{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","mainEntityOfPage":"/noticias/para/892023/lendas-urbanas-sempre-cruzaram-imaginario-popular","headline":"Lendas urbanas sempre cruzaram imaginário popular","datePublished":"2025-01-26T08:31:00.01-03:00","dateModified":"2025-01-26T08:30:51.367-03:00","author":{"@type":"Person","name":"(Cíntia Magno/ Diário do Pará)","url":"/noticias/para/892023/lendas-urbanas-sempre-cruzaram-imaginario-popular"},"image":"/img/Artigo-Destaque/890000/imagemotimizada---2025-01-26T081558895_00892023_0_.jpg?xid=2996739","publisher":{"@type":"Organization","name":"DOL","url":"/","logo":"/themes/DOL/img/logoDOL.png","Point":{"@type":"Point","Type":"Customer ","telephone":"+55-91-98412-6477","email":"[email protected]"},"address":{"@type":"PostalAddress","streetAddress":"Rua Gaspar Viana, 773/7","addressLocality":"Belém","addressRegion":"PA","postalCode":"66053-090","addressCountry":"BR"}},"description":"Muitos contos de visagens e assombrações sempre assustaram os moradores da capital, como a da moça do táxi e do Igarapé das Almas, sendo um hábito cultural do belenense o de contar histórias.","articleBody":"\\u0026lt;p\\u0026gt;Na Bel\\u0026#233;m dos tempos em que ainda n\\u0026#227;o havia chegado o \\u0026#224; internet e sequer televis\\u0026#227;o, eavam pelo imagin\\u0026#225;rio do povo belenense visagens e assombra\\u0026#231;\\u0026#245;es que cruzaram gera\\u0026#231;\\u0026#245;es atrav\\u0026#233;s das hist\\u0026#243;rias contadas, \\u0026#224; noite, nas portas das casas. 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Lendas urbanas sempre cruzaram imaginário popular

Muitos contos de visagens e assombrações sempre assustaram os moradores da capital, como a da moça do táxi e do Igarapé das Almas, sendo um hábito cultural do belenense o de contar histórias.

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Imagem ilustrativa da notícia Lendas urbanas sempre cruzaram imaginário popular camera O túmulo de Josephina Conte, a moça do táxi, até hoje recebe muitas visitas e homenagens no cemitério Santa Izabel. | (Foto: Irene Almeida)

Na Belém dos tempos em que ainda não havia chegado o à internet e sequer televisão, eavam pelo imaginário do povo belenense visagens e assombrações que cruzaram gerações através das histórias contadas, à noite, nas portas das casas. Os casos narrados na época davam conta de fantasmas que eavam de táxi pela cidade, perambulavam próximo a igarapés e até mesmo rezavam diante de cruzeiros. São frutos do imaginário popular que, de alguma forma, também ajuda a contar parte dos 409 anos da cidade das mangueiras.

Ainda que as histórias de visagens e assombrações que remetam a lendas, o hábito de recontá-las guarda uma memória real sobre uma forma de comportamento da população de Belém num ado não muito distante. O historiador Márcio Neco considera que o belenense é muito habituado a ouvir as histórias dessas lendas e isso não é à toa. “Algumas lendas urbanas am para a história como se fossem um objeto da criação do imaginário popular. O que às vezes a gente nem desconfia é que algumas dessas histórias surgem, de fato, a partir de um acontecimento e de uma memória que fica quase esquecida, mas que não tem a ver com lendas”, considera. “Na tranquilidade do ado, nós tínhamos uma ou duas emissoras de rádio, nós tínhamos somente cinemas, festas eram pontuais e esporádicas, então, as pessoas à noite tinham o hábito de conversar nas portas das casas sobre vários assuntos, fazendo quase uma revisão do dia e, entre tantos assuntos, quase todas as noites, surgiam as histórias das visagens e das assombrações”.

O professor considera, ainda, que com a chegada da modernidade através da televisão, da internet e dos próprios shopping centers, eles acabaram tomando um pouco o lugar desses personagens lendários, mitológicos e imaginários. Porém, em Belém, de alguma forma essa lógica foi um pouco diferente. “Particularmente nesta nossa cidade de 409 anos, as lendas em Belém resistem ao processo da urbanização, da tecnologia. Surgiu a urbanização e o que aconteceu é que os espaços e as edificações aram a ser, no nosso imaginário popular, visagentos e assombrados. Nós temos aqui em Belém hospitais, palacetes, quartéis, temos casarões, temos prédios antigos, praças que nem existiam quando já circulavam as lendas urbanas e que, quando aram a existir, foram incorporados nesse imaginário popular nosso como visagentos”.

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Um dos exemplos de como essas lendas urbanas conseguiram resistir através do tempo e das mudanças é o caso da famosa lenda da mulher do taxi. O professor destaca que ela iniciou de forma oral, ou para os livros e hoje já existem até mesmo vídeos na internet que recontam a história através dos tempos. “Isso tem ajudado a perpetuar não só a dela, como outras lendas que têm na cidade. Essas lendas urbanas são transmitidas oralmente através das narrativas que as pessoas usam de fatos reais e misturam com fatos fictícios, acerca das histórias misteriosas, sobrenaturais e que povoam o imaginário daquelas que ouvem”.

Márcio Neco explica, ainda, que as lendas, geralmente, não têm um autor específico, mas integram o campo de estudo da folclorística. “Elas começam a surgir e as lendas urbanas têm sempre uma base de verdade, só que as histórias circulam com variações e atribuições diferentes em tempos e lugares, não sendo verdadeiras. Então, essas lendas vão circulando não só em Belém, mas em outros lugares, com variações. E hoje essas lendas que eram contadas somente de forma oral têm encontrado uma maneira de se propagar na história e no imaginário popular através das redes sociais”.

Dentre os registros feitos das lendas urbanas de Belém, a obra do escritor Walcyr Monteiro, que viveu entre 1940 e 2019. Preocupado justamente em não deixar histórias tão ricas se perderem no tempo, o autor paraense registrou-as pela primeira vez, ainda em 1972, em publicações individuais no extinto jornal “A Província do Pará” e, com a boa repercussão dos contos, o trabalho resultou na reunião das 25 histórias no livro ‘Visagens e Assombrações de Belém’, que teve sua primeira edição lançada em 1986.

No livro, Walcyr faz questão de ressaltar que nenhuma das histórias registradas foi inventada por ele. Cada uma delas era contada pela própria população da cidade. adas quase quatro décadas desde a primeira edição da publicação, as histórias narradas ainda hoje despertam curiosidade entre os moradores da capital paraense.

Conheça algumas lendas urbanas de Belém

Moça do Táxi

O conto diz que por volta de 22h de certa noite, em Belém, um taxista pegou uma ageira na avenida Independência que pediu para seguir até a avenida José Bonifácio, em frente ao cemitério de Santa Izabel. Ao chegar no local, a ageira pediu que, na manhã seguinte, o taxista se dirigisse ao endereço da família – anotado em um papel - para que recebesse pela corrida.

Quando chegava no dia e endereço marcado para cobrar o serviço, o taxista era informado que a moça a que ele se referia – reconhecida pelo taxista através de um retrato – já havia falecido. A ageira em questão seria Josephina Conte, nome de uma jovem que morreu aos 16 anos e cuja sepultura se encontra em um dos corredores principais do Cemitério de Santa Izabel, no bairro do Guamá.

O Estranho Caso do Dr. X

Conta a história de um médico que viveu em Belém nos tempos áureos da borracha e que, em determinada noite, foi acordado por um homem que bateu a sua porta pedindo ajuda para realização de um parto. A história que segue é recheada por mistérios tanto no que diz respeito às pessoas a quem ajudou, quanto ao local para onde foi levado com vendas nos olhos – um quarto luxuoso decorado no estilo do século XVII.

O Igarapé das Almas

O chamado “igarapé das almas” ficava onde hoje se encontra o canal da avenida Visconde de Souza Franco. Muitas das histórias de visagens contadas antigamente em Belém têm o local como cenário. O igarapé recebeu este nome depois que pessoas relataram ter visto fantasmas de cabanos – pessoas que lutaram durante a Cabanagem – que procuravam pelas armas que teriam escondido no local ainda em vida.

Na história “A Porca do Reduto”, também era para o igarapé que corria uma porca que surgia e sumia misteriosamente depois de circular pelo bairro.

Noivado Sobrenatural

Conta a história de um rapaz que, durante uma noite de tempestade, conhece uma moça e a pede em noivado. O homem descobre, porém, que a moça em questão já havia morrido: ele encontrou a aliança dada à mulher diante da lápide que indicava a data da morte em 1918.

Fonte: Livro ‘Visagens e Assombrações de Belém’, de Walcyr Monteiro. As histórias narradas no livro foram coletadas pelo autor entre os anos de 1969 e 1972.

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