{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","mainEntityOfPage":"/noticias/brasil/837838/cientista-diz-que-negros-sao-mais-afetados-por-calor-extremo","headline":"Cientista diz que negros são mais afetados por calor extremo","datePublished":"2023-11-25T21:55:39.82-03:00","dateModified":"2023-11-25T21:55:30-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Bruno Menezes com informações da Ag Brasil","url":"/noticias/brasil/837838/cientista-diz-que-negros-sao-mais-afetados-por-calor-extremo"},"image":"/img/Artigo-Destaque/830000/pesquisador-134_00837838_0_.jpg?xid=2776755","publisher":{"@type":"Organization","name":"DOL","url":"/","logo":"/themes/DOL/img/logoDOL.png","Point":{"@type":"Point","Type":"Customer ","telephone":"+55-91-98412-6477","email":"[email protected]"},"address":{"@type":"PostalAddress","streetAddress":"Rua Gaspar Viana, 773/7","addressLocality":"Belém","addressRegion":"PA","postalCode":"66053-090","addressCountry":"BR"}},"description":"Segundo o trabalho de pesquisa de Diosmar Filho, moradores de áreas periféricas são os que mais sofrem com as ondas de calor, devido a falta de infraestrutura e menor assistência à saúde.","articleBody":"\\u0026lt;p\\u0026gt;A crise clim\\u0026#225;tica \\u0026#233; uma realidade incontest\\u0026#225;vel que tem ganhado destaque nas discuss\\u0026#245;es globais. O aquecimento global, impulsionado principalmente pelas atividades humanas, est\\u0026#225; exacerbando os desafios ambientais que enfrentamos. O aumento da temperatura no planeta vem causando efeitos devastadores no meio ambiente e tamb\\u0026#233;m no homem, com consequ\\u0026#234;ncias mais graves para as pessoas mais pobres.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Esta \\u0026#233; a conclus\\u0026#227;o de uma pesquisa realizada pelo ge\\u0026#243;grafo Diosmar Filho, pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF) e tamb\\u0026#233;m coordenador cient\\u0026#237;fico da Associa\\u0026#231;\\u0026#227;o de Pesquisa Iyaleta. De acordo com seu levantamento, Os impactos das ondas de calor extremo s\\u0026#227;o mais intensos para as popula\\u0026#231;\\u0026#245;es de \\u0026#225;reas perif\\u0026#233;ricas dos centros urbanos e particularmente para os negros, que representam geralmente a maioria dos moradores dessas localidades.\\u0026amp;nbsp;\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Nessas \\u0026#225;reas, h\\u0026#225; menos infraestrutura e menos assist\\u0026#234;ncia \\u0026#224; sa\\u0026#250;de, ao transporte, ao saneamento e \\u0026#224; moradia. E tudo isso tem rela\\u0026#231;\\u0026#227;o com a forma como vamos enfrentar os efeitos causados pelas mudan\\u0026#231;as clim\\u0026#225;ticas, por exemplo, no momento das chuvas ou no aumento da temperatura com as ondas de calor\\u0026quot;, diz.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;h2\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;CONTE\\u0026#218;DOS RELACIONADOS:\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/h2\\u0026gt;\\u0026lt;ul\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/noticias/brasil/829069/calor-extremo-5-pessoas-morrem-por-altas-temperaturas-em-sp?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;Calor extremo: 5 pessoas morrem por altas temperaturas em SP\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/noticias/mundo-noticias/837131/mudanca-climatica-ameaca-a-saude-de-gravidas-e-criancas?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;Mudan\\u0026#231;a clim\\u0026#225;tica amea\\u0026#231;a a sa\\u0026#250;de de gr\\u0026#225;vidas e crian\\u0026#231;as\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;/ul\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Diosmar observa que bairros perif\\u0026#233;ricos, que geralmente s\\u0026#227;o mais adensados e sem \\u0026#225;reas verdes, est\\u0026#227;o tamb\\u0026#233;m mais sujeitos a problemas de abastecimento de \\u0026#225;gua e de energia el\\u0026#233;trica. Todos esses elementos s\\u0026#227;o apontados como fatores que agravam os efeitos de um dia muito quente. O ge\\u0026#243;grafo lembra que, nesses dias, \\u0026#233; preciso beber mais \\u0026#225;gua. \\u0026quot;H\\u0026#225; \\u0026#225;reas onde a \\u0026#225;gua n\\u0026#227;o chega em quantidade e qualidade. Em Salvador, por exemplo, h\\u0026#225; regi\\u0026#245;es perif\\u0026#233;ricas que chegam a ficar um m\\u0026#234;s inteiro sem abastecimento\\u0026quot;, enfatiza.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;Mudan\\u0026#231;as clim\\u0026#225;ticas\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Sediada na capital baiana, a Associa\\u0026#231;\\u0026#227;o de Pesquisa Iyaleta investiga as mudan\\u0026#231;as clim\\u0026#225;ticas e as desigualdades raciais, de g\\u0026#234;nero, sociais e territoriais. H\\u0026#225; mais de dois anos, o corpo de pesquisadores vem aprofundando os estudos em \\u0026#225;reas urbanas situadas dentro do per\\u0026#237;metro da Amaz\\u0026#244;nia Legal. Os envolvidos possuem forma\\u0026#231;\\u0026#227;o em diferentes \\u0026#225;reas, que v\\u0026#227;o das ci\\u0026#234;ncias humanas \\u0026#224;s ci\\u0026#234;ncias da sa\\u0026#250;de. No ano ado, Diosmar e outros sete pesquisadores participaram da produ\\u0026#231;\\u0026#227;o de cadernos trazendo an\\u0026#225;lises sobre os eventos clim\\u0026#225;ticos em Porto Velho e em Cuiab\\u0026#225;.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Eles chamam aten\\u0026#231;\\u0026#227;o para as caracter\\u0026#237;sticas dos chamados aglomerados subnormais, classifica\\u0026#231;\\u0026#227;o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\\u0026#237;stica (IBGE) para formas de ocupa\\u0026#231;\\u0026#227;o irregular do solo com fins de habita\\u0026#231;\\u0026#227;o em \\u0026#225;reas urbanas. Em geral, s\\u0026#227;o definidos pelo padr\\u0026#227;o urban\\u0026#237;stico irregular e pela car\\u0026#234;ncia de servi\\u0026#231;os p\\u0026#250;blicos essenciais. Tamb\\u0026#233;m s\\u0026#227;o marcados pelo adensamento, isto \\u0026#233;, possuem uma grande concentra\\u0026#231;\\u0026#227;o de moradores. Em Porto Velho, 12,2% da popula\\u0026#231;\\u0026#227;o residem nessas \\u0026#225;reas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Diosmar frisa que o tipo de edifica\\u0026#231;\\u0026#227;o visto nesses espa\\u0026#231;os \\u0026#233; um complicador. O ge\\u0026#243;grafo aponta para a exist\\u0026#234;ncia de moradias insalubres, com pouco espa\\u0026#231;o e teto baixo. \\u0026quot;Se voc\\u0026#234; tem uma onda de calor e voc\\u0026#234; tem uma \\u0026#225;rea aonde voc\\u0026#234; n\\u0026#227;o tem grande circula\\u0026#231;\\u0026#227;o de ar, certamente vai haver um impacto direto nas condi\\u0026#231;\\u0026#245;es de sa\\u0026#250;de das pessoas\\u0026quot;, avalia o ge\\u0026#243;grafo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Os pesquisadores observaram que, nos casos de Cuiab\\u0026#225;\\u0026amp;nbsp; e Porto Velho, cidades analisadas, as quest\\u0026#245;es territoriais e a desigualdade urbana influenciam a forma como as mudan\\u0026#231;as clim\\u0026#225;ticas impactam as popula\\u0026#231;\\u0026#245;es negras e ind\\u0026#237;genas. Eles observam que, na capital de Mato Grosso, a segrega\\u0026#231;\\u0026#227;o racial urbana reflete a implementa\\u0026#231;\\u0026#227;o do plano diretor municipal, que n\\u0026#227;o levaria em conta a garantia dos direitos fundamentais da popula\\u0026#231;\\u0026#227;o negra e a preocupa\\u0026#231;\\u0026#227;o com os efeitos das mudan\\u0026#231;as do clima.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Quer mais not\\u0026#237;cias sobre o Brasil? \\u0026lt;a href=\\u0026quot;https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9IlAw2v1J02cbfQ31H\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;e o nosso canal no WhatsApp\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Em rela\\u0026#231;\\u0026#227;o ao saneamento b\\u0026#225;sico, as mulheres negras (79,38%) e homens negros (78,24%) residentes na \\u0026#225;rea urbana de Cuiab\\u0026#225;, apresentam a menor propor\\u0026#231;\\u0026#227;o de o ao esgotamento sanit\\u0026#225;rio adequado (rede de esgoto geral e uso de fossa s\\u0026#233;ptica) se comparada \\u0026#224;s das pessoas brancas (mulheres – 86,3% e homens –85,91%)\\u0026quot;, registra o estudo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Cuiab\\u0026#225; foi uma das cidades que mais sofreu na onda de calor extremo registrada na \\u0026#250;ltima semana, tendo sido por alguns dias a capital mais quente do pa\\u0026#237;s. Os term\\u0026#244;metros chegaram a\\u0026amp;nbsp;superar a\\u0026amp;nbsp;marca dos 40\\u0026#186;C. O fen\\u0026#244;meno do El Ni\\u0026#241;o, que\\u0026amp;nbsp;vem se manifestando de forma intensa\\u0026amp;nbsp; e deve continuar produzindo efeitos at\\u0026#233; abril de 2024, tem sido relacionado com o aumento das temperaturas na maior parte do Brasil nesse final de ano. Mas diferentes pesquisadores avaliam que a recente\\u0026amp;nbsp;onda de calor tamb\\u0026#233;m reflete, em algum medida, o aquecimento global\\u0026amp;nbsp;do planeta.\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026amp;nbsp;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;Sa\\u0026#250;de\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Nos estudos em Cuiab\\u0026#225; e Porto Velho, os pesquisadores tamb\\u0026#233;m buscaram avaliar indicadores de sa\\u0026#250;de associados a arboviroses, como s\\u0026#227;o chamadas as doen\\u0026#231;as transmitidas pelo mosquito\\u0026amp;nbsp;Aedes aegypti: dengue, zika e\\u0026amp;nbsp;chikungunya. Todas elas s\\u0026#227;o mais prevalentes no ver\\u0026#227;o. A prolifera\\u0026#231;\\u0026#227;o do mosquito ganha ritmo acelerado em temperaturas elevadas, pois no calor seu per\\u0026#237;odo reprodutivo fica mais curto. Al\\u0026#233;m disso, o ver\\u0026#227;o de boa parte do Brasil \\u0026#233; a esta\\u0026#231;\\u0026#227;o mais chuvosa, o que faz aumentar os locais com \\u0026#225;gua parada, onde os ovos s\\u0026#227;o depositados pelo\\u0026amp;nbsp;Aedes aegypti.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Indicadores colhidos pelos pesquisadores em Cuiab\\u0026#225; apontam que as arboviroses atingem a popula\\u0026#231;\\u0026#227;o negra com maior intensidade. Considerando as mulheres diagnosticadas com dengue entre 2014 e 2020, 54,79% eram negras, 14,85% brancas e 0,39% ind\\u0026#237;genas. Para o restante dos casos, n\\u0026#227;o h\\u0026#225; informa\\u0026#231;\\u0026#227;o sobre ra\\u0026#231;a ou etnia.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Entre os homens, os n\\u0026#250;meros s\\u0026#227;o similares: 54,85% negros, 13,06% brancos, 0,72% ind\\u0026#237;genas e 31,10% ignorados. Os especialistas observam que as desigualdades raciais e de g\\u0026#234;nero, as condi\\u0026#231;\\u0026#245;es de moradia e a exposi\\u0026#231;\\u0026#227;o a contextos de maior vulnerabilidade urbana e de aus\\u0026#234;ncia de direitos, como saneamento b\\u0026#225;sico e o \\u0026#224; servi\\u0026#231;os de sa\\u0026#250;de, s\\u0026#227;o fatores intimamente relacionados com a incid\\u0026#234;ncia de taxas dessas doen\\u0026#231;as.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Quando chega o ver\\u0026#227;o, voc\\u0026#234; come\\u0026#231;a ver as recomenda\\u0026#231;\\u0026#245;es: \\u0026#39;cuide do seu jardim, tire o vaso da planta, fa\\u0026#231;a isso, fa\\u0026#231;a aquilo\\u0026#39;. H\\u0026#225; uma propaganda nacional que parece que n\\u0026#243;s vamos resolver todo o problema da dengue desse jeito, sendo que, nas \\u0026#225;reas perif\\u0026#233;ricas, o o ao saneamento \\u0026#233; desigual. E a falta de saneamento favorece a transmiss\\u0026#227;o da doen\\u0026#231;a\\u0026quot;, frisa Diosmar.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;Pol\\u0026#237;ticas p\\u0026#250;blicas\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Um outro estudo publicado pela Associa\\u0026#231;\\u0026#227;o de Pesquisa Iyaleta - conclu\\u0026#237;do no ano ado - apresentou contribui\\u0026#231;\\u0026#245;es para o Plano Nacional de Adapta\\u0026#231;\\u0026#227;o (PNA), institu\\u0026#237;do por meio de portaria do Minist\\u0026#233;rio do Meio Ambiente, em maio de 2016, ap\\u0026#243;s um processo de escuta de diferentes setores da sociedade. Seu objetivo \\u0026#233; orientar gestores p\\u0026#250;blicos na ado\\u0026#231;\\u0026#227;o de iniciativas com o objetivo de minimizar o risco clim\\u0026#225;tico no longo prazo e reduzir a vulnerabilidade \\u0026#224; crise do clima.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Em setembro, foi institu\\u0026#237;do pelo governo federal um grupo t\\u0026#233;cnico para elaborar proposta de atualiza\\u0026#231;\\u0026#227;o do PNA, ouvindo a sociedade civil. Para Diosmar, \\u0026#233; preciso pensar diversas medidas. Entre elas, ele menciona a urg\\u0026#234;ncia de uma pol\\u0026#237;tica de arboriza\\u0026#231;\\u0026#227;o. \\u0026quot;Cada vez mais a gente vai precisar de \\u0026#225;reas verdes\\u0026quot;, preconiza.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ele cita tamb\\u0026#233;m a necessidade de pol\\u0026#237;ticas p\\u0026#250;blicas setoriais, territoriais e locais. \\u0026quot;Precisamos de estados e munic\\u0026#237;pios com pol\\u0026#237;ticas de moradia, de saneamento, de sa\\u0026#250;de e de educa\\u0026#231;\\u0026#227;o integradas. Precisamos olhar o saneamento como parte de um processo de educa\\u0026#231;\\u0026#227;o em tempo de mudan\\u0026#231;as clim\\u0026#225;ticas, precisamos de moradia que se afaste desse modelo que aprisiona, onde as pessoas das periferias das grandes cidades vivem dentro de pequenas casas de seis metros quadrados\\u0026quot;, finaliza.\\u0026lt;/p\\u0026gt;","keywords":"calor extremo afeta mais os negros diz cientista, pesquisador afirma que negros sao os que mais sofrem com ondas de calor, crise climatica influencia na desigualdade racial"}
plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 31°
cotação atual R$


home
CRISE CLIMÁTICA

Cientista diz que negros são mais afetados por calor extremo

Segundo o trabalho de pesquisa de Diosmar Filho, moradores de áreas periféricas são os que mais sofrem com as ondas de calor, devido a falta de infraestrutura e menor assistência à saúde.

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia Cientista diz que negros são mais afetados por calor extremo camera Diosmar Filho é pesquisaor da UFF e coordenador científico da Associação de Pesquisa Iyaleta. | (Foto: arquivo pessoal)

A crise climática é uma realidade incontestável que tem ganhado destaque nas discussões globais. O aquecimento global, impulsionado principalmente pelas atividades humanas, está exacerbando os desafios ambientais que enfrentamos. O aumento da temperatura no planeta vem causando efeitos devastadores no meio ambiente e também no homem, com consequências mais graves para as pessoas mais pobres.

Esta é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo geógrafo Diosmar Filho, pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF) e também coordenador científico da Associação de Pesquisa Iyaleta. De acordo com seu levantamento, Os impactos das ondas de calor extremo são mais intensos para as populações de áreas periféricas dos centros urbanos e particularmente para os negros, que representam geralmente a maioria dos moradores dessas localidades.

"Nessas áreas, há menos infraestrutura e menos assistência à saúde, ao transporte, ao saneamento e à moradia. E tudo isso tem relação com a forma como vamos enfrentar os efeitos causados pelas mudanças climáticas, por exemplo, no momento das chuvas ou no aumento da temperatura com as ondas de calor", diz.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:

Diosmar observa que bairros periféricos, que geralmente são mais adensados e sem áreas verdes, estão também mais sujeitos a problemas de abastecimento de água e de energia elétrica. Todos esses elementos são apontados como fatores que agravam os efeitos de um dia muito quente. O geógrafo lembra que, nesses dias, é preciso beber mais água. "Há áreas onde a água não chega em quantidade e qualidade. Em Salvador, por exemplo, há regiões periféricas que chegam a ficar um mês inteiro sem abastecimento", enfatiza.

Mudanças climáticas

Sediada na capital baiana, a Associação de Pesquisa Iyaleta investiga as mudanças climáticas e as desigualdades raciais, de gênero, sociais e territoriais. Há mais de dois anos, o corpo de pesquisadores vem aprofundando os estudos em áreas urbanas situadas dentro do perímetro da Amazônia Legal. Os envolvidos possuem formação em diferentes áreas, que vão das ciências humanas às ciências da saúde. No ano ado, Diosmar e outros sete pesquisadores participaram da produção de cadernos trazendo análises sobre os eventos climáticos em Porto Velho e em Cuiabá.

Eles chamam atenção para as características dos chamados aglomerados subnormais, classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para formas de ocupação irregular do solo com fins de habitação em áreas urbanas. Em geral, são definidos pelo padrão urbanístico irregular e pela carência de serviços públicos essenciais. Também são marcados pelo adensamento, isto é, possuem uma grande concentração de moradores. Em Porto Velho, 12,2% da população residem nessas áreas.

Diosmar frisa que o tipo de edificação visto nesses espaços é um complicador. O geógrafo aponta para a existência de moradias insalubres, com pouco espaço e teto baixo. "Se você tem uma onda de calor e você tem uma área aonde você não tem grande circulação de ar, certamente vai haver um impacto direto nas condições de saúde das pessoas", avalia o geógrafo.

Os pesquisadores observaram que, nos casos de Cuiabá e Porto Velho, cidades analisadas, as questões territoriais e a desigualdade urbana influenciam a forma como as mudanças climáticas impactam as populações negras e indígenas. Eles observam que, na capital de Mato Grosso, a segregação racial urbana reflete a implementação do plano diretor municipal, que não levaria em conta a garantia dos direitos fundamentais da população negra e a preocupação com os efeitos das mudanças do clima.

Quer mais notícias sobre o Brasil? e o nosso canal no WhatsApp

"Em relação ao saneamento básico, as mulheres negras (79,38%) e homens negros (78,24%) residentes na área urbana de Cuiabá, apresentam a menor proporção de o ao esgotamento sanitário adequado (rede de esgoto geral e uso de fossa séptica) se comparada às das pessoas brancas (mulheres – 86,3% e homens –85,91%)", registra o estudo.

Cuiabá foi uma das cidades que mais sofreu na onda de calor extremo registrada na última semana, tendo sido por alguns dias a capital mais quente do país. Os termômetros chegaram a superar a marca dos 40ºC. O fenômeno do El Niño, que vem se manifestando de forma intensa e deve continuar produzindo efeitos até abril de 2024, tem sido relacionado com o aumento das temperaturas na maior parte do Brasil nesse final de ano. Mas diferentes pesquisadores avaliam que a recente onda de calor também reflete, em algum medida, o aquecimento global do planeta.

Saúde

Nos estudos em Cuiabá e Porto Velho, os pesquisadores também buscaram avaliar indicadores de saúde associados a arboviroses, como são chamadas as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti: dengue, zika e chikungunya. Todas elas são mais prevalentes no verão. A proliferação do mosquito ganha ritmo acelerado em temperaturas elevadas, pois no calor seu período reprodutivo fica mais curto. Além disso, o verão de boa parte do Brasil é a estação mais chuvosa, o que faz aumentar os locais com água parada, onde os ovos são depositados pelo Aedes aegypti.

Indicadores colhidos pelos pesquisadores em Cuiabá apontam que as arboviroses atingem a população negra com maior intensidade. Considerando as mulheres diagnosticadas com dengue entre 2014 e 2020, 54,79% eram negras, 14,85% brancas e 0,39% indígenas. Para o restante dos casos, não há informação sobre raça ou etnia.

Entre os homens, os números são similares: 54,85% negros, 13,06% brancos, 0,72% indígenas e 31,10% ignorados. Os especialistas observam que as desigualdades raciais e de gênero, as condições de moradia e a exposição a contextos de maior vulnerabilidade urbana e de ausência de direitos, como saneamento básico e o à serviços de saúde, são fatores intimamente relacionados com a incidência de taxas dessas doenças.

"Quando chega o verão, você começa ver as recomendações: 'cuide do seu jardim, tire o vaso da planta, faça isso, faça aquilo'. Há uma propaganda nacional que parece que nós vamos resolver todo o problema da dengue desse jeito, sendo que, nas áreas periféricas, o o ao saneamento é desigual. E a falta de saneamento favorece a transmissão da doença", frisa Diosmar.

Políticas públicas

Um outro estudo publicado pela Associação de Pesquisa Iyaleta - concluído no ano ado - apresentou contribuições para o Plano Nacional de Adaptação (PNA), instituído por meio de portaria do Ministério do Meio Ambiente, em maio de 2016, após um processo de escuta de diferentes setores da sociedade. Seu objetivo é orientar gestores públicos na adoção de iniciativas com o objetivo de minimizar o risco climático no longo prazo e reduzir a vulnerabilidade à crise do clima.

Em setembro, foi instituído pelo governo federal um grupo técnico para elaborar proposta de atualização do PNA, ouvindo a sociedade civil. Para Diosmar, é preciso pensar diversas medidas. Entre elas, ele menciona a urgência de uma política de arborização. "Cada vez mais a gente vai precisar de áreas verdes", preconiza.

Ele cita também a necessidade de políticas públicas setoriais, territoriais e locais. "Precisamos de estados e municípios com políticas de moradia, de saneamento, de saúde e de educação integradas. Precisamos olhar o saneamento como parte de um processo de educação em tempo de mudanças climáticas, precisamos de moradia que se afaste desse modelo que aprisiona, onde as pessoas das periferias das grandes cidades vivem dentro de pequenas casas de seis metros quadrados", finaliza.

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. e: dol-br.noticiasalagoanas.com/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Notícias Brasil

    Leia mais notícias de Notícias Brasil. Clique aqui!

    Últimas Notícias