{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","mainEntityOfPage":"/noticias/brasil/907315/unesco-aponta-desinformacao-como-principal-risco-global-para-2025","headline":"Unesco aponta \"desinformação\" como principal risco global para 2025","datePublished":"2025-05-20T10:12:04.7-03:00","dateModified":"2025-05-20T10:11:55.38-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Paula Laboissière / Agência Brasil","url":"/noticias/brasil/907315/unesco-aponta-desinformacao-como-principal-risco-global-para-2025"},"image":"/img/Artigo-Destaque/900000/unesco_00907315_0_.png?xid=3058349","publisher":{"@type":"Organization","name":"DOL","url":"/","logo":"/themes/DOL/img/logoDOL.png","Point":{"@type":"Point","Type":"Customer ","telephone":"+55-91-98412-6477","email":"[email protected]"},"address":{"@type":"PostalAddress","streetAddress":"Rua Gaspar Viana, 773/7","addressLocality":"Belém","addressRegion":"PA","postalCode":"66053-090","addressCountry":"BR"}},"description":"A Unesco aponta a desinformação como o maior risco global para 2025, destacando a necessidade de regulamentação e ações conjuntas para combatê-la.","articleBody":"\\u0026lt;p\\u0026gt;A desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o figura como principal risco global para 2025 e para os anos que est\\u0026#227;o por vir – \\u0026#224; frente das mudan\\u0026#231;as clim\\u0026#225;ticas, da crise ambiental, dos fluxos migrat\\u0026#243;rios, da viol\\u0026#234;ncia e do terrorismo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A avalia\\u0026#231;\\u0026#227;o \\u0026#233; do diretor-geral adjunto de Comunica\\u0026#231;\\u0026#227;o e Informa\\u0026#231;\\u0026#227;o da Organiza\\u0026#231;\\u0026#227;o das Na\\u0026#231;\\u0026#245;es Unidas para a Educa\\u0026#231;\\u0026#227;o, a Ci\\u0026#234;ncia e a Cultura (Unesco), Tawfik Jelassi, que esteve no Brasil na \\u0026#250;ltima semana para participar do Semin\\u0026#225;rio Internacional Cetic.br 20 anos – Dados e An\\u0026#225;lises para um Futuro Digital Inclusivo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;h3\\u0026gt;Leia tamb\\u0026#233;m\\u0026lt;/h3\\u0026gt;\\u0026lt;ul\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/colunistas/leandro-mazzini/907171/perfil-que-combate-fake-news-sobre-operacoes-policiais-viraliza-na-web?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot; data-rel-defined=\\u0026quot;true\\u0026quot;\\u0026gt;Perfil que combate fake news sobre opera\\u0026#231;\\u0026#245;es policiais viraliza na web\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/colunistas/leandro-mazzini/907171/perfil-que-combate-fake-news-sobre-operacoes-policiais-viraliza-na-web?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot; data-rel-defined=\\u0026quot;true\\u0026quot;\\u0026gt; \\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/noticias/brasil/907134/sites-falsos-do-enem-2025-aplicam-golpes-e-roubam-dados?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot; data-rel-defined=\\u0026quot;true\\u0026quot;\\u0026gt;Sites falsos do Enem 2025 aplicam golpes e roubam dados\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;/ul\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;“Os pa\\u0026#237;ses n\\u0026#227;o est\\u0026#227;o preparados o suficiente para combater a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o. Eles s\\u0026#227;o vulner\\u0026#225;veis ao impacto negativo da desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o, o que \\u0026#233; uma quest\\u0026#227;o muito importante. Portanto, sim, a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o \\u0026#233; o risco global n\\u0026#250;mero um hoje e ao longo dos pr\\u0026#243;ximos anos e todos os pa\\u0026#237;ses do mundo precisam agir para combat\\u0026#234;-la.”\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Quer receber mais not\\u0026#237;cias do Brasil e do mundo na tela do seu celular? \\u0026lt;a href=\\u0026quot;https://whatsapp.com/channel/0029Va9IlAw2v1J02cbfQ31H\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot; data-rel-defined=\\u0026quot;true\\u0026quot;\\u0026gt;e o canal do DOL no WhatsApp!\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Em entrevista \\u0026#224; Ag\\u0026#234;ncia Brasil, ele defendeu a regulamenta\\u0026#231;\\u0026#227;o das redes sociais por todos os pa\\u0026#237;ses e um pacto global para combater a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o no ambiente virtual.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ele destacou, entretanto, que a responsabilidade prim\\u0026#225;ria pelo combate \\u0026#224;s fake news deve ser das empresas de plataformas digitais que t\\u0026#234;m a obriga\\u0026#231;\\u0026#227;o de agir.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;As plataformas digitais s\\u0026#227;o globais. Elas n\\u0026#227;o reconhecem limites ou fronteiras nacionais. Se n\\u0026#227;o unirmos for\\u0026#231;as por meio de a\\u0026#231;\\u0026#245;es globais, n\\u0026#227;o poderemos combater efetivamente a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o que acontece nas plataformas digitais\\u0026quot;, afirmou.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Cada pa\\u0026#237;s precisa ter uma regulamenta\\u0026#231;\\u0026#227;o sobre isso. Mas precisamos ter uma abordagem verdadeira porque somente unindo for\\u0026#231;as internacionalmente \\u0026#233; que podemos combater esse risco global. E a tecnologia n\\u0026#227;o conhece barreiras\\u0026quot;, completou o especialista que tem doutorado em Sistemas de Informa\\u0026#231;\\u0026#245;es Gerenciais pela Universidade de Nova York.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Jelassi citou um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts que aponta que mentiras se espalham 10 vezes mais r\\u0026#225;pido que a verdade. \\u0026quot;Uma vez que se espalham como fogo, o dano j\\u0026#225; est\\u0026#225; feito. Como podemos desfaz\\u0026#234;-lo? N\\u0026#227;o podemos. Mesmo que se tente retificar essa informa\\u0026#231;\\u0026#227;o, o dano j\\u0026#225; aconteceu. Ent\\u0026#227;o, precisamos prevenir, precisamos combater a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A Unesco est\\u0026#225; organizando uma confer\\u0026#234;ncia global em junho para debater temas como intelig\\u0026#234;ncia artificial e transforma\\u0026#231;\\u0026#227;o digital no setor p\\u0026#250;blico.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Para Jelassi, \\u0026#233; necess\\u0026#225;rio que o setor p\\u0026#250;blico acompanhe a transforma\\u0026#231;\\u0026#227;o digital do mundo oferecendo aos seus cidad\\u0026#227;os servi\\u0026#231;os de melhor qualidade utilizando tecnologias. Para isso, ele defende que os pa\\u0026#237;ses coloquem como centro das pol\\u0026#237;ticas p\\u0026#250;blicas o investimento no desenvolvimento de capacidades e habilidades dos seus recursos humanos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Uma quest\\u0026#227;o espec\\u0026#237;fica que abordaremos [na confer\\u0026#234;ncia] \\u0026#233; a constru\\u0026#231;\\u0026#227;o e o desenvolvimento de capacidades. A partir dos nossos estudos, percebemos que, em diversos pa\\u0026#237;ses, muitos servidores p\\u0026#250;blicos n\\u0026#227;o t\\u0026#234;m a compet\\u0026#234;ncia ou o conjunto de habilidades necess\\u0026#225;rias para ter sucesso na transforma\\u0026#231;\\u0026#227;o digital. Acreditamos que isso esteja no cerne de uma a\\u0026#231;\\u0026#227;o governamental.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;h3\\u0026gt;Principais trechos da entrevista\\u0026lt;/h3\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Ag\\u0026#234;ncia Brasil:\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;O senhor disse, certa vez, que um dos desafios e oportunidades mais importantes da nossa era \\u0026#233; transformar tecnologias digitais em uma for\\u0026#231;a para o bem. Como tem funcionado o trabalho que a Unesco realiza no sentido de contribuir para essa quest\\u0026#227;o?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Towfik Jelassi:\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;A tecnologia, de certa forma, \\u0026#233; neutra. As pessoas podem us\\u0026#225;-la de forma positiva ou negativa. Ela apresenta oportunidades, mas tamb\\u0026#233;m riscos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Quando digo que a tecnologia deve ser usada como uma for\\u0026#231;a para o bem, cito um exemplo: devemos us\\u0026#225;-la para combater a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o, sobretudo no que diz respeito \\u0026#224; intelig\\u0026#234;ncia artificial. Devemos ser capazes de detectar informa\\u0026#231;\\u0026#245;es n\\u0026#227;o factuais.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Devemos ajudar na modera\\u0026#231;\\u0026#227;o e na curadoria de conte\\u0026#250;do. N\\u0026#227;o queremos que a tecnologia seja usada para prejudicar as pessoas, para prejudicar as sociedades. N\\u0026#227;o queremos que a tecnologia se torne um perigo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A Unesco acredita firmemente que a informa\\u0026#231;\\u0026#227;o e, claro, as tecnologias da informa\\u0026#231;\\u0026#227;o e a comunica\\u0026#231;\\u0026#227;o devem ser um bem p\\u0026#250;blico comum e n\\u0026#227;o um dano p\\u0026#250;blico.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A tecnologia n\\u0026#227;o s\\u0026#243; pode como j\\u0026#225; foi usada como uma for\\u0026#231;a para o bem. Por exemplo: na sa\\u0026#250;de, na agricultura, no combate \\u0026#224;s mudan\\u0026#231;as clim\\u0026#225;ticas e em solu\\u0026#231;\\u0026#245;es para a crise ambiental. Esses s\\u0026#227;o usos positivos da tecnologia. Mas tamb\\u0026#233;m temos que combater a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o, o discurso de \\u0026#243;dio e outros conte\\u0026#250;dos online prejudiciais.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Ag\\u0026#234;ncia Brasil:\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;Alguns dos trabalhos recentes propostos pela Unesco incluem recomenda\\u0026#231;\\u0026#245;es sobre a \\u0026#233;tica no uso da intelig\\u0026#234;ncia artificial. O senhor pode falar um pouco sobre isso?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Jelassi:\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;Em 2018, a Unesco iniciou um projeto massivo em torno do uso \\u0026#233;tico da intelig\\u0026#234;ncia artificial – pelo menos tr\\u0026#234;s ou quatro anos antes do surgimento do \\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;ChatGPT\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;e da intelig\\u0026#234;ncia artificial interativa.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A Unesco \\u0026#233; reconhecida por ser, de certa forma, o \\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-style: italic;\\u0026quot;\\u0026gt;think tank\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;[laborat\\u0026#243;rio de ideias] do sistema das Na\\u0026#231;\\u0026#245;es Unidas, uma esp\\u0026#233;cie de antecipadora das mudan\\u0026#231;as que vir\\u0026#227;o e de seus impactos, inclusive no que diz respeito \\u0026#224; tecnologia.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ent\\u0026#227;o, em 2018, a Unesco i\\u0026#231;ou a bandeira do que est\\u0026#225;vamos prestes a ver: o avan\\u0026#231;o de uma tecnologia muito sofisticada chamada intelig\\u0026#234;ncia artificial, que pode ser usada como uma for\\u0026#231;a para o bem, mas que tamb\\u0026#233;m apresenta riscos e perigos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A Unesco pediu responsabilidade \\u0026#233;tica dentro do uso da intelig\\u0026#234;ncia artificial. O trabalho incluiu consultas globais abertas e, claro, trabalhos de especialistas mundiais sobre o assunto, o que culminou, em 2021, com os 193 Estados-membros aprovando as Recomenda\\u0026#231;\\u0026#245;es sobre a \\u0026#201;tica na Intelig\\u0026#234;ncia Artificial.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Esse foi o primeiro instrumento normativo global desenvolvido sobre esse assunto e fico feliz em dizer que, hoje, temos 70 pa\\u0026#237;ses ao redor do mundo que est\\u0026#227;o implementando essas recomenda\\u0026#231;\\u0026#245;es para o uso \\u0026#233;tico e respons\\u0026#225;vel da intelig\\u0026#234;ncia artificial.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Ag\\u0026#234;ncia Brasil\\u0026lt;/span\\u0026gt;: Onde se encontra o Brasil neste processo?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Jelassi\\u0026lt;/span\\u0026gt;: O Brasil est\\u0026#225; bastante avan\\u0026#231;ado e est\\u0026#225; entre os pa\\u0026#237;ses que, claro, votaram a favor desta recomenda\\u0026#231;\\u0026#227;o global da Unesco.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Ag\\u0026#234;ncia Brasil:\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;A Unesco tem apelado ao uso respons\\u0026#225;vel e \\u0026#233;tico da intelig\\u0026#234;ncia artificial. Como est\\u0026#227;o as coisas neste momento e o que precisa mudar em rela\\u0026#231;\\u0026#227;o a essa tem\\u0026#225;tica?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Jelassi\\u0026lt;/span\\u0026gt;: Existe um diferencial importante entre as tecnologias digitais: elas se desenvolvem numa velocidade muit\\u0026#237;ssimo alta, que pa\\u0026#237;ses e entidades reguladoras n\\u0026#227;o conseguem acompanhar.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026#201; o que acontece quando se tem uma tecnologia como a intelig\\u0026#234;ncia artificial, que impacta tantos setores. Por exemplo: um professor n\\u0026#227;o pode mais aplicar uma prova para que os alunos levem para casa porque sabe que a resposta vir\\u0026#225; do ChatGPT e todos os alunos ar\\u0026#227;o na prova.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ent\\u0026#227;o, hoje, n\\u0026#227;o vivemos mais um momento que que precisamos melhorar ou reformar a educa\\u0026#231;\\u0026#227;o. Estamos em uma era onde precisamos transformar a educa\\u0026#231;\\u0026#227;o, transformar o ensino, transformar a aprendizagem, transformar a avalia\\u0026#231;\\u0026#227;o dos alunos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Este \\u0026#233; apenas um exemplo. Posso dar um exemplo tamb\\u0026#233;m na agricultura, sobre como a intelig\\u0026#234;ncia artificial transforma a maneira como os agricultores cuidam de seus neg\\u0026#243;cios.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Hoje, voc\\u0026#234; pode saber, com base no tipo de solo, clima, cultivo, \\u0026#225;gua e irriga\\u0026#231;\\u0026#227;o qual a melhor semente a ser cultivada em uma determinada terra, al\\u0026#233;m do uso de fertilizantes personalizados – n\\u0026#227;o mais de fertilizantes gen\\u0026#233;ricos, mas fertilizantes personalizados para ajudar a otimizar o campo de cultivo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Tudo isso gra\\u0026#231;as ao big data, \\u0026#224; an\\u0026#225;lise de dados, aos algoritmos preditivos, aos sistemas de informa\\u0026#231;\\u0026#227;o geogr\\u0026#225;fica, a imagens de sat\\u0026#233;lite, \\u0026#224;s fotos tiradas com drones. A tecnologia hoje est\\u0026#225; no cerne da agricultura. E quem teria pensado nisso, mesmo alguns anos atr\\u0026#225;s?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A tecnologia impacta todos os setores, todas as ind\\u0026#250;strias, nossas vidas, n\\u0026#243;s mesmos como indiv\\u0026#237;duos, a sociedade em geral. Portanto, temos que exigir o uso respons\\u0026#225;vel e \\u0026#233;tico da intelig\\u0026#234;ncia artificial, que respeite a dignidade humana, a privacidade de dados e os direitos humanos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Ag\\u0026#234;ncia Brasil\\u0026lt;/span\\u0026gt;: O senhor pode falar um pouco sobre as diretrizes da Unesco voltadas especificamente para gestores de plataformas digitais e que visam combater a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o, o discurso de \\u0026#243;dio e outros conte\\u0026#250;dos \\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;online\\u0026lt;/span\\u0026gt;?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Jelassi\\u0026lt;/span\\u0026gt;: Esse \\u0026#233; um t\\u0026#243;pico muito importante hoje porque todos n\\u0026#243;s, cidad\\u0026#227;os do mundo, amos v\\u0026#225;rias horas por dia em m\\u0026#237;dias sociais ou plataformas digitais.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Estudos mostram que uma porcentagem bastante significativa de pessoas est\\u0026#225; conectada a m\\u0026#237;dias sociais e plataformas digitais – do minuto em que acordam pela manh\\u0026#227; at\\u0026#233; a hora de dormir.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Elas t\\u0026#234;m, em m\\u0026#233;dia, entre sete e oito horas por dia de conex\\u0026#227;o com as m\\u0026#237;dias sociais. Quando est\\u0026#227;o no trabalho, quando est\\u0026#227;o em movimento, quando est\\u0026#227;o almo\\u0026#231;ando ou jantando, elas ainda est\\u0026#227;o conectadas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Essa \\u0026#233; a realidade de hoje. Mas nem tudo o que vemos \\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-style: italic;\\u0026quot;\\u0026gt;online\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;\\u0026#233; informa\\u0026#231;\\u0026#227;o factual, \\u0026#233; informa\\u0026#231;\\u0026#227;o verificada, \\u0026#233; dado objetivo. N\\u0026#227;o podemos confiar em tudo porque h\\u0026#225;, como voc\\u0026#234; mesma disse, uma quantidade crescente de desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o e informa\\u0026#231;\\u0026#245;es falsas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Sabemos que, especialmente pelo meio digital, mentiras s\\u0026#227;o transmitidas muito mais r\\u0026#225;pido que a verdade. Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Boston, revelou que mentiras viajam 10 vezes mais r\\u0026#225;pido que a verdade.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Mas, uma vez que se espalham como fogo, o dano j\\u0026#225; est\\u0026#225; feito. Como podemos desfaz\\u0026#234;-lo? N\\u0026#227;o podemos. Mesmo que se tente retificar essa informa\\u0026#231;\\u0026#227;o, o dano j\\u0026#225; aconteceu.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ent\\u0026#227;o, precisamos prevenir, precisamos combater a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o. Ela \\u0026#233; muito, muito prejudicial. Temos que garantir que sejam fatos e n\\u0026#227;o informa\\u0026#231;\\u0026#245;es falsas que s\\u0026#227;o disseminadas \\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-style: italic;\\u0026quot;\\u0026gt;online\\u0026lt;/span\\u0026gt;. Permita-me citar Maria Ressa, jornalista filipina que recebeu o Nobel da Paz de 2021. Ela disse:\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;‘Sem fatos, n\\u0026#227;o h\\u0026#225; verdade. Sem verdade, n\\u0026#227;o h\\u0026#225; confian\\u0026#231;a. E sem confian\\u0026#231;a, n\\u0026#227;o temos uma realidade compartilhada’. Todos podem ter sua opini\\u0026#227;o, mas devem ser os fatos o conte\\u0026#250;do a ser compartilhado.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026#201; a realidade que deve ser compartilhada. Ningu\\u0026#233;m pode apresentar seus pr\\u0026#243;prios fatos ou sua pr\\u0026#243;pria realidade. Sobretudo quando esses fatos est\\u0026#227;o errados e podem manipular as pessoas, podem influenciar as pessoas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Sabemos que a informa\\u0026#231;\\u0026#227;o, a liberdade de express\\u0026#227;o e a liberdade de m\\u0026#237;dia s\\u0026#227;o a pedra angular da sociedade democr\\u0026#225;tica e precisamos preserv\\u0026#225;-las. Porque, se nossa sociedade for dominada por desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o, discurso de \\u0026#243;dio e coisas do tipo, isso pode ser algo que divide.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Pode colocar alguns grupos de pessoas ou algumas comunidades contra outras, ou alguns indiv\\u0026#237;duos contra outros. E isso \\u0026#233; muito prejudicial para n\\u0026#243;s como sociedade, como comunidade.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Ag\\u0026#234;ncia Brasil\\u0026lt;/span\\u0026gt;: A desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o pode ser considerada o principal risco global para 2025 e para os pr\\u0026#243;ximos anos? O que pode ser fazer a respeito?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Jelassi\\u0026lt;/span\\u0026gt;: Sim, mas n\\u0026#227;o sou eu quem pensa assim. S\\u0026#227;o duas fontes que temos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Ag\\u0026#234;ncia Brasil\\u0026lt;/span\\u0026gt;: O senhor acredita que precisamos unir for\\u0026#231;as para enfrentar todos esses problemas e tornar o ciberespa\\u0026#231;o um lugar mais confi\\u0026#225;vel?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Jelassi\\u0026lt;/span\\u0026gt;: Absolutamente. Por que precisamos unir for\\u0026#231;as em n\\u0026#237;vel internacional, em n\\u0026#237;vel global? Porque as plataformas digitais s\\u0026#227;o globais. Elas n\\u0026#227;o reconhecem limites ou fronteiras nacionais. Elas espalham a palavra. Elas s\\u0026#227;o globais por natureza.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Se voc\\u0026#234; usa qualquer uma dessas plataformas digitais ou m\\u0026#237;dias sociais, voc\\u0026#234; as usa no Brasil, voc\\u0026#234; as usa em qualquer pa\\u0026#237;s do mundo. Ent\\u0026#227;o, se n\\u0026#227;o unirmos for\\u0026#231;as por meio de a\\u0026#231;\\u0026#245;es globais, n\\u0026#227;o poderemos combater efetivamente a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o que acontece nas plataformas digitais.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Claro, cada pa\\u0026#237;s precisa ter uma regulamenta\\u0026#231;\\u0026#227;o sobre isso. Mas precisamos ter uma abordagem verdadeira porque somente unindo for\\u0026#231;as internacionalmente \\u0026#233; que podemos combater esse risco global. E a tecnologia n\\u0026#227;o conhece barreiras.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Ag\\u0026#234;ncia Brasil:\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;Como buscar um uso respons\\u0026#225;vel e transparente das plataformas, al\\u0026#233;m de uma melhor modera\\u0026#231;\\u0026#227;o de conte\\u0026#250;do por parte das empresas de tecnologia?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Jelassi:\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;Boa pergunta. Mais uma vez, n\\u0026#227;o estamos falando de utopia. Quando falamos sobre governan\\u0026#231;a efetiva de plataformas digitais, isso n\\u0026#227;o \\u0026#233; uma ilus\\u0026#227;o.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Pode efetivamente ser feito. Vou dar um exemplo de uma plataforma digital que tem mais de 1,5 milh\\u0026#227;o de usu\\u0026#225;rios ativos e onde n\\u0026#227;o vemos discurso de \\u0026#243;dio, n\\u0026#227;o vemos ass\\u0026#233;dio \\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-style: italic;\\u0026quot;\\u0026gt;online\\u0026lt;/span\\u0026gt;, n\\u0026#227;o vemos desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o: LinkedIn. Sou um usu\\u0026#225;rio di\\u0026#225;rio.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Talvez e uma hora a uma hora e meia todos os dias. \\u0026#201; uma plataforma, como eu disse, com mais de 1,5 milh\\u0026#227;o de pessoas, mas que est\\u0026#225; cumprindo sua miss\\u0026#227;o, est\\u0026#225; atraindo pessoas – especialmente profissionais. Est\\u0026#225; funcionando.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;N\\u0026#227;o precisamos acreditar que qualquer plataforma, por natureza, tem que ser uma for\\u0026#231;a para o mal ou deve necessariamente espalhar informa\\u0026#231;\\u0026#245;es falsas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Se elas tiverem os algoritmos adequados, se seguirem os princ\\u0026#237;pios que mencionei antes, se tiverem a curadoria de conte\\u0026#250;do adequada, a modera\\u0026#231;\\u0026#227;o de conte\\u0026#250;do adequada, filtrando mensagens de viol\\u0026#234;ncia, mensagens de \\u0026#243;dio, podem funcionar.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;As empresas de tecnologia n\\u0026#227;o deveriam deixar que esse tipo de coisa fosse disseminado e exibido em todo o mundo atrav\\u0026#233;s de suas plataformas. Elas gerenciam as plataformas, n\\u0026#227;o os usu\\u0026#225;rios.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Claro, h\\u0026#225; um modelo de neg\\u0026#243;cios por tr\\u0026#225;s disso. O que atrai as pessoas? A desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o. Porque not\\u0026#237;cias falsas geram barulho. E as pessoas n\\u0026#227;o sabem que elas s\\u0026#227;o necessariamente falsas. As pessoas dizem:\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;‘Nossa, deixe-me compartilhar isso com um amigo’. Assim, a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o \\u0026#233; compartilhada em grande escala. Quanto mais voc\\u0026#234; dissemina esse tipo de informa\\u0026#231;\\u0026#227;o, mais pessoas clicam nela.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Quanto mais cliques, mais empresas anunciam online nessa plataforma. E, com mais publicidade online, mais lucro.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Podemos ver como o modelo de neg\\u0026#243;cios, de certa forma, n\\u0026#227;o exatamente favorece a desinforma\\u0026#231;\\u0026#227;o, mas permite que ela aconte\\u0026#231;a. Por isso, as empresas de plataformas digitais t\\u0026#234;m a responsabilidade prim\\u0026#225;ria de agir.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Ag\\u0026#234;ncia Brasil:\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;O senhor pode falar um pouco sobre a tem\\u0026#225;tica da transforma\\u0026#231;\\u0026#227;o digital do setor p\\u0026#250;blico, que ser\\u0026#225; discutida em junho em uma confer\\u0026#234;ncia global organizada pela Unesco?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;span style=\\u0026quot;font-weight: bold;\\u0026quot;\\u0026gt;Jelassi:\\u0026lt;/span\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;A Unesco est\\u0026#225; organizando uma confer\\u0026#234;ncia global nos dias 4 e 5 de junho de 2025, em sua sede, em Paris, sobre intelig\\u0026#234;ncia artificial e transforma\\u0026#231;\\u0026#227;o digital no setor p\\u0026#250;blico.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Acreditamos que, para que qualquer pa\\u0026#237;s e qualquer governo possam melhorar seus servi\\u0026#231;os aos cidad\\u0026#227;os, eles precisam usar tecnologias digitais, precisam transformar seu relacionamento com os cidad\\u0026#227;os e o tipo de servi\\u0026#231;os e de istra\\u0026#231;\\u0026#227;o p\\u0026#250;blica que oferece aos cidad\\u0026#227;os.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Esse \\u0026#233; o foco desta confer\\u0026#234;ncia. E uma quest\\u0026#227;o espec\\u0026#237;fica que abordaremos \\u0026#233; a constru\\u0026#231;\\u0026#227;o e o desenvolvimento de capacidades. A partir dos nossos estudos, percebemos que, em diversos pa\\u0026#237;ses, muitos servidores p\\u0026#250;blicos n\\u0026#227;o t\\u0026#234;m a compet\\u0026#234;ncia ou o conjunto de habilidades necess\\u0026#225;rias para ter sucesso na transforma\\u0026#231;\\u0026#227;o digital.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Acreditamos que isso esteja no cerne de uma a\\u0026#231;\\u0026#227;o governamental.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A intelig\\u0026#234;ncia artificial \\u0026#233; um facilitador importante para servi\\u0026#231;os digitais inovadores para os cidad\\u0026#227;os. \\u0026#201; por isso que estamos realizando esta confer\\u0026#234;ncia.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A Unesco desempenha um papel fundamental n\\u0026#227;o apenas na advocacia, mas tamb\\u0026#233;m na formula\\u0026#231;\\u0026#227;o de pol\\u0026#237;ticas, no desenvolvimento e na capacita\\u0026#231;\\u0026#227;o. N\\u0026#227;o basta fazer propaganda.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;N\\u0026#227;o basta desenvolver uma pol\\u0026#237;tica ou estrat\\u0026#233;gia a ser implementada. \\u0026#201; preciso ter recursos humanos com compet\\u0026#234;ncias e habilidades.\\u0026lt;/p\\u0026gt;","keywords":"desinformação,fake news,regulamentação de redes sociais,risco global 2025,Unesco"}
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Unesco aponta "desinformação" como principal risco global para 2025

A avaliação é do diretor-geral adjunto de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Tawfik Jelassi.

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Imagem ilustrativa da notícia Unesco aponta "desinformação" como principal risco global para 2025 camera Em entrevista, o diretor-geral adjunto de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Tawfik Jelassi, defendeu a regulamentação das redes sociais por todos os países e um pacto global para combater a desinformação no ambiente virtual. | Foto: Marcelo Camargo /Agência Brasil

A desinformação figura como principal risco global para 2025 e para os anos que estão por vir – à frente das mudanças climáticas, da crise ambiental, dos fluxos migratórios, da violência e do terrorismo.

A avaliação é do diretor-geral adjunto de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Tawfik Jelassi, que esteve no Brasil na última semana para participar do Seminário Internacional Cetic.br 20 anos – Dados e Análises para um Futuro Digital Inclusivo.

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“Os países não estão preparados o suficiente para combater a desinformação. Eles são vulneráveis ao impacto negativo da desinformação, o que é uma questão muito importante. Portanto, sim, a desinformação é o risco global número um hoje e ao longo dos próximos anos e todos os países do mundo precisam agir para combatê-la.”

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Em entrevista à Agência Brasil, ele defendeu a regulamentação das redes sociais por todos os países e um pacto global para combater a desinformação no ambiente virtual.

Ele destacou, entretanto, que a responsabilidade primária pelo combate às fake news deve ser das empresas de plataformas digitais que têm a obrigação de agir.

"As plataformas digitais são globais. Elas não reconhecem limites ou fronteiras nacionais. Se não unirmos forças por meio de ações globais, não poderemos combater efetivamente a desinformação que acontece nas plataformas digitais", afirmou.

"Cada país precisa ter uma regulamentação sobre isso. Mas precisamos ter uma abordagem verdadeira porque somente unindo forças internacionalmente é que podemos combater esse risco global. E a tecnologia não conhece barreiras", completou o especialista que tem doutorado em Sistemas de Informações Gerenciais pela Universidade de Nova York.

Jelassi citou um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts que aponta que mentiras se espalham 10 vezes mais rápido que a verdade. "Uma vez que se espalham como fogo, o dano já está feito. Como podemos desfazê-lo? Não podemos. Mesmo que se tente retificar essa informação, o dano já aconteceu. Então, precisamos prevenir, precisamos combater a desinformação."

A Unesco está organizando uma conferência global em junho para debater temas como inteligência artificial e transformação digital no setor público.

Para Jelassi, é necessário que o setor público acompanhe a transformação digital do mundo oferecendo aos seus cidadãos serviços de melhor qualidade utilizando tecnologias. Para isso, ele defende que os países coloquem como centro das políticas públicas o investimento no desenvolvimento de capacidades e habilidades dos seus recursos humanos.

"Uma questão específica que abordaremos [na conferência] é a construção e o desenvolvimento de capacidades. A partir dos nossos estudos, percebemos que, em diversos países, muitos servidores públicos não têm a competência ou o conjunto de habilidades necessárias para ter sucesso na transformação digital. Acreditamos que isso esteja no cerne de uma ação governamental."

Principais trechos da entrevista

Agência Brasil: O senhor disse, certa vez, que um dos desafios e oportunidades mais importantes da nossa era é transformar tecnologias digitais em uma força para o bem. Como tem funcionado o trabalho que a Unesco realiza no sentido de contribuir para essa questão?

Towfik Jelassi: A tecnologia, de certa forma, é neutra. As pessoas podem usá-la de forma positiva ou negativa. Ela apresenta oportunidades, mas também riscos.

Quando digo que a tecnologia deve ser usada como uma força para o bem, cito um exemplo: devemos usá-la para combater a desinformação, sobretudo no que diz respeito à inteligência artificial. Devemos ser capazes de detectar informações não factuais.

Devemos ajudar na moderação e na curadoria de conteúdo. Não queremos que a tecnologia seja usada para prejudicar as pessoas, para prejudicar as sociedades. Não queremos que a tecnologia se torne um perigo.

A Unesco acredita firmemente que a informação e, claro, as tecnologias da informação e a comunicação devem ser um bem público comum e não um dano público.

A tecnologia não só pode como já foi usada como uma força para o bem. Por exemplo: na saúde, na agricultura, no combate às mudanças climáticas e em soluções para a crise ambiental. Esses são usos positivos da tecnologia. Mas também temos que combater a desinformação, o discurso de ódio e outros conteúdos online prejudiciais.

Agência Brasil: Alguns dos trabalhos recentes propostos pela Unesco incluem recomendações sobre a ética no uso da inteligência artificial. O senhor pode falar um pouco sobre isso?

Jelassi: Em 2018, a Unesco iniciou um projeto massivo em torno do uso ético da inteligência artificial – pelo menos três ou quatro anos antes do surgimento do ChatGPT e da inteligência artificial interativa.

A Unesco é reconhecida por ser, de certa forma, o think tank [laboratório de ideias] do sistema das Nações Unidas, uma espécie de antecipadora das mudanças que virão e de seus impactos, inclusive no que diz respeito à tecnologia.

Então, em 2018, a Unesco içou a bandeira do que estávamos prestes a ver: o avanço de uma tecnologia muito sofisticada chamada inteligência artificial, que pode ser usada como uma força para o bem, mas que também apresenta riscos e perigos.

A Unesco pediu responsabilidade ética dentro do uso da inteligência artificial. O trabalho incluiu consultas globais abertas e, claro, trabalhos de especialistas mundiais sobre o assunto, o que culminou, em 2021, com os 193 Estados-membros aprovando as Recomendações sobre a Ética na Inteligência Artificial.

Esse foi o primeiro instrumento normativo global desenvolvido sobre esse assunto e fico feliz em dizer que, hoje, temos 70 países ao redor do mundo que estão implementando essas recomendações para o uso ético e responsável da inteligência artificial.

Agência Brasil: Onde se encontra o Brasil neste processo?

Jelassi: O Brasil está bastante avançado e está entre os países que, claro, votaram a favor desta recomendação global da Unesco.

Agência Brasil: A Unesco tem apelado ao uso responsável e ético da inteligência artificial. Como estão as coisas neste momento e o que precisa mudar em relação a essa temática?

Jelassi: Existe um diferencial importante entre as tecnologias digitais: elas se desenvolvem numa velocidade muitíssimo alta, que países e entidades reguladoras não conseguem acompanhar.

É o que acontece quando se tem uma tecnologia como a inteligência artificial, que impacta tantos setores. Por exemplo: um professor não pode mais aplicar uma prova para que os alunos levem para casa porque sabe que a resposta virá do ChatGPT e todos os alunos arão na prova.

Então, hoje, não vivemos mais um momento que que precisamos melhorar ou reformar a educação. Estamos em uma era onde precisamos transformar a educação, transformar o ensino, transformar a aprendizagem, transformar a avaliação dos alunos.

Este é apenas um exemplo. Posso dar um exemplo também na agricultura, sobre como a inteligência artificial transforma a maneira como os agricultores cuidam de seus negócios.

Hoje, você pode saber, com base no tipo de solo, clima, cultivo, água e irrigação qual a melhor semente a ser cultivada em uma determinada terra, além do uso de fertilizantes personalizados – não mais de fertilizantes genéricos, mas fertilizantes personalizados para ajudar a otimizar o campo de cultivo.

Tudo isso graças ao big data, à análise de dados, aos algoritmos preditivos, aos sistemas de informação geográfica, a imagens de satélite, às fotos tiradas com drones. A tecnologia hoje está no cerne da agricultura. E quem teria pensado nisso, mesmo alguns anos atrás?

A tecnologia impacta todos os setores, todas as indústrias, nossas vidas, nós mesmos como indivíduos, a sociedade em geral. Portanto, temos que exigir o uso responsável e ético da inteligência artificial, que respeite a dignidade humana, a privacidade de dados e os direitos humanos.

Agência Brasil: O senhor pode falar um pouco sobre as diretrizes da Unesco voltadas especificamente para gestores de plataformas digitais e que visam combater a desinformação, o discurso de ódio e outros conteúdos online?

Jelassi: Esse é um tópico muito importante hoje porque todos nós, cidadãos do mundo, amos várias horas por dia em mídias sociais ou plataformas digitais.

Estudos mostram que uma porcentagem bastante significativa de pessoas está conectada a mídias sociais e plataformas digitais – do minuto em que acordam pela manhã até a hora de dormir.

Elas têm, em média, entre sete e oito horas por dia de conexão com as mídias sociais. Quando estão no trabalho, quando estão em movimento, quando estão almoçando ou jantando, elas ainda estão conectadas.

Essa é a realidade de hoje. Mas nem tudo o que vemos online é informação factual, é informação verificada, é dado objetivo. Não podemos confiar em tudo porque há, como você mesma disse, uma quantidade crescente de desinformação e informações falsas.

Sabemos que, especialmente pelo meio digital, mentiras são transmitidas muito mais rápido que a verdade. Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Boston, revelou que mentiras viajam 10 vezes mais rápido que a verdade.

Mas, uma vez que se espalham como fogo, o dano já está feito. Como podemos desfazê-lo? Não podemos. Mesmo que se tente retificar essa informação, o dano já aconteceu.

Então, precisamos prevenir, precisamos combater a desinformação. Ela é muito, muito prejudicial. Temos que garantir que sejam fatos e não informações falsas que são disseminadas online. Permita-me citar Maria Ressa, jornalista filipina que recebeu o Nobel da Paz de 2021. Ela disse:

‘Sem fatos, não há verdade. Sem verdade, não há confiança. E sem confiança, não temos uma realidade compartilhada’. Todos podem ter sua opinião, mas devem ser os fatos o conteúdo a ser compartilhado.

É a realidade que deve ser compartilhada. Ninguém pode apresentar seus próprios fatos ou sua própria realidade. Sobretudo quando esses fatos estão errados e podem manipular as pessoas, podem influenciar as pessoas.

Sabemos que a informação, a liberdade de expressão e a liberdade de mídia são a pedra angular da sociedade democrática e precisamos preservá-las. Porque, se nossa sociedade for dominada por desinformação, discurso de ódio e coisas do tipo, isso pode ser algo que divide.

Pode colocar alguns grupos de pessoas ou algumas comunidades contra outras, ou alguns indivíduos contra outros. E isso é muito prejudicial para nós como sociedade, como comunidade.

Agência Brasil: A desinformação pode ser considerada o principal risco global para 2025 e para os próximos anos? O que pode ser fazer a respeito?

Jelassi: Sim, mas não sou eu quem pensa assim. São duas fontes que temos.

Agência Brasil: O senhor acredita que precisamos unir forças para enfrentar todos esses problemas e tornar o ciberespaço um lugar mais confiável?

Jelassi: Absolutamente. Por que precisamos unir forças em nível internacional, em nível global? Porque as plataformas digitais são globais. Elas não reconhecem limites ou fronteiras nacionais. Elas espalham a palavra. Elas são globais por natureza.

Se você usa qualquer uma dessas plataformas digitais ou mídias sociais, você as usa no Brasil, você as usa em qualquer país do mundo. Então, se não unirmos forças por meio de ações globais, não poderemos combater efetivamente a desinformação que acontece nas plataformas digitais.

Claro, cada país precisa ter uma regulamentação sobre isso. Mas precisamos ter uma abordagem verdadeira porque somente unindo forças internacionalmente é que podemos combater esse risco global. E a tecnologia não conhece barreiras.

Agência Brasil: Como buscar um uso responsável e transparente das plataformas, além de uma melhor moderação de conteúdo por parte das empresas de tecnologia?

Jelassi: Boa pergunta. Mais uma vez, não estamos falando de utopia. Quando falamos sobre governança efetiva de plataformas digitais, isso não é uma ilusão.

Pode efetivamente ser feito. Vou dar um exemplo de uma plataforma digital que tem mais de 1,5 milhão de usuários ativos e onde não vemos discurso de ódio, não vemos assédio online, não vemos desinformação: LinkedIn. Sou um usuário diário.

Talvez e uma hora a uma hora e meia todos os dias. É uma plataforma, como eu disse, com mais de 1,5 milhão de pessoas, mas que está cumprindo sua missão, está atraindo pessoas – especialmente profissionais. Está funcionando.

Não precisamos acreditar que qualquer plataforma, por natureza, tem que ser uma força para o mal ou deve necessariamente espalhar informações falsas.

Se elas tiverem os algoritmos adequados, se seguirem os princípios que mencionei antes, se tiverem a curadoria de conteúdo adequada, a moderação de conteúdo adequada, filtrando mensagens de violência, mensagens de ódio, podem funcionar.

As empresas de tecnologia não deveriam deixar que esse tipo de coisa fosse disseminado e exibido em todo o mundo através de suas plataformas. Elas gerenciam as plataformas, não os usuários.

Claro, há um modelo de negócios por trás disso. O que atrai as pessoas? A desinformação. Porque notícias falsas geram barulho. E as pessoas não sabem que elas são necessariamente falsas. As pessoas dizem:

‘Nossa, deixe-me compartilhar isso com um amigo’. Assim, a desinformação é compartilhada em grande escala. Quanto mais você dissemina esse tipo de informação, mais pessoas clicam nela.

Quanto mais cliques, mais empresas anunciam online nessa plataforma. E, com mais publicidade online, mais lucro.

Podemos ver como o modelo de negócios, de certa forma, não exatamente favorece a desinformação, mas permite que ela aconteça. Por isso, as empresas de plataformas digitais têm a responsabilidade primária de agir.

Agência Brasil: O senhor pode falar um pouco sobre a temática da transformação digital do setor público, que será discutida em junho em uma conferência global organizada pela Unesco?

Jelassi: A Unesco está organizando uma conferência global nos dias 4 e 5 de junho de 2025, em sua sede, em Paris, sobre inteligência artificial e transformação digital no setor público.

Acreditamos que, para que qualquer país e qualquer governo possam melhorar seus serviços aos cidadãos, eles precisam usar tecnologias digitais, precisam transformar seu relacionamento com os cidadãos e o tipo de serviços e de istração pública que oferece aos cidadãos.

Esse é o foco desta conferência. E uma questão específica que abordaremos é a construção e o desenvolvimento de capacidades. A partir dos nossos estudos, percebemos que, em diversos países, muitos servidores públicos não têm a competência ou o conjunto de habilidades necessárias para ter sucesso na transformação digital.

Acreditamos que isso esteja no cerne de uma ação governamental.

A inteligência artificial é um facilitador importante para serviços digitais inovadores para os cidadãos. É por isso que estamos realizando esta conferência.

A Unesco desempenha um papel fundamental não apenas na advocacia, mas também na formulação de políticas, no desenvolvimento e na capacitação. Não basta fazer propaganda.

Não basta desenvolver uma política ou estratégia a ser implementada. É preciso ter recursos humanos com competências e habilidades.

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