{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","mainEntityOfPage":"/noticias/mundo-noticias/684108/homem-preto-condenado-injustamente-e-solto-apos-43-anos","headline":"Homem preto condenado injustamente é solto após 43 anos","datePublished":"2021-11-23T21:58:44-03:00","dateModified":"2021-11-23T22:11:44-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Patrícia Pamplona/Folhapress","url":"/noticias/mundo-noticias/684108/homem-preto-condenado-injustamente-e-solto-apos-43-anos"},"image":"/img/Artigo-Destaque/680000/kevin-strickland_00684108_0_.jpg?xid=1664486","publisher":{"@type":"Organization","name":"DOL","url":"/","logo":"/themes/DOL/img/logoDOL.png","Point":{"@type":"Point","Type":"Customer ","telephone":"+55-91-98412-6477","email":"[email protected]"},"address":{"@type":"PostalAddress","streetAddress":"Rua Gaspar Viana, 773/7","addressLocality":"Belém","addressRegion":"PA","postalCode":"66053-090","addressCountry":"BR"}},"description":"Kevin Strickland, que assistia à TV em casa na hora do assassinato, ficou 43 anos preso.","articleBody":"\\u0026lt;p\\u0026gt;Ap\\u0026#243;s um\\r\\nhomic\\u0026#237;dio triplo na noite de 25 de abril de 1978, dois homens se declararam\\r\\nculpados e foram condenados a 20 anos de pris\\u0026#227;o. Um terceiro suspeito nunca foi\\r\\nindiciado, e um quarto, um adolescente de 16 anos, escapou da acusa\\u0026#231;\\u0026#227;o.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;J\\u0026#225; um quinto\\r\\nhomem, Kevin Strickland, que assistia \\u0026#224; TV em casa na hora do assassinato,\\r\\nficou 43 anos preso. Negro, ele foi condenado por um j\\u0026#250;ri formado apenas por\\r\\npessoas brancas \\u0026#224; pris\\u0026#227;o perp\\u0026#233;tua, sem direito de condicional por 50 anos.\\r\\nNesta ter\\u0026#231;a (23), ele conseguiu ter sua senten\\u0026#231;a anulada e deixar\\u0026#225; o c\\u0026#225;rcere.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O caso em\\r\\nKansas City \\u0026#233; o mais longo de uma condena\\u0026#231;\\u0026#227;o injusta confirmada no estado de\\r\\nMissouri e um dos mais longos dos EUA, segundo o jornal americano The\\r\\nWashington Post. A hist\\u0026#243;ria do fim da d\\u0026#233;cada de 1970 foi um acerto de contas,\\r\\nno qual Strickland acabou envolvido por engano.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Naquela\\r\\nnoite, ele parou para conversar com quatro conhecidos da vizinhan\\u0026#231;a, em frente\\r\\n\\u0026#224; sua casa. Eram Vincent Bell, ent\\u0026#227;o com 21 anos -Strickland era amigo da irm\\u0026#227;\\r\\ndele e fazia bico de motorista para o pai dos dois-, Kilm Adkins, 19, Terry\\r\\nAbbott, 21, e um adolescente de 16 anos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Strickland\\r\\nlogo deixou o grupo para ficar com sua filha, uma beb\\u0026#234; de sete semanas, e os\\r\\ndemais dirigiram-se \\u0026#224; casa de Larry Ingram, 21. Adkins e Abbott haviam\\r\\ndiscutido como poderiam se vingar por terem sido trapaceados em um jogo de\\r\\ndados no qual perderam US$ 300.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Chegando ao\\r\\nim\\u0026#243;vel alugado que Ingram usava para a jogatina, eles amarraram o anfitri\\u0026#227;o e o\\r\\nmataram a tiros, assassinando tamb\\u0026#233;m dois amigos que estavam com ele. A\\r\\nnamorada, Cynthia Douglas, 20, sobreviveu, apenas com ferimentos n\\u0026#227;o letais na\\r\\nperna, depois de se fingir de morta, segundo os registros dos tribunais.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Enquanto\\r\\nisso, Strickland jantou com familiares, falou ao telefone e ficou jogando em\\r\\ncasa, onde itiu ter bebido e fumado, de acordo com o Washington Post. \\u0026#192;s\\r\\n22h, soube do crime pela TV. Nada o ligava ao crime, e seus familiares\\r\\nconfirmaram o \\u0026#225;libi. Ainda assim, na manh\\u0026#227; seguinte, enquanto a m\\u0026#227;e de sua\\r\\nfilha deixava a beb\\u0026#234;, a pol\\u0026#237;cia bateu \\u0026#224; porta. Ele foi levado para delegacia e\\r\\ndemorou a perceber que era acusado de algo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Quando se\\r\\ndeu conta, Strickland pediu para que um reconhecimento fosse feito. Douglas,\\r\\nainda suja de sangue -segundo ela depois relatou ao seu amigo Eric Wesson, hoje\\r\\neditor do jornal Kansas City Call-, foi chamada \\u0026#224; delegacia. Registros dos\\r\\ntribunais indicam que ela se lembra de policiais induzindo-a a apontar para\\r\\nStrickland: \\u0026quot;Voc\\u0026#234; vai poder seguir em frente e n\\u0026#227;o se preocupar mais com\\r\\nesses caras\\u0026quot;.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O caso ent\\u0026#227;o\\r\\nfoi montado. O primeiro julgamento, em 1979, foi completamente baseado no\\r\\ndepoimento da sobrevivente, que, segundo o Post, ficava cada vez mais\\r\\nconvencida de ter visto Strickland, ainda que tenha expressado falta de certeza\\r\\n\\u0026#224; pol\\u0026#237;cia em um primeiro momento.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Questionada\\r\\npelo procurador do condado se havia d\\u0026#250;vidas se quem estava com a arma era\\r\\nStrickland, a jovem respondeu: \\u0026quot;\\u0026#201; um fato\\u0026quot;. O j\\u0026#250;ri, no entanto, n\\u0026#227;o\\r\\nchegou a um consenso, pois o \\u0026#250;nico integrante negro se recusou a consider\\u0026#225;-lo\\r\\nculpado. Em um novo julgamento, desta vez com um j\\u0026#250;ri totalmente formado por\\r\\npessoas brancas, ele foi considerado culpado pelo homic\\u0026#237;dio triplo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Strickland\\r\\nchorou muito ao ouvir a decis\\u0026#227;o. Seu irm\\u0026#227;o, L.R. Strickland, disse ao\\r\\nWashington Post ter ficado aliviado pelo fato de a senten\\u0026#231;a n\\u0026#227;o ter sido de\\r\\npena de morte, mas pris\\u0026#227;o perp\\u0026#233;tua.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Na\\r\\nsequ\\u0026#234;ncia, come\\u0026#231;ou uma batalha para a defesa de sua inoc\\u0026#234;ncia. Dois meses ap\\u0026#243;s\\r\\no crime, em junho de 1978, Bell e Adkins j\\u0026#225; haviam sido presos pelo\\r\\nenvolvimento no caso. Abbott chegou a ser considerado suspeito, mas ele e o\\r\\nadolescente de 16 anos n\\u0026#227;o foram indiciados.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Quatro meses\\r\\nap\\u0026#243;s Strickland ser preso, Bell disse ao tribunal que Douglas fez uma confus\\u0026#227;o\\r\\nao lig\\u0026#225;-lo ao caso. Mais uma vez, em 1979, ele repetiu: \\u0026quot;Estou falando a\\r\\nverdade a voc\\u0026#234;s hoje, que Kevin Strickland n\\u0026#227;o estava na casa naquele\\r\\ndia\\u0026quot;. Bell, que morreu no in\\u0026#237;cio deste ano aos 64, e Adkins se declararam\\r\\nculpados e receberam uma pena de 20 anos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Douglas\\r\\ndepois tentou reverter seu depoimento, segundo o Post. A primeira vez que foi\\r\\nat\\u0026#233; um procurador, no entanto, ele a amea\\u0026#231;ou com uma acusa\\u0026#231;\\u0026#227;o de falso\\r\\ntestemunho. Algo parecido se deu novamente nos anos 1990.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Em 2004 e em\\r\\n2009, ela procurou Wesson, do Kansas City Call, em busca de ajuda. Na segunda\\r\\nvez, ele sugeriu procurar o Midwest Innocence Project, organiza\\u0026#231;\\u0026#227;o sem fins\\r\\nlucrativos que auxilia condenados injustamente.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Strickland\\r\\ntamb\\u0026#233;m fora \\u0026#224; institui\\u0026#231;\\u0026#227;o. Quando Tricia Rojo Bushnell, hoje sua advogada e\\r\\ndiretora da organiza\\u0026#231;\\u0026#227;o, entrou para o projeto em 2013, foi designada a\\r\\nanalisar inscri\\u0026#231;\\u0026#245;es antigas e se deparou com o caso. Imediatamente, segundo o\\r\\nPost, ela viu uma condena\\u0026#231;\\u0026#227;o inst\\u0026#225;vel.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O caminho de\\r\\nStrickland, no entanto, ainda teria mais um obst\\u0026#225;culo. Douglas morreu em 2015,\\r\\naos 57 anos, sem conseguir retificar seu depoimento. \\u0026#192;quela altura, ele achou\\r\\nque as chances para a anula\\u0026#231;\\u0026#227;o de seu julgamento haviam acabado. \\u0026quot;Eu acho\\r\\nque xinguei Deus: \\u0026#39;Por que eu? Por que voc\\u0026#234; me provocou assim, Deus?\\u0026#39;\\u0026quot;,\\r\\nele contou ao jornal americano.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Sua sorte\\r\\ncome\\u0026#231;ou a mudar quando o jornal Kansas City Star revisitou seu caso, no ano\\r\\nado. Meses mais tarde, Bushnell entrou em contato com a promotora do\\r\\ncondado de Jackson, Jean Peters Baker, pedindo uma investiga\\u0026#231;\\u0026#227;o. Entre as novas\\r\\ndescobertas estavam dezenas de impress\\u0026#245;es digitais, incluindo as da arma utilizada\\r\\nnos assassinatos, e nenhuma pertencia a Strickland.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O caso\\r\\nnovamente estava montado, desta vez a favor de Strickland. Ainda assim, o\\r\\nprocurador-geral de Missouri, o republicano Eric Schmitt -que deve concorrer ao\\r\\nSenado em 2022-, disse acreditar que ele era o autor dos assassinatos. O\\r\\ngovernador Mike Parson, tamb\\u0026#233;m republicano, concordou e afirmou que o perd\\u0026#227;o\\r\\nn\\u0026#227;o era uma prioridade -apesar de ter concedido indulto a Mark e Patricia\\r\\nMcCloskey, casal branco que saiu de casa armado e amea\\u0026#231;ou manifestantes\\r\\nantirracismo no ano ado.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Os\\r\\nporta-vozes de Parson e Schmitt n\\u0026#227;o responderam ao Washington Post.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Mesmo sem\\r\\nesse apoio, Strickland foi novamente a julgamento. \\u0026quot;Diante dessa\\r\\ncircunst\\u0026#226;ncia \\u0026#250;nica, a confian\\u0026#231;a do tribunal na condena\\u0026#231;\\u0026#227;o est\\u0026#225; t\\u0026#227;o abalada que\\r\\nn\\u0026#227;o pode ser mantida, e o julgamento da condena\\u0026#231;\\u0026#227;o deve ser anulado\\u0026quot;,\\r\\ndeterminou o juiz James Welsh nesta ter\\u0026#231;a. \\u0026quot;O estado de Missouri deve\\r\\nimediatamente libertar Kevin Bernard Strickland de sua cust\\u0026#243;dia.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Agora,\\r\\nStrickland pode vislumbrar a realiza\\u0026#231;\\u0026#227;o de dois sonhos: visitar o t\\u0026#250;mulo de sua\\r\\nm\\u0026#227;e, morta em agosto aos 85 anos sem ver o filho em liberdade, e ver o mar pela\\r\\nprimeira vez.\\u0026lt;/p\\u0026gt;","keywords":"KEVIN ESTADOS UNIDOS 43 ANOS RACISMO SOLTO"}
plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 27°
cotação atual R$


home
ESTADOS UNIDOS

Homem preto condenado injustamente é solto após 43 anos

Kevin Strickland, que assistia à TV em casa na hora do assassinato, ficou 43 anos preso. O júri, composto só por homens brancos, considerou o homem culpado.

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia Homem preto condenado injustamente é solto após 43 anos camera Kevin Strickland, agora com 62 anos, foi condenado em julho de 1979, quando tinha apenas 18 | Reprodução

Após um homicídio triplo na noite de 25 de abril de 1978, dois homens se declararam culpados e foram condenados a 20 anos de prisão. Um terceiro suspeito nunca foi indiciado, e um quarto, um adolescente de 16 anos, escapou da acusação.

Já um quinto homem, Kevin Strickland, que assistia à TV em casa na hora do assassinato, ficou 43 anos preso. Negro, ele foi condenado por um júri formado apenas por pessoas brancas à prisão perpétua, sem direito de condicional por 50 anos. Nesta terça (23), ele conseguiu ter sua sentença anulada e deixará o cárcere.

O caso em Kansas City é o mais longo de uma condenação injusta confirmada no estado de Missouri e um dos mais longos dos EUA, segundo o jornal americano The Washington Post. A história do fim da década de 1970 foi um acerto de contas, no qual Strickland acabou envolvido por engano.

Naquela noite, ele parou para conversar com quatro conhecidos da vizinhança, em frente à sua casa. Eram Vincent Bell, então com 21 anos -Strickland era amigo da irmã dele e fazia bico de motorista para o pai dos dois-, Kilm Adkins, 19, Terry Abbott, 21, e um adolescente de 16 anos.

Strickland logo deixou o grupo para ficar com sua filha, uma bebê de sete semanas, e os demais dirigiram-se à casa de Larry Ingram, 21. Adkins e Abbott haviam discutido como poderiam se vingar por terem sido trapaceados em um jogo de dados no qual perderam US$ 300.

Chegando ao imóvel alugado que Ingram usava para a jogatina, eles amarraram o anfitrião e o mataram a tiros, assassinando também dois amigos que estavam com ele. A namorada, Cynthia Douglas, 20, sobreviveu, apenas com ferimentos não letais na perna, depois de se fingir de morta, segundo os registros dos tribunais.

Enquanto isso, Strickland jantou com familiares, falou ao telefone e ficou jogando em casa, onde itiu ter bebido e fumado, de acordo com o Washington Post. Às 22h, soube do crime pela TV. Nada o ligava ao crime, e seus familiares confirmaram o álibi. Ainda assim, na manhã seguinte, enquanto a mãe de sua filha deixava a bebê, a polícia bateu à porta. Ele foi levado para delegacia e demorou a perceber que era acusado de algo.

Quando se deu conta, Strickland pediu para que um reconhecimento fosse feito. Douglas, ainda suja de sangue -segundo ela depois relatou ao seu amigo Eric Wesson, hoje editor do jornal Kansas City Call-, foi chamada à delegacia. Registros dos tribunais indicam que ela se lembra de policiais induzindo-a a apontar para Strickland: "Você vai poder seguir em frente e não se preocupar mais com esses caras".

O caso então foi montado. O primeiro julgamento, em 1979, foi completamente baseado no depoimento da sobrevivente, que, segundo o Post, ficava cada vez mais convencida de ter visto Strickland, ainda que tenha expressado falta de certeza à polícia em um primeiro momento.

Questionada pelo procurador do condado se havia dúvidas se quem estava com a arma era Strickland, a jovem respondeu: "É um fato". O júri, no entanto, não chegou a um consenso, pois o único integrante negro se recusou a considerá-lo culpado. Em um novo julgamento, desta vez com um júri totalmente formado por pessoas brancas, ele foi considerado culpado pelo homicídio triplo.

Strickland chorou muito ao ouvir a decisão. Seu irmão, L.R. Strickland, disse ao Washington Post ter ficado aliviado pelo fato de a sentença não ter sido de pena de morte, mas prisão perpétua.

Na sequência, começou uma batalha para a defesa de sua inocência. Dois meses após o crime, em junho de 1978, Bell e Adkins já haviam sido presos pelo envolvimento no caso. Abbott chegou a ser considerado suspeito, mas ele e o adolescente de 16 anos não foram indiciados.

Quatro meses após Strickland ser preso, Bell disse ao tribunal que Douglas fez uma confusão ao ligá-lo ao caso. Mais uma vez, em 1979, ele repetiu: "Estou falando a verdade a vocês hoje, que Kevin Strickland não estava na casa naquele dia". Bell, que morreu no início deste ano aos 64, e Adkins se declararam culpados e receberam uma pena de 20 anos.

Douglas depois tentou reverter seu depoimento, segundo o Post. A primeira vez que foi até um procurador, no entanto, ele a ameaçou com uma acusação de falso testemunho. Algo parecido se deu novamente nos anos 1990.

Em 2004 e em 2009, ela procurou Wesson, do Kansas City Call, em busca de ajuda. Na segunda vez, ele sugeriu procurar o Midwest Innocence Project, organização sem fins lucrativos que auxilia condenados injustamente.

Strickland também fora à instituição. Quando Tricia Rojo Bushnell, hoje sua advogada e diretora da organização, entrou para o projeto em 2013, foi designada a analisar inscrições antigas e se deparou com o caso. Imediatamente, segundo o Post, ela viu uma condenação instável.

O caminho de Strickland, no entanto, ainda teria mais um obstáculo. Douglas morreu em 2015, aos 57 anos, sem conseguir retificar seu depoimento. Àquela altura, ele achou que as chances para a anulação de seu julgamento haviam acabado. "Eu acho que xinguei Deus: 'Por que eu? Por que você me provocou assim, Deus?'", ele contou ao jornal americano.

Sua sorte começou a mudar quando o jornal Kansas City Star revisitou seu caso, no ano ado. Meses mais tarde, Bushnell entrou em contato com a promotora do condado de Jackson, Jean Peters Baker, pedindo uma investigação. Entre as novas descobertas estavam dezenas de impressões digitais, incluindo as da arma utilizada nos assassinatos, e nenhuma pertencia a Strickland.

O caso novamente estava montado, desta vez a favor de Strickland. Ainda assim, o procurador-geral de Missouri, o republicano Eric Schmitt -que deve concorrer ao Senado em 2022-, disse acreditar que ele era o autor dos assassinatos. O governador Mike Parson, também republicano, concordou e afirmou que o perdão não era uma prioridade -apesar de ter concedido indulto a Mark e Patricia McCloskey, casal branco que saiu de casa armado e ameaçou manifestantes antirracismo no ano ado.

Os porta-vozes de Parson e Schmitt não responderam ao Washington Post.

Mesmo sem esse apoio, Strickland foi novamente a julgamento. "Diante dessa circunstância única, a confiança do tribunal na condenação está tão abalada que não pode ser mantida, e o julgamento da condenação deve ser anulado", determinou o juiz James Welsh nesta terça. "O estado de Missouri deve imediatamente libertar Kevin Bernard Strickland de sua custódia."

Agora, Strickland pode vislumbrar a realização de dois sonhos: visitar o túmulo de sua mãe, morta em agosto aos 85 anos sem ver o filho em liberdade, e ver o mar pela primeira vez.

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. e: dol-br.noticiasalagoanas.com/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Mundo Notícias

    Leia mais notícias de Mundo Notícias. Clique aqui!

    Últimas Notícias