{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","mainEntityOfPage":"/noticias/para/843757/tecnobrega-tem-paternidade-disputada-no-para","headline":"Tecnobrega tem \"paternidade\" disputada no Pará","datePublished":"2024-01-11T15:23:26.35-03:00","dateModified":"2024-01-11T15:23:19-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Lucas Brêda/Folhapress","url":"/noticias/para/843757/tecnobrega-tem-paternidade-disputada-no-para"},"image":"/img/Artigo-Destaque/840000/Untitled-design---2024-01-11T151308288_00843757_0_.jpg?xid=2797717","publisher":{"@type":"Organization","name":"DOL","url":"/","logo":"/themes/DOL/img/logoDOL.png","Point":{"@type":"Point","Type":"Customer ","telephone":"+55-91-98412-6477","email":"[email protected]"},"address":{"@type":"PostalAddress","streetAddress":"Rua Gaspar Viana, 773/7","addressLocality":"Belém","addressRegion":"PA","postalCode":"66053-090","addressCountry":"BR"}},"description":"Percussores do estilo musical paraense, Tonny Brasil e Júnior Rêgo disputam a \"paternidade\" do tecnobrega","articleBody":"\\u0026lt;p\\u0026gt;Uns anos atr\\u0026#225;s, o m\\u0026#250;sico paraense Tonny Brasil, que se diz criador do tecnobrega, recebeu uma liga\\u0026#231;\\u0026#227;o dizendo que J\\u0026#250;nior R\\u0026#234;go, colega de profiss\\u0026#227;o, estava no est\\u0026#250;dio da Metropolitana FM, no centro de Bel\\u0026#233;m, falando que era o pai do estilo musical. \\u0026quot;Liguei para a r\\u0026#225;dio, disse para ele ficar ali para conversarmos. Quando cheguei, j\\u0026#225; tinha ido embora.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Aquela entrevista, somada a anos de alfinetadas entre os m\\u0026#250;sicos, marcou um momento de exposi\\u0026#231;\\u0026#227;o mais direta do debate quente no Par\\u0026#225;, novamente em voga depois de Gaby Amarantos ganhar um pr\\u0026#234;mio no \\u0026#250;ltimo Grammy Latino.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;No festival Psica, que reuniu 60 mil pessoas em dezembro, em Bel\\u0026#233;m, ela foi celebrada como rainha, e o pr\\u0026#234;mio, como o maior reconhecimento da hist\\u0026#243;ria de um g\\u0026#234;nero perif\\u0026#233;rico que, apesar de existir h\\u0026#225; mais de duas d\\u0026#233;cadas, ainda carece desse tipo de aprova\\u0026#231;\\u0026#227;o.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Al\\u0026#233;m de Tonny e R\\u0026#234;go, a disputa em torno da paternidade do tecnobrega tem mais um elemento. Jurandy, um dos nomes de maior sucesso nos primeiros anos do g\\u0026#234;nero, tamb\\u0026#233;m \\u0026#233; lembrado como criador do g\\u0026#234;nero.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Mas ele dispensa a alcunha. Prefere o t\\u0026#237;tulo de rei do tecnobrega. \\u0026quot;O pai \\u0026#233; o J\\u0026#250;nior R\\u0026#234;go\\u0026quot;, diz Jurandy. \\u0026quot;O Tonny batizou. N\\u0026#227;o tinha nome, ele comercializou como tecnobrega. Mas n\\u0026#227;o criou a hist\\u0026#243;ria. O que ele gravava era o [brega] rom\\u0026#226;ntico. O J\\u0026#250;nior veio dan\\u0026#231;ante.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Essa disputa esquentou em maio do ano ado, quando a Assembleia Legislativa do Par\\u0026#225; concedeu uma comenda reconhecendo Tonny Brasil como criador do g\\u0026#234;nero. Ele tamb\\u0026#233;m \\u0026#233; tratado dessa maneira em document\\u0026#225;rios sobre o tecnobrega, como \\u0026quot;Brega S/A\\u0026quot; e os extras do DVD \\u0026quot;Tecno Melody Brasil\\u0026quot;, al\\u0026#233;m de reportagens da imprensa local.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Tonny usa a m\\u0026#237;dia e o estado como chancela. \\u0026quot;Me vejo como o criador, e isso agora est\\u0026#225; certificado pelo estado, n\\u0026#227;o se pode mudar. Mas n\\u0026#227;o gosto desse t\\u0026#237;tulo de pai. Dei a ideia, mostrei a possibilidade, n\\u0026#227;o escondi a f\\u0026#243;rmula. Depois, cada um foi para um canto. Quem deu o estopim, \\u0026#233; ineg\\u0026#225;vel, fui eu.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;J\\u0026#250;nior R\\u0026#234;go se sente apagado da hist\\u0026#243;ria. \\u0026quot;Sou o verdadeiro autor do tecnobrega\\u0026quot;, diz. \\u0026quot;Voc\\u0026#234; n\\u0026#227;o v\\u0026#234; ele [Tonny] dizer que \\u0026#233; o pai, manda os outros dizerem. Paga mat\\u0026#233;ria no jornal. Tem vergonha de me encontrar. N\\u0026#227;o fala comigo. Tanto ele quanto Gaby Amarantos escondem o J\\u0026#250;nior R\\u0026#234;go.\\u0026quot; Procurada pela reportagem, a cantora n\\u0026#227;o quis comentar.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Para al\\u0026#233;m dos conflitos pessoais e de narrativas, h\\u0026#225; quest\\u0026#245;es est\\u0026#233;ticas que ajudam a entender a g\\u0026#234;nese do estilo. \\u0026quot;O tecnobrega d\\u0026#225; seus primeiros os no final dos anos 1990, quando o ax\\u0026#233; dominava o Brasil e o mercado de brega pop no Par\\u0026#225; ava por uma crise\\u0026quot;, diz Zek Picoteiro, DJ e pesquisador do brega paraense. \\u0026quot;Os artistas tiveram que achar uma solu\\u0026#231;\\u0026#227;o mais \\u0026#237;vel para produzir seus discos.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;No Par\\u0026#225;, o brega ganhou uma identidade pr\\u0026#243;pria a partir dos anos 1970, como uma esp\\u0026#233;cie de resposta \\u0026#224; jovem guarda de Roberto Carlos, com nomes como Teddy Max, Luiz Guilherme e Mauro Cotta. Essas influ\\u0026#234;ncias de rock se fundiram a estilos locais, como a lambada, e desembocaram no brega pop de Roberto Villar, Alberto Moreno e Wanderley Andrade, e no brega calipso de Joelma e Chimbinha, na d\\u0026#233;cada de 1990.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Foi nesse cen\\u0026#225;rio que Tonny Brasil, depois de ver m\\u0026#250;sicos se apresentando s\\u0026#243; com teclados numa viagem a Caiena, na Guiana sa, decidiu apostar nas grava\\u0026#231;\\u0026#245;es sem banda. Ele sequenciou todos os instrumentos, diz Zek Picoteiro, \\u0026quot;as levadas de bateria e suingues de guitarra do brega pop, trazendo uma sonoridade eletr\\u0026#244;nica para o g\\u0026#234;nero\\u0026quot;.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Essas experi\\u0026#234;ncias depois geraram a m\\u0026#250;sica \\u0026quot;Lana\\u0026quot;, tida como a primeira gravada totalmente de maneira eletr\\u0026#244;nica, sem instrumentos, e que para Tonny \\u0026#233; a can\\u0026#231;\\u0026#227;o fundadora do tecnobrega. Segundo o m\\u0026#250;sico, a faixa j\\u0026#225; era sucesso \\u0026quot;na pirataria de fita cassete\\u0026quot; e nas aparelhagens em 1991, e depois em CD independente em 1996, e pela gravadora Gema no ano seguinte.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;h2\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;CONTE\\u0026#218;DO RELACIONADO\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/h2\\u0026gt;\\u0026lt;ul\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/entretenimento/musica/841171/cantor-reginaldo-rossi-o-rei-do-brega-morreu-ha-dez-anos?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;Cantor Reginaldo Rossi, o rei do brega, morreu h\\u0026#225; dez anos\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/entretenimento/musica/842801/rumor-pabllo-vittar-deve-regravar-famoso-melody-em-album?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;Rumor: Pabllo Vittar deve regravar famoso melody em \\u0026#225;lbum\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;li\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/entretenimento/musica/842488/belem-recebe-piaf-e-piazzolla-na-voz-de-sabah-moraes?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;Bel\\u0026#233;m recebe “Piaf e Piazzolla\\u0026quot; na voz de Sabah Moraes\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/li\\u0026gt;\\u0026lt;/ul\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O sucesso de \\u0026quot;Lana\\u0026quot; fez com que mais artistas gravassem s\\u0026#243; com teclados e computadores, uma redu\\u0026#231;\\u0026#227;o dr\\u0026#225;stica nos custos de produ\\u0026#231;\\u0026#227;o. Aquela sonoridade sint\\u0026#233;tica a princ\\u0026#237;pio n\\u0026#227;o foi bem vista, tida como empobrecimento est\\u0026#233;tico da m\\u0026#250;sica paraense. \\u0026quot;Foi muita ousadia\\u0026quot;, diz Tonny. \\u0026quot;Tomei muita porrada. Fiquei at\\u0026#233; com medo de lan\\u0026#231;ar. N\\u0026#227;o queria mostrar [\\u0026#39;Lana\\u0026#39;] para ningu\\u0026#233;m.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Mas, apesar das experi\\u0026#234;ncias inovadoras, a sonoridade de Tonny ainda era rom\\u0026#226;ntica e alinhada ao brega pop feito com instrumentos. A mudan\\u0026#231;a, ele diz, veio em 1997, com a can\\u0026#231;\\u0026#227;o \\u0026quot;A Prima da Cunhada\\u0026quot;, \\u0026#233;poca em que o termo tecnobrega j\\u0026#225; era conhecido -tese refor\\u0026#231;ada por Jurandy e Zek Picoteiro.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Naquele momento, dois acontecimentos abriram a cabe\\u0026#231;a de Jurandy. Um deles foi ver um show da banda cearense Forr\\u0026#243; Moral, em 1998. \\u0026quot;Fiquei encantado com aquele suingue, um forr\\u0026#243; com dois percussionistas. Falei \\u0026#39;vou levar isso ao Par\\u0026#225;\\u0026#39;.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ele pegou elementos dessa percuss\\u0026#227;o do forr\\u0026#243; e inseriu como novidade a combina\\u0026#231;\\u0026#227;o de caixa e chimbal eletr\\u0026#244;nicos fazendo a c\\u0026#233;lula r\\u0026#237;tmica que acompanha o brega paraense desde a \\u0026#233;poca de Teddy Max. \\u0026quot;Modernizei [o estilo] com essa percuss\\u0026#227;o.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A outra virada foi a can\\u0026#231;\\u0026#227;o \\u0026quot;Mundiquinha\\u0026quot;, que Tonny Brasil comp\\u0026#244;s depois de ficar mexido com a sa\\u0026#237;da do cantor Rodolfo Abrantes da banda Raimundos, em 2001. \\u0026quot;Eles tinham \\u0026#39;Puteiro em Jo\\u0026#227;o Pessoa\\u0026#39;, aquela metralhada\\u0026quot;, ele diz. \\u0026quot;O Rodolfo disse que foi influenciado pelo coco nordestino. Pensei em criar a saga de uma cabocla com isso.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Mundiquinha\\u0026quot;, diz Jurandy, foi \\u0026quot;a primeira vez que senti que a coisa estava para acontecer\\u0026quot;, \\u0026quot;a m\\u0026#250;sica que abriu todas as minhas ideias\\u0026quot;. Apesar de \\u0026quot;Chico Preto\\u0026quot; ser o maior sucesso do cantor, \\u0026quot;Brega da Marmita\\u0026quot;, com o ritmo de caixa e chimbal, levada de coco no canto e arranjos de sintetizadores, \\u0026#233; a faixa que melhor representa seu estilo.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Os primeiros hits do tecnobrega mesmo s\\u0026#227;o dele\\u0026quot;, diz Zek Picoteiro. \\u0026quot;Em 2002, s\\u0026#243; se ouvia Jurandy nas festas de comemora\\u0026#231;\\u0026#227;o do pentacampeonato do Brasil.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Mas, enquanto isso acontecia, diz Jurandy, \\u0026quot;J\\u0026#250;nior R\\u0026#234;go j\\u0026#225; estava gravando, j\\u0026#225; fazia parte do tecnobrega\\u0026quot;. Em Capanema, no interior do Par\\u0026#225;, ele abra\\u0026#231;ou a m\\u0026#250;sica eletr\\u0026#244;nica de pista, como techno e house, que vinha do exterior.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Mauricio Costa, professor de hist\\u0026#243;ria na Universidade Federal do Par\\u0026#225; e autor do livro \\u0026quot;Festa na Cidade\\u0026quot;, sobre o circuito do brega paraense, diz que o tecnobrega surgiu nesse momento de \\u0026quot;ascens\\u0026#227;o da m\\u0026#250;sica dos clubes das grandes cidades europeias, com as raves\\u0026quot;.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;S\\u0026#227;o processos que acontecem simultaneamente\\u0026quot;, diz. \\u0026quot;Tem a ver com a disponibilidade dos equipamentos de mixagem e grava\\u0026#231;\\u0026#227;o, que se tornaram \\u0026#237;veis na Am\\u0026#233;rica Latina para produtores de \\u0026#225;reas perif\\u0026#233;ricas, como \\u0026#233; o caso de Bel\\u0026#233;m.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Foi nesse fil\\u0026#227;o que J\\u0026#250;nior R\\u0026#234;go se encontrou. Nas festas de aparelhagem no fim dos anos 1980, ele diz, \\u0026quot;tocava muito dance, techno e house\\u0026quot;. \\u0026quot;Sempre gostei desses instrumentais, achava moderno.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;R\\u0026#234;go estudou m\\u0026#250;sica cl\\u0026#225;ssica, e n\\u0026#227;o gostava de brega antes de ser seduzido por m\\u0026#250;sicas como \\u0026quot;Profissional Papudinho\\u0026quot;, hit de Roberto Villar. Em seu primeiro disco, \\u0026quot;\\u0026#211;pera do Brega\\u0026quot;, ainda com sonoridade brega pop de banda, em 1999, inseriu na faixa \\u0026quot;Separa\\u0026#231;\\u0026#227;o\\u0026quot; uma introdu\\u0026#231;\\u0026#227;o eletr\\u0026#244;nica.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Essa m\\u0026#250;sica e a faixa-t\\u0026#237;tulo, ele diz, come\\u0026#231;aram a fazer sucesso um ano depois. \\u0026quot;Pensava, j\\u0026#225; que a juventude gosta de dance nas aparelhagens, vou fazer um brega com esse estilo. Vi que a modernidade se encaixava muito bem dentro do brega.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;R\\u0026#234;go se notabilizou com uma pr\\u0026#225;tica comum no tecnobrega at\\u0026#233; hoje, o uso de trechos de sucessos estrangeiros da m\\u0026#250;sica eletr\\u0026#244;nica. Um exemplo \\u0026#233; \\u0026quot;Brega do Tupinamb\\u0026#225;\\u0026quot;, de 2001, que cita a aparelhagem Tupinamb\\u0026#225; na letra, e traz um teclado que reproduz o hit \\u0026quot;Better Off Alone\\u0026quot;, de Alice DeeJay.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Segundo o artista, o primeiro tecnobrega da hist\\u0026#243;ria \\u0026#233; \\u0026quot;Tecnotupinamb\\u0026#225;\\u0026quot;, lan\\u0026#231;ada no in\\u0026#237;cio dos anos 2000. A m\\u0026#250;sica, com sample de um sucesso eletr\\u0026#244;nico internacional, cita na letra o termo que batiza o g\\u0026#234;nero.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A partir dali ele lan\\u0026#231;ou diversas m\\u0026#250;sicas com essa est\\u0026#233;tica -levadas aceleradas de um brega pop festeiro, no estilo calipso, criado no computador e com os arranjos eletr\\u0026#244;nicos-, muitas feitas sob encomenda para equipes de aparelhagem. \\u0026quot;Todas com introdu\\u0026#231;\\u0026#245;es internacionais para dar aquele charme\\u0026quot;, ele diz.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O tecnobrega, diz R\\u0026#234;go, \\u0026quot;\\u0026#233; a fus\\u0026#227;o do brega paraense com a m\\u0026#250;sica americana\\u0026quot;. \\u0026quot;\\u0026#201; o brega moderno, o calipso moderno. Mais acelerado, com instrumentais e sons futuristas.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A disputa entre R\\u0026#234;go e Tonny come\\u0026#231;ou quando o primeiro viu uma reportagem no jornal O Liberal em que o segundo era tratado como criador do tecnobrega. Segundo R\\u0026#234;go, o som de Tonny nunca foi tecnobrega. Segundo Tonny, quem cunhou o termo que d\\u0026#225; nome ao g\\u0026#234;nero, usado para divulga\\u0026#231;\\u0026#227;o de sua m\\u0026#250;sica, foi o publicit\\u0026#225;rio Rosenildo Franco, ainda nos anos 1990.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Quer saber mais not\\u0026#237;cias do Par\\u0026#225;? \\u0026lt;a href=\\u0026quot;https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9IlAw2v1J02cbfQ31H\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;e o nosso canal no WhatsApp\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A partir de 2002, o tecnobrega se diversificou, ganhou subg\\u0026#234;neros e vertentes. Nomes como a banda Fruto Sensual, Xeiro Verde, Beto Metralha, Tecno Show, comandada por Gaby Amarantos, e Maderito, entre muitos outros, fizeram parte desse momento da hist\\u0026#243;ria do g\\u0026#234;nero, que ganhou fama nacional.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;N\\u0026#227;o h\\u0026#225; um pai\\u0026quot;, diz Mauricio Costa, o professor. \\u0026quot;Na verdade, h\\u0026#225; v\\u0026#225;rios pais. E m\\u0026#227;es tamb\\u0026#233;m, se considerarmos as int\\u0026#233;rpretes como criadoras. \\u0026#201; um processo de a\\u0026#231;\\u0026#227;o coletiva, de um amplo movimento.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;O tecnobrega enquanto g\\u0026#234;nero musical se consolidou com um sotaque de batidas, sintetizadores e uma din\\u0026#226;mica sonora pr\\u0026#243;pria. 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QUEM É O PAI DO TECNOBREGA?

Tecnobrega tem "paternidade" disputada no Pará

Percussores do estilo musical paraense, Tonny Brasil e Júnior Rêgo disputam a "paternidade" do tecnobrega.

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Imagem ilustrativa da notícia Tecnobrega tem "paternidade" disputada no Pará camera O tecnobrega é o estilo musical mais popular do Pará. | Divulgação/Marcelo Araújo

Uns anos atrás, o músico paraense Tonny Brasil, que se diz criador do tecnobrega, recebeu uma ligação dizendo que Júnior Rêgo, colega de profissão, estava no estúdio da Metropolitana FM, no centro de Belém, falando que era o pai do estilo musical. "Liguei para a rádio, disse para ele ficar ali para conversarmos. Quando cheguei, já tinha ido embora."

Aquela entrevista, somada a anos de alfinetadas entre os músicos, marcou um momento de exposição mais direta do debate quente no Pará, novamente em voga depois de Gaby Amarantos ganhar um prêmio no último Grammy Latino.

No festival Psica, que reuniu 60 mil pessoas em dezembro, em Belém, ela foi celebrada como rainha, e o prêmio, como o maior reconhecimento da história de um gênero periférico que, apesar de existir há mais de duas décadas, ainda carece desse tipo de aprovação.

Além de Tonny e Rêgo, a disputa em torno da paternidade do tecnobrega tem mais um elemento. Jurandy, um dos nomes de maior sucesso nos primeiros anos do gênero, também é lembrado como criador do gênero.

Mas ele dispensa a alcunha. Prefere o título de rei do tecnobrega. "O pai é o Júnior Rêgo", diz Jurandy. "O Tonny batizou. Não tinha nome, ele comercializou como tecnobrega. Mas não criou a história. O que ele gravava era o [brega] romântico. O Júnior veio dançante."

Essa disputa esquentou em maio do ano ado, quando a Assembleia Legislativa do Pará concedeu uma comenda reconhecendo Tonny Brasil como criador do gênero. Ele também é tratado dessa maneira em documentários sobre o tecnobrega, como "Brega S/A" e os extras do DVD "Tecno Melody Brasil", além de reportagens da imprensa local.

Tonny usa a mídia e o estado como chancela. "Me vejo como o criador, e isso agora está certificado pelo estado, não se pode mudar. Mas não gosto desse título de pai. Dei a ideia, mostrei a possibilidade, não escondi a fórmula. Depois, cada um foi para um canto. Quem deu o estopim, é inegável, fui eu."

Júnior Rêgo se sente apagado da história. "Sou o verdadeiro autor do tecnobrega", diz. "Você não vê ele [Tonny] dizer que é o pai, manda os outros dizerem. Paga matéria no jornal. Tem vergonha de me encontrar. Não fala comigo. Tanto ele quanto Gaby Amarantos escondem o Júnior Rêgo." Procurada pela reportagem, a cantora não quis comentar.

Para além dos conflitos pessoais e de narrativas, há questões estéticas que ajudam a entender a gênese do estilo. "O tecnobrega dá seus primeiros os no final dos anos 1990, quando o axé dominava o Brasil e o mercado de brega pop no Pará ava por uma crise", diz Zek Picoteiro, DJ e pesquisador do brega paraense. "Os artistas tiveram que achar uma solução mais ível para produzir seus discos."

No Pará, o brega ganhou uma identidade própria a partir dos anos 1970, como uma espécie de resposta à jovem guarda de Roberto Carlos, com nomes como Teddy Max, Luiz Guilherme e Mauro Cotta. Essas influências de rock se fundiram a estilos locais, como a lambada, e desembocaram no brega pop de Roberto Villar, Alberto Moreno e Wanderley Andrade, e no brega calipso de Joelma e Chimbinha, na década de 1990.

Foi nesse cenário que Tonny Brasil, depois de ver músicos se apresentando só com teclados numa viagem a Caiena, na Guiana sa, decidiu apostar nas gravações sem banda. Ele sequenciou todos os instrumentos, diz Zek Picoteiro, "as levadas de bateria e suingues de guitarra do brega pop, trazendo uma sonoridade eletrônica para o gênero".

Essas experiências depois geraram a música "Lana", tida como a primeira gravada totalmente de maneira eletrônica, sem instrumentos, e que para Tonny é a canção fundadora do tecnobrega. Segundo o músico, a faixa já era sucesso "na pirataria de fita cassete" e nas aparelhagens em 1991, e depois em CD independente em 1996, e pela gravadora Gema no ano seguinte.

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O sucesso de "Lana" fez com que mais artistas gravassem só com teclados e computadores, uma redução drástica nos custos de produção. Aquela sonoridade sintética a princípio não foi bem vista, tida como empobrecimento estético da música paraense. "Foi muita ousadia", diz Tonny. "Tomei muita porrada. Fiquei até com medo de lançar. Não queria mostrar ['Lana'] para ninguém."

Mas, apesar das experiências inovadoras, a sonoridade de Tonny ainda era romântica e alinhada ao brega pop feito com instrumentos. A mudança, ele diz, veio em 1997, com a canção "A Prima da Cunhada", época em que o termo tecnobrega já era conhecido -tese reforçada por Jurandy e Zek Picoteiro.

Naquele momento, dois acontecimentos abriram a cabeça de Jurandy. Um deles foi ver um show da banda cearense Forró Moral, em 1998. "Fiquei encantado com aquele suingue, um forró com dois percussionistas. Falei 'vou levar isso ao Pará'."

Ele pegou elementos dessa percussão do forró e inseriu como novidade a combinação de caixa e chimbal eletrônicos fazendo a célula rítmica que acompanha o brega paraense desde a época de Teddy Max. "Modernizei [o estilo] com essa percussão."

A outra virada foi a canção "Mundiquinha", que Tonny Brasil compôs depois de ficar mexido com a saída do cantor Rodolfo Abrantes da banda Raimundos, em 2001. "Eles tinham 'Puteiro em João Pessoa', aquela metralhada", ele diz. "O Rodolfo disse que foi influenciado pelo coco nordestino. Pensei em criar a saga de uma cabocla com isso."

"Mundiquinha", diz Jurandy, foi "a primeira vez que senti que a coisa estava para acontecer", "a música que abriu todas as minhas ideias". Apesar de "Chico Preto" ser o maior sucesso do cantor, "Brega da Marmita", com o ritmo de caixa e chimbal, levada de coco no canto e arranjos de sintetizadores, é a faixa que melhor representa seu estilo.

"Os primeiros hits do tecnobrega mesmo são dele", diz Zek Picoteiro. "Em 2002, só se ouvia Jurandy nas festas de comemoração do pentacampeonato do Brasil."

Mas, enquanto isso acontecia, diz Jurandy, "Júnior Rêgo já estava gravando, já fazia parte do tecnobrega". Em Capanema, no interior do Pará, ele abraçou a música eletrônica de pista, como techno e house, que vinha do exterior.

Mauricio Costa, professor de história na Universidade Federal do Pará e autor do livro "Festa na Cidade", sobre o circuito do brega paraense, diz que o tecnobrega surgiu nesse momento de "ascensão da música dos clubes das grandes cidades europeias, com as raves".

"São processos que acontecem simultaneamente", diz. "Tem a ver com a disponibilidade dos equipamentos de mixagem e gravação, que se tornaram íveis na América Latina para produtores de áreas periféricas, como é o caso de Belém."

Foi nesse filão que Júnior Rêgo se encontrou. Nas festas de aparelhagem no fim dos anos 1980, ele diz, "tocava muito dance, techno e house". "Sempre gostei desses instrumentais, achava moderno."

Rêgo estudou música clássica, e não gostava de brega antes de ser seduzido por músicas como "Profissional Papudinho", hit de Roberto Villar. Em seu primeiro disco, "Ópera do Brega", ainda com sonoridade brega pop de banda, em 1999, inseriu na faixa "Separação" uma introdução eletrônica.

Essa música e a faixa-título, ele diz, começaram a fazer sucesso um ano depois. "Pensava, já que a juventude gosta de dance nas aparelhagens, vou fazer um brega com esse estilo. Vi que a modernidade se encaixava muito bem dentro do brega."

Rêgo se notabilizou com uma prática comum no tecnobrega até hoje, o uso de trechos de sucessos estrangeiros da música eletrônica. Um exemplo é "Brega do Tupinambá", de 2001, que cita a aparelhagem Tupinambá na letra, e traz um teclado que reproduz o hit "Better Off Alone", de Alice DeeJay.

Segundo o artista, o primeiro tecnobrega da história é "Tecnotupinambá", lançada no início dos anos 2000. A música, com sample de um sucesso eletrônico internacional, cita na letra o termo que batiza o gênero.

A partir dali ele lançou diversas músicas com essa estética -levadas aceleradas de um brega pop festeiro, no estilo calipso, criado no computador e com os arranjos eletrônicos-, muitas feitas sob encomenda para equipes de aparelhagem. "Todas com introduções internacionais para dar aquele charme", ele diz.

O tecnobrega, diz Rêgo, "é a fusão do brega paraense com a música americana". "É o brega moderno, o calipso moderno. Mais acelerado, com instrumentais e sons futuristas."

A disputa entre Rêgo e Tonny começou quando o primeiro viu uma reportagem no jornal O Liberal em que o segundo era tratado como criador do tecnobrega. Segundo Rêgo, o som de Tonny nunca foi tecnobrega. Segundo Tonny, quem cunhou o termo que dá nome ao gênero, usado para divulgação de sua música, foi o publicitário Rosenildo Franco, ainda nos anos 1990.

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A partir de 2002, o tecnobrega se diversificou, ganhou subgêneros e vertentes. Nomes como a banda Fruto Sensual, Xeiro Verde, Beto Metralha, Tecno Show, comandada por Gaby Amarantos, e Maderito, entre muitos outros, fizeram parte desse momento da história do gênero, que ganhou fama nacional.

"Não há um pai", diz Mauricio Costa, o professor. "Na verdade, há vários pais. E mães também, se considerarmos as intérpretes como criadoras. É um processo de ação coletiva, de um amplo movimento."

"O tecnobrega enquanto gênero musical se consolidou com um sotaque de batidas, sintetizadores e uma dinâmica sonora própria. Não era mais um somente um brega pop eletrônico", diz Zek Picoteiro. "E quem fez essa identidade sonora se popularizar foram artistas do interior -como Júnior Rêgo, de Capanema, e Jurandy, de Castanhal."

Segundo o DJ, mais importante do que fazer um "teste de DNA" no tecnobrega, é entender o que essa história representa para a cultura amazônica. "Num contexto de escassez da virada do milênio, no norte do Brasil, nas beiras de rios e estradas inacabadas, nas periferias das metrópoles lotadas de condições sociais precarizadas, surge um gênero musical altamente tecnológico, original, autêntico, que traduz o mundo globalizado para o nosso sotaque."

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