor\\u0026#231;ando que a quest\\u0026#227;o neste ponto era muito mais cultural.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;J\\u0026#225; no nosso ch\\u0026#227;o de f\\u0026#225;brica, percebemos que a quest\\u0026#227;o era outra: o homem em casa iria perder o vale-alimenta\\u0026#231;\\u0026#227;o, o que significava um gasto maior no or\\u0026#231;amento dom\\u0026#233;stico\\u0026quot;. A empresa ou a conceder o benef\\u0026#237;cio tamb\\u0026#233;m no per\\u0026#237;odo da licen\\u0026#231;a-paternidade estendida.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Segundo Neila, nos primeiros anos do programa, apenas 48% dos homens aderiram. \\u0026quot;Este ano, j\\u0026#225; estamos em 73%. Nossa meta global \\u0026#233; chegar a 80% em 2025\\u0026quot;, afirma. Entre 2020 e 2022, 134 funcion\\u0026#225;rios sa\\u0026#237;ram em licen\\u0026#231;a-paternidade na Sanofi no pa\\u0026#237;s.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;J\\u0026#225; na Rhodia Brasil, controlada pela multinacional belga Solvay, 40 pais usufru\\u0026#237;ram da licen\\u0026#231;a remunerada de quatro meses h\\u0026#225; dois anos. Entre eles, est\\u0026#225; o qu\\u0026#237;mico Felipe Rocha, gerente de vendas e marketing da companhia, que acaba de ser pai de Cec\\u0026#237;lia, de 20 dias, sua primeira filha. As mulheres s\\u0026#227;o minoria na Rhodia Brasil: representam 20% dos 1.700 funcion\\u0026#225;rios, respondendo por 33% das posi\\u0026#231;\\u0026#245;es de lideran\\u0026#231;a.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A pol\\u0026#237;tica de licen\\u0026#231;a coparental (licen\\u0026#231;a-maternidade, licen\\u0026#231;a-paternidade e de ado\\u0026#231;\\u0026#227;o) integra o portf\\u0026#243;lio de benef\\u0026#237;cios implementado pela Solvay dentro das suas metas ESG (de boas pr\\u0026#225;ticas ambientais, sociais e de governan\\u0026#231;a corporativa). \\u0026quot;Queremos que todos os que trabalham conosco possam ter o melhor equil\\u0026#237;brio entre as obriga\\u0026#231;\\u0026#245;es profissionais e os compromissos familiares\\u0026quot;, diz Fernanda Zanetti, executiva de recursos humanos da Solvay na Am\\u0026#233;rica Latina. At\\u0026#233; hoje, 400 funcion\\u0026#225;rios no mundo usufru\\u0026#237;ram da licen\\u0026#231;a-paternidade. 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"Por que só para a mãe é natural cuidar?", questiona juíza

A responsabilidade pelos filhos é tanto do homem quanto da mulher, mas a discriminação no ambiente de trabalho dificulta a igualdade de direitos

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Imagem ilustrativa da notícia "Por que só para a mãe é natural cuidar?", questiona juíza camera Arquivo - Agência Brasil

A convenção 156 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) está em processo de ratificação pelo governo brasileiro. Intitulado "Igualdade de Oportunidades e de Tratamento para Homens e Mulheres", o documento foi elaborado há mais de 40 anos, em 1981, com a proposta de combater a discriminação no ambiente de trabalho relacionada às responsabilidades familiares. As demandas da família não podem ser um obstáculo para o pleno emprego e o desenvolvimento profissional.

Conscientizar: pai e mãe possuem as mesmas obrigações

O objetivo é deixar claro aos empregadores que tanto homens quanto mulheres com dependentes têm obrigações familiares que interferem na vida profissional. Em outras palavras, a responsabilidade pelos filhos é dos dois -o que torna natural que o homem procure encaixar na sua rotina atividades como buscar os filhos na escola, levá-los ao médico, participar de reuniões escolares ou tenha que se ausentar do trabalho caso a criança fique doente. Tarefas tradicionalmente associadas às mães.

"Isso envolve uma mudança profunda de mentalidade, que infelizmente não se consegue de uma hora para outra", diz Patrícia Maeda, juíza regional do Trabalho da 15ª Região e juíza auxiliar da presidência do TST (Tribunal Superior do Trabalho). "Existe muita discriminação no ambiente de trabalho envolvendo as trabalhadoras mães. Elas precisam se ausentar com alguma frequência, porque é sobre elas que recai a cobrança de cuidados com os filhos, o que compromete o seu desempenho e a conquista de oportunidades na carreira", afirma.

"Por que só para a mãe é natural cuidar?", questiona juíza
📷 |Marcelo Camargo - Agência Brasil

Mães estão sempre sobrecarregadas

"Mas a pergunta que a sociedade como um todo precisa fazer é: por que só para a mãe é natural o cuidar? Por que o pai também não é cobrado por isso?", questiona. "À medida que a sociedade decreta que para a mãe é natural cuidar, está decretando também que para ela é natural aguentar a sobrecarga que este cuidado envolve", afirma a magistrada, doutora em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), que já atuou como fiscal do trabalho. Patrícia sentiu essa discriminação dentro da própria família.

"Eu e meu marido tivemos duas filhas, hoje com 17 e 20 anos. Sempre que eu me ausentava por alguma viagem a trabalho, ele ficava responsável pelas duas, o que é natural. Mas minha mãe e minhas tias o chamavam de 'coitado', por ficar sozinho com as crianças. Quando acontecia o contrário, ninguém falava o mesmo de mim", diz ela, ressaltando que, mesmo na Justiça do Trabalho, muitas mulheres deixam de ser promovidas devido à falta de disponibilidade para deslocamento.

"Se um homem deixa a família para trabalhar em outra cidade, ele é considerado 'esforçado', está fazendo tudo pelos seus. Mas se uma mulher toma a mesma atitude é criticada, afinal, 'como ela tem coragem de deixar seus filhos?', compara Patrícia, autora do livro "Trabalhadoras do Brasil, uni-vos!: a participação das mulheres na construção dos direitos sociais inscritos na Constituição Federal de 1988" (editora Letramento, 2021).

Estado deve cumprir a sua parte

A magistrada ressalta, porém, que o Estado também deve cumprir sua parte na garantia dos cuidados, com a ampla oferta de creches e escolas em tempo integral. "Mas isso nunca se cumpriu", diz.

Além da ratificação da convenção 156 da OIT, o Brasil acaba de aprovar a Lei 14.457/2022, que entrou em vigor em setembro, com o objetivo de garantir não só que o mercado de trabalho seja mais inclusivo e atento à mulher, mas também que o ambiente seja equânime e seguro. "A lei introduz a ideia de parentalidade, algo novo no ordenamento jurídico brasileiro. Parentalidade diz respeito à divisão igualitária pelo cuidado das crianças entre pais e mães, é a responsabilidade pelo cuidado", afirma. A lei considera a flexibilização de jornadas de trabalho para cuidados com filhos, para ambos os sexos. "É a chave para começar a pensar na isonomia no mercado de trabalho em questão de gênero."

Na opinião de Lorena Hakak, professora de Economia da UFABC (Universidade Federal do ABC) e presidente da Sociedade de Economia da Família e do Gênero (GeFam), a lei brasileira (que concede 120 dias de licença-maternidade e cinco dias de licença-paternidade) reforça uma norma social que considera o filho como sendo apenas da mãe.

"Existem uma série de estudos, em âmbito mundial, que apontam que a licença-paternidade estendida não só fortalece o vínculo do pai com a criança, como permite que as mulheres não sejam penalizadas no mercado de trabalho", diz Lorena.

A especialista integra um grupo de trabalho, criado mês ado na Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, com a participação de membros da sociedade civil, empresários e parlamentares, para discutir a ampliação da licença-paternidade no Brasil. O objetivo é diminuir as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho e estimular maior envolvimento dos pais no cuidado dos filhos.

"Por que só para a mãe é natural cuidar?", questiona juíza
📷 |Tânia Rêgo - Agência Brasil

'Mas por que eu tenho que ajudar se ela tem a mãe dela?'

Para encorajar os pais a assumirem um papel mais ativo no cuidado dos filhos, algumas empresas estão oferecendo licença parental estendida. É uma maneira de promover a igualdade de gênero e uma divisão mais igualitária de cuidados não remunerados e tarefas domésticas dentro das famílias.

A farmacêutica Sanofi, multinacional sa dona da marca Medley, é uma dessas empresas. "Foi preciso muita mobilização para fazer com que os funcionários entendessem que o pai não é quem ajuda a mãe, o pai é quem cria", diz Neila Lopes, executiva de diversidade e cultura da Sanofi. A companhia adotou a licença-paternidade remunerada de até seis meses em 2020 e percebeu que precisava fazer ajustes no programa.

"Em geral, os funcionários da área istrativa se perguntavam por que teriam que sair em licença estendida, uma vez que a mulher contava com a mãe dela ou alguém da família para ajudá-la neste momento", afirma Neila, reforçando que a questão neste ponto era muito mais cultural.

"Já no nosso chão de fábrica, percebemos que a questão era outra: o homem em casa iria perder o vale-alimentação, o que significava um gasto maior no orçamento doméstico". A empresa ou a conceder o benefício também no período da licença-paternidade estendida.

Segundo Neila, nos primeiros anos do programa, apenas 48% dos homens aderiram. "Este ano, já estamos em 73%. Nossa meta global é chegar a 80% em 2025", afirma. Entre 2020 e 2022, 134 funcionários saíram em licença-paternidade na Sanofi no país.

Já na Rhodia Brasil, controlada pela multinacional belga Solvay, 40 pais usufruíram da licença remunerada de quatro meses há dois anos. Entre eles, está o químico Felipe Rocha, gerente de vendas e marketing da companhia, que acaba de ser pai de Cecília, de 20 dias, sua primeira filha. As mulheres são minoria na Rhodia Brasil: representam 20% dos 1.700 funcionários, respondendo por 33% das posições de liderança.

A política de licença coparental (licença-maternidade, licença-paternidade e de adoção) integra o portfólio de benefícios implementado pela Solvay dentro das suas metas ESG (de boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa). "Queremos que todos os que trabalham conosco possam ter o melhor equilíbrio entre as obrigações profissionais e os compromissos familiares", diz Fernanda Zanetti, executiva de recursos humanos da Solvay na América Latina. Até hoje, 400 funcionários no mundo usufruíram da licença-paternidade. São ao todo 21 mil empregados.

Na multinacional americana Haleon, que fabrica o antiácido Eno, a licença remunerada de seis meses para pais começou a valer este ano no Brasil. "Essa ação reflete o nosso compromisso de oferecer oportunidades igualitárias e um ambiente inclusivo", diz Marta Martins, diretora de RH da Haleon para a América Latina. A companhia conta com cerca de 1.000 funcionários no país, sendo 52% mulheres. Elas ocupam dois terços dos cargos de liderança na empresa.

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