Cientistas criam dentes humanos em filhotes de porcos

Muitos avanços realizados pela ciência podem ajudar a melhorar a saúde humana, como o desenvolvimento de algumas partes do corpo.

Pesquisadores da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, estão avançando no desenvolvimento de dentes humanos cultivados em laboratório. O estudo, liderado pelos cientistas Pamela Yelick e Weibo Zhang, busca oferecer uma alternativa inovadora aos tradicionais implantes de titânio e dentaduras de plástico, que, embora eficientes, ainda não reproduzem integralmente as características dos dentes naturais.

A abordagem consiste na bioengenharia de dentes por meio da combinação de células dentárias humanas e de porcos. O objetivo é criar estruturas que imitem a complexa rede de nervos e vasos sanguíneos dos dentes permanentes, trazendo mais funcionalidade e durabilidade às substituições dentárias.

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Novidades para a odontologia

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Stem Cells Translational Medicine em dezembro. Caso a técnica se prove viável, poderá amenizar complicações frequentes em tratamentos dentários atuais, como infecções, danos ao maxilar e perdas ósseas causadas pela substituição de implantes.

Para desenvolver os dentes cultivados, os pesquisadores utilizaram células da mandíbula de porcos, obtidas por meio de parcerias com matadouros. Como esses animais possuem a capacidade de desenvolver múltiplos conjuntos dentários ao longo da vida, suas células embrionárias são ideais para a pesquisa. A equipe induziu artificialmente a multiplicação dessas células até que atingissem dezenas de milhões.

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Em testes anteriores, os cientistas já haviam implantado essas células em "scaffolds" – estruturas biodegradáveis em forma de dente – dentro de ratos, onde observaram que elas começaram a se organizar em formatos semelhantes aos de dentes naturais.

Testes promissores

No estágio atual do estudo, fragmentos de dentes foram cultivados em laboratório a partir da combinação de células dentárias humanas e de porcos. Após algumas semanas de desenvolvimento, essas estruturas foram implantadas nas mandíbulas de seis mini porcos. Dois meses depois, os pesquisadores removeram os implantes para analisar seu progresso.

Os resultados foram animadores: os dentes começaram a se desenvolver de forma semelhante aos de adultos saudáveis e, em alguns casos, apresentaram camadas de cemento – tecido mineralizado que cobre a raiz dos dentes – e dentina.

“Eles ainda não são dentes perfeitamente formados, mas estamos otimistas de que um dia conseguiremos criar um substituto dentário biológico funcional para pessoas que necessitam de uma reposição”, afirmou Pamela Yelick em comunicado.

A pesquisa segue em andamento, mas representa um grande o para a odontologia regenerativa, oferecendo a perspectiva de uma solução mais natural e duradoura para pacientes que necessitam de reposição dentária.