{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","mainEntityOfPage":"/tuedoide/curiosidades/817236/peixe-leao-venenoso-deve-se-espalhar-pelo-brasil-em-2-anos","headline":"Peixe-leão venenoso deve se espalhar pelo Brasil em 2 anos","datePublished":"2023-07-04T11:25:13.507-03:00","dateModified":"2023-07-04T11:25:05-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Camilla Veras Mota/Folhapress","url":"/tuedoide/curiosidades/817236/peixe-leao-venenoso-deve-se-espalhar-pelo-brasil-em-2-anos"},"image":"/img/Artigo-Destaque/810000/PEIXE-LEAO_00817236_0_.jpg?xid=2671978","publisher":{"@type":"Organization","name":"DOL","url":"/","logo":"/themes/DOL/img/logoDOL.png","Point":{"@type":"Point","Type":"Customer ","telephone":"+55-91-98412-6477","email":"[email protected]"},"address":{"@type":"PostalAddress","streetAddress":"Rua Gaspar Viana, 773/7","addressLocality":"Belém","addressRegion":"PA","postalCode":"66053-090","addressCountry":"BR"}},"description":"No Caribe, agem do animal é associada à queda de 80% da população de peixes que habitam recifes de corais","articleBody":"\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Quem j\\u0026#225; colocou ele num aqu\\u0026#225;rio, por exemplo… \\u0026#192;s vezes ele come todos os outros peixes que est\\u0026#227;o no aqu\\u0026#225;rio.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O coment\\u0026#225;rio \\u0026#233; do bi\\u0026#243;logo Marcelo Soares, pesquisador do Labomar da Universidade Federal do Cear\\u0026#225; (UFC). A cena ins\\u0026#243;lita ilustra a voracidade do peixe-le\\u0026#227;o (Pterois volitans), uma \\u0026lt;a href=\\u0026quot;/tuedoide/curiosidades/702152/bonitinho-mas-predador-conheca-o-peixe-leao?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;esp\\u0026#233;cie invasora do Indo-Pac\\u0026#237;fico\\u0026lt;/a\\u0026gt; que chegou recentemente \\u0026#224; costa brasileira e que, em pouco tempo, pode se espalhar por todo o litoral do pa\\u0026#237;s.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Em menos de dois anos, diz Soares, citando as estimativas mais recentes dos cientistas, a esp\\u0026#233;cie pode tomar toda a costa brasileira e chegar ao Uruguai, causando preju\\u0026#237;zos \\u0026#224; pesca e ao turismo. No Caribe, a agem do animal \\u0026#233; associada \\u0026#224;\\u0026amp;nbsp;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;https://www.int-res.com/abstracts/meps/v367/p233-238\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;redu\\u0026#231;\\u0026#227;o de 80% da popula\\u0026#231;\\u0026#227;o de peixes \\u0026lt;/a\\u0026gt;que habitam recifes de corais\\u0026amp;nbsp;em algumas regi\\u0026#245;es.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Ele n\\u0026#227;o tem predadores naturais no Atl\\u0026#226;ntico, \\u0026#233; um ca\\u0026#231;ador persistente e \\u0026#225;vido, se adapta a diversos tipos de ambientes e as f\\u0026#234;meas podem colocar at\\u0026#233; dois milh\\u0026#245;es de ovos por ano. A \\u0026quot;juba\\u0026quot; em volta do corpo \\u0026#233; formada por uma s\\u0026#233;rie de espinhos venenosos que n\\u0026#227;o s\\u0026#227;o letais aos humanos, mas podem causar ferimentos s\\u0026#233;rios.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;UMA HIST\\u0026#211;RIA DE QUASE 40 ANOS\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A saga do peixe-le\\u0026#227;o \\u0026#233; uma das hist\\u0026#243;rias mais bem-sucedidas de invas\\u0026#227;o de esp\\u0026#233;cies de animal marinho.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;As evid\\u0026#234;ncias cient\\u0026#237;ficas dispon\\u0026#237;veis apontam que ela come\\u0026#231;a em 1985, na Fl\\u0026#243;rida. Foi a primeira vez que o peixe-le\\u0026#227;o, nativo do Indo-Pac\\u0026#237;fico, foi avistado no oceano Atl\\u0026#226;ntico.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;N\\u0026#227;o se sabe exatamente como ele foi parar ali, pr\\u0026#243;ximo da costa de Dania Beach. Uma das hip\\u0026#243;teses \\u0026#233; que tenha sido solto no mar por um aquarista. H\\u0026#225; relatos tamb\\u0026#233;m da libera\\u0026#231;\\u0026#227;o acidental de peixes-le\\u0026#227;o na regi\\u0026#227;o em 1992, quando o furac\\u0026#227;o Andrew varreu a Fl\\u0026#243;rida e destruiu um aqu\\u0026#225;rio local.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/noticias/para/807764/invasor-peixe-leao-e-encontrado-no-para-e-mais-sete-estados?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;Invasor: peixe-le\\u0026#227;o \\u0026#233; encontrado no Par\\u0026#225; e mais sete estados\\u0026amp;nbsp;\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Desde ent\\u0026#227;o, a esp\\u0026#233;cie vem se dispersando pelo oceano Atl\\u0026#226;ntico. Tomou o litoral do sudeste dos Estados Unidos, o Golfo do M\\u0026#233;xico, o Caribe… at\\u0026#233; ser avistado, em 2020, no litoral norte do Brasil.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Avan\\u0026#231;ar do mar do Caribe para o brasileiro n\\u0026#227;o \\u0026#233; tarefa simples para uma esp\\u0026#233;cie invasora. A foz do rio Amazonas —ou a pluma do Amazonas-Orinoco, na terminologia t\\u0026#233;cnica— \\u0026#233; uma enorme barreira natural que dificulta o tr\\u0026#226;nsito de animais de um lado para o outro. \\u0026lt;a href=\\u0026quot;https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.1501252\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;S\\u0026#227;o\\u0026amp;nbsp;bilh\\u0026#245;es de litros de sedimento despejados no oceano a cada minuto\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;—e esse material n\\u0026#227;o se dissolve imediatamente na \\u0026#225;gua salgada, ele se espalha por quil\\u0026#244;metros mar adentro e por metros de profundidade.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;N\\u0026#227;o \\u0026#233; f\\u0026#225;cil ar. A hip\\u0026#243;tese \\u0026#233; que o peixe-le\\u0026#227;o tenha usado recifes que existem na regi\\u0026#227;o da pluma do Amazonas como base para atravessar de um lado para o outro, diz Soares, chegando no Amap\\u0026#225; e no Par\\u0026#225;. Os cientistas acreditam que isso tenha acontecido por volta de 2017 e 2018.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Esses recifes que existem na Amaz\\u0026#244;nia est\\u0026#227;o entre 70 e 220 metros de profundidade, \\u0026#233; bem fundo. Mas esse animal aguenta at\\u0026#233; 300 metros de profundidade, ent\\u0026#227;o ele consegue usar essa \\u0026#225;rea. Fora isso, \\u0026#233; um animal muito resistente, aguenta baixa salinidade.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/noticias/mundo-noticias/806359/especies-de-aros-venenosos-sao-descobertas-na-nova-guine?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;Esp\\u0026#233;cies de p\\u0026#225;ssaros venenosos s\\u0026#227;o descobertas na Nova Guin\\u0026#233;\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Uma vez no litoral brasileiro, o peixe-le\\u0026#227;o seguiu avan\\u0026#231;ando para o Nordeste, em uma \\u0026#225;rea em que a corrente marinha flui em dire\\u0026#231;\\u0026#227;o ao Caribe, acrescenta o bi\\u0026#243;logo. Nadando contra a corrente, ele chegou ao Maranh\\u0026#227;o, Piau\\u0026#237;, Cear\\u0026#225;, Rio Grande do Norte.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;No Cear\\u0026#225;, Soares e os colegas do Labomar observaram os primeiros animais em mar\\u0026#231;o de 2022. Naquela \\u0026#233;poca, os peixes tinham em m\\u0026#233;dia entre 14 e 15 cent\\u0026#237;metros. Um ano depois, em junho de 2023, o tamanho sobrou: 30 cent\\u0026#237;metros.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Hoje ele j\\u0026#225; \\u0026#233; encontrado em todos os munic\\u0026#237;pios do Cear\\u0026#225;, no litoral do Rio Grande do Norte... e est\\u0026#225; descendo.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;/noticias/798708/peixe-leao-invade-litoral-do-nordeste-e-ameaca-ecossistema?d=1\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;Peixe-le\\u0026#227;o invade litoral do Nordeste e amea\\u0026#231;a ecossistema\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;br\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Segundo o pesquisador, quando o peixe-le\\u0026#227;o \\u0026quot;virou a esquina\\u0026quot; do Brasil —a curva no mapa do Rio Grande do Norte—, ele chegou a uma regi\\u0026#227;o em que a corrente marinha flui para o sul. \\u0026quot;O que significa que ele vai mais r\\u0026#225;pido agora\\u0026quot;, comenta.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;No momento, a esp\\u0026#233;cie est\\u0026#225; na fronteira entre Pernambuco e Alagoas, como aponta a\\u0026amp;nbsp;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;https://monitoramentos.shinyapps.io/LionfishWatch/\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;plataforma de monitoramento\\u0026lt;/a\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;organizada por Soares e pelo pesquisador Tommaso Giarrizzo para acompanhar a dispers\\u0026#227;o do peixe-le\\u0026#227;o.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;A ferramenta \\u0026#233; colaborativa: pelo computador ou por um aplicativo no celular, pescadores e mergulhadores enviam imagens e informa\\u0026#231;\\u0026#245;es sobre seus encontros com a esp\\u0026#233;cie.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;QUAL O PROBLEMA?\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Mas por que a prolifera\\u0026#231;\\u0026#227;o de uma esp\\u0026#233;cie ex\\u0026#243;tica como o peixe-le\\u0026#227;o \\u0026#233; um problema ambiental?\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026#192; medida que compete por recursos com outras esp\\u0026#233;cies e que se alimenta de uma grande variedade de animais —sem ser amea\\u0026#231;ado por predadores—, ele pode amea\\u0026#231;ar a biodiversidade nos locais por onde a.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Isso pode impactar o turismo, por exemplo. \\u0026quot;Quem faz mergulho quer ver vida, n\\u0026#233;?\\u0026quot;, ilustra o pesquisador.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Com menos peixes dispon\\u0026#237;veis, a pesca tamb\\u0026#233;m pode ser afetada.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;No Cear\\u0026#225;, os pescadores artesanais t\\u0026#234;m uma tradi\\u0026#231;\\u0026#227;o antiga de criar recifes artificiais com pneus e outros objetos afundados para atrair peixes, as chamadas marambaias.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Isso vai ando de pai pra filho, a localiza\\u0026#231;\\u0026#227;o do afundamento. \\u0026#201; quase como uma propriedade para pescar no fundo do mar\\u0026quot;, explica Soares.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Em uma expedi\\u0026#231;\\u0026#227;o feita na costa da praia de Jericoacoara, a equipe do Labomar encontrou v\\u0026#225;rios peixes-le\\u0026#227;o dentro dessas estruturas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026lt;b\\u0026gt;O QUE \\u0026#201; POSS\\u0026#205;VEL FAZER PARA EVITAR O PIOR?\\u0026lt;/b\\u0026gt;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;O bi\\u0026#243;logo diz que \\u0026#233; praticamente imposs\\u0026#237;vel erradicar o peixe-le\\u0026#227;o das \\u0026#225;reas em que ele j\\u0026#225; se estabeleceu, mas o controle da popula\\u0026#231;\\u0026#227;o pode ajudar a diminuir os impactos negativos.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Nesse sentido, ele destaca como positivas as iniciativas implementadas em Fernando de Noronha. L\\u0026#225;, o Instituto Chico Mendes de Conserva\\u0026#231;\\u0026#227;o da Biodiversidade (ICMBio)\\u0026amp;nbsp;costurou uma parceria com operadoras de mergulho para capturar a esp\\u0026#233;cie.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Por ser uma \\u0026#225;rea de conserva\\u0026#231;\\u0026#227;o, contudo, o arquip\\u0026#233;lago \\u0026#233; um caso \\u0026#224; parte. Na maioria das cidades do litoral norte e nordeste por onde a esp\\u0026#233;cie tem se espalhado, ainda n\\u0026#227;o h\\u0026#225; iniciativas coordenadas dos governos estaduais e federal para ativamente tentar controlar o aumento da popula\\u0026#231;\\u0026#227;o de peixe-le\\u0026#227;o.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;O ponto positivo \\u0026#233; que n\\u0026#243;s temos uma rede de universidades preparadas para trabalhar com os \\u0026#243;rg\\u0026#227;os p\\u0026#250;blicos. Basta que a gente fa\\u0026#231;a essa parceria, todo mundo junto, que \\u0026#233; a \\u0026#250;nica forma de combater o problema\\u0026quot;, diz Soares.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Outros pa\\u0026#237;ses na rota de invas\\u0026#227;o do peixe-le\\u0026#227;o v\\u0026#234;m testando diferentes estrat\\u0026#233;gias nas \\u0026#250;ltimas d\\u0026#233;cadas.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Cidades na costa da Fl\\u0026#243;rida, por exemplo, aram a organizar eventos para a ca\\u0026#231;a da esp\\u0026#233;cie. Em maio, a\\u0026lt;a href=\\u0026quot;https://myokaloosa.com/sites/default/files/POSTEmerldCoastOpen2023.pdf?fbclid=IwAR2UFPEhGrmASlQUPCnxFS0jk9S6qSf7036bOu0WLbBnO3caLxLnbPk7ozQ\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;\\u0026amp;nbsp;regi\\u0026#227;o do condado de Okaloosa comemorou um recorde de animais removidos\\u0026lt;/a\\u0026gt; durante seu torneio anual: 25.699.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Em alguns locais do Caribe, al\\u0026#233;m da pesca para controle da esp\\u0026#233;cie, a carne \\u0026#233; consumida em restaurantes. \\u0026#201; o caso das Ilhas Virgens Americanas, onde Soares esteve recentemente como professor visitante.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Claro que \\u0026#233; preciso tratar o peixe, tirar os espinhos, que s\\u0026#227;o venenosos, mas l\\u0026#225; ele \\u0026#233; usado na alimenta\\u0026#231;\\u0026#227;o.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026quot;Eles tamb\\u0026#233;m aproveitam o couro para produzir sapatos, carteiras, bolsas…uma esp\\u0026#233;cie de curtume do couro do peixe-le\\u0026#227;o. Ent\\u0026#227;o existem alternativas econ\\u0026#244;micas e sociais que geram a renda e ajudam a eliminar o animal.\\u0026quot;\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Essas alternativas precisam, contudo, ser cuidadosamente avaliadas pelas autoridades locais, diz o pesquisador. \\u0026#201; preciso primeiro entender se os animais na costa brasileira est\\u0026#227;o contaminados e, caso se decida regulamentar o consumo, preocupar-se em evitar o risco, por exemplo, de dar valor econ\\u0026#244;mico \\u0026#224; esp\\u0026#233;cie e acabar incentivando seu cultivo —o que pioraria o problema.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;\\u0026#192; reportagem, o Ibama afirmou que, desde 2014, vem impedindo de forma proativa a importa\\u0026#231;\\u0026#227;o desses animais para qualquer finalidade, ainda que a legisla\\u0026#231;\\u0026#227;o at\\u0026#233; pouco tempo permitisse a compra. A proibi\\u0026#231;\\u0026#227;o veio no ano ado, com a publica\\u0026#231;\\u0026#227;o de uma\\u0026amp;nbsp;\\u0026lt;a href=\\u0026quot;https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-102-de-20-de-setembro-de-2022-430816182\\u0026quot; target=\\u0026quot;_blank\\u0026quot;\\u0026gt;portaria que veta a importa\\u0026#231;\\u0026#227;o de peixe-le\\u0026#227;o com finalidade ornamental\\u0026lt;/a\\u0026gt;.\\u0026lt;/p\\u0026gt;\\u0026lt;p\\u0026gt;Tamb\\u0026#233;m em 2022, a autarquia criou um grupo de trabalho com foco espec\\u0026#237;fico no problema. 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ESPÉCIE INVASORA

Peixe-leão venenoso deve se espalhar pelo Brasil em 2 anos

No Caribe, agem do animal é associada à queda de 80% da população de peixes que habitam recifes de corais.

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Imagem ilustrativa da notícia Peixe-leão venenoso deve se espalhar pelo Brasil em 2 anos camera Além de um predador voraz, o peixe-leão também possui espinhos venenosos, que causam inflamações em animais e humanos. | Divulgação/Universidade Federal de Alagoas

"Quem já colocou ele num aquário, por exemplo… Às vezes ele come todos os outros peixes que estão no aquário."

O comentário é do biólogo Marcelo Soares, pesquisador do Labomar da Universidade Federal do Ceará (UFC). A cena insólita ilustra a voracidade do peixe-leão (Pterois volitans), uma espécie invasora do Indo-Pacífico que chegou recentemente à costa brasileira e que, em pouco tempo, pode se espalhar por todo o litoral do país.

Em menos de dois anos, diz Soares, citando as estimativas mais recentes dos cientistas, a espécie pode tomar toda a costa brasileira e chegar ao Uruguai, causando prejuízos à pesca e ao turismo. No Caribe, a agem do animal é associada à redução de 80% da população de peixes que habitam recifes de corais em algumas regiões.

Ele não tem predadores naturais no Atlântico, é um caçador persistente e ávido, se adapta a diversos tipos de ambientes e as fêmeas podem colocar até dois milhões de ovos por ano. A "juba" em volta do corpo é formada por uma série de espinhos venenosos que não são letais aos humanos, mas podem causar ferimentos sérios.

UMA HISTÓRIA DE QUASE 40 ANOS

A saga do peixe-leão é uma das histórias mais bem-sucedidas de invasão de espécies de animal marinho.

As evidências científicas disponíveis apontam que ela começa em 1985, na Flórida. Foi a primeira vez que o peixe-leão, nativo do Indo-Pacífico, foi avistado no oceano Atlântico.

Não se sabe exatamente como ele foi parar ali, próximo da costa de Dania Beach. Uma das hipóteses é que tenha sido solto no mar por um aquarista. Há relatos também da liberação acidental de peixes-leão na região em 1992, quando o furacão Andrew varreu a Flórida e destruiu um aquário local.

Invasor: peixe-leão é encontrado no Pará e mais sete estados

Desde então, a espécie vem se dispersando pelo oceano Atlântico. Tomou o litoral do sudeste dos Estados Unidos, o Golfo do México, o Caribe… até ser avistado, em 2020, no litoral norte do Brasil.

Avançar do mar do Caribe para o brasileiro não é tarefa simples para uma espécie invasora. A foz do rio Amazonas —ou a pluma do Amazonas-Orinoco, na terminologia técnica— é uma enorme barreira natural que dificulta o trânsito de animais de um lado para o outro. São bilhões de litros de sedimento despejados no oceano a cada minuto —e esse material não se dissolve imediatamente na água salgada, ele se espalha por quilômetros mar adentro e por metros de profundidade.

Não é fácil ar. A hipótese é que o peixe-leão tenha usado recifes que existem na região da pluma do Amazonas como base para atravessar de um lado para o outro, diz Soares, chegando no Amapá e no Pará. Os cientistas acreditam que isso tenha acontecido por volta de 2017 e 2018.

"Esses recifes que existem na Amazônia estão entre 70 e 220 metros de profundidade, é bem fundo. Mas esse animal aguenta até 300 metros de profundidade, então ele consegue usar essa área. Fora isso, é um animal muito resistente, aguenta baixa salinidade."

Espécies de pássaros venenosos são descobertas na Nova Guiné

Uma vez no litoral brasileiro, o peixe-leão seguiu avançando para o Nordeste, em uma área em que a corrente marinha flui em direção ao Caribe, acrescenta o biólogo. Nadando contra a corrente, ele chegou ao Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte.

No Ceará, Soares e os colegas do Labomar observaram os primeiros animais em março de 2022. Naquela época, os peixes tinham em média entre 14 e 15 centímetros. Um ano depois, em junho de 2023, o tamanho sobrou: 30 centímetros.

"Hoje ele já é encontrado em todos os municípios do Ceará, no litoral do Rio Grande do Norte... e está descendo."

Peixe-leão invade litoral do Nordeste e ameaça ecossistema

Segundo o pesquisador, quando o peixe-leão "virou a esquina" do Brasil —a curva no mapa do Rio Grande do Norte—, ele chegou a uma região em que a corrente marinha flui para o sul. "O que significa que ele vai mais rápido agora", comenta.

No momento, a espécie está na fronteira entre Pernambuco e Alagoas, como aponta a plataforma de monitoramento organizada por Soares e pelo pesquisador Tommaso Giarrizzo para acompanhar a dispersão do peixe-leão.

A ferramenta é colaborativa: pelo computador ou por um aplicativo no celular, pescadores e mergulhadores enviam imagens e informações sobre seus encontros com a espécie.

QUAL O PROBLEMA?

Mas por que a proliferação de uma espécie exótica como o peixe-leão é um problema ambiental?

À medida que compete por recursos com outras espécies e que se alimenta de uma grande variedade de animais —sem ser ameaçado por predadores—, ele pode ameaçar a biodiversidade nos locais por onde a.

Isso pode impactar o turismo, por exemplo. "Quem faz mergulho quer ver vida, né?", ilustra o pesquisador.

Com menos peixes disponíveis, a pesca também pode ser afetada.

No Ceará, os pescadores artesanais têm uma tradição antiga de criar recifes artificiais com pneus e outros objetos afundados para atrair peixes, as chamadas marambaias.

"Isso vai ando de pai pra filho, a localização do afundamento. É quase como uma propriedade para pescar no fundo do mar", explica Soares.

Em uma expedição feita na costa da praia de Jericoacoara, a equipe do Labomar encontrou vários peixes-leão dentro dessas estruturas.

O QUE É POSSÍVEL FAZER PARA EVITAR O PIOR?

O biólogo diz que é praticamente impossível erradicar o peixe-leão das áreas em que ele já se estabeleceu, mas o controle da população pode ajudar a diminuir os impactos negativos.

Nesse sentido, ele destaca como positivas as iniciativas implementadas em Fernando de Noronha. Lá, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) costurou uma parceria com operadoras de mergulho para capturar a espécie.

Por ser uma área de conservação, contudo, o arquipélago é um caso à parte. Na maioria das cidades do litoral norte e nordeste por onde a espécie tem se espalhado, ainda não há iniciativas coordenadas dos governos estaduais e federal para ativamente tentar controlar o aumento da população de peixe-leão.

"O ponto positivo é que nós temos uma rede de universidades preparadas para trabalhar com os órgãos públicos. Basta que a gente faça essa parceria, todo mundo junto, que é a única forma de combater o problema", diz Soares.

Outros países na rota de invasão do peixe-leão vêm testando diferentes estratégias nas últimas décadas.

Cidades na costa da Flórida, por exemplo, aram a organizar eventos para a caça da espécie. Em maio, a região do condado de Okaloosa comemorou um recorde de animais removidos durante seu torneio anual: 25.699.

Em alguns locais do Caribe, além da pesca para controle da espécie, a carne é consumida em restaurantes. É o caso das Ilhas Virgens Americanas, onde Soares esteve recentemente como professor visitante.

"Claro que é preciso tratar o peixe, tirar os espinhos, que são venenosos, mas lá ele é usado na alimentação."

"Eles também aproveitam o couro para produzir sapatos, carteiras, bolsas…uma espécie de curtume do couro do peixe-leão. Então existem alternativas econômicas e sociais que geram a renda e ajudam a eliminar o animal."

Essas alternativas precisam, contudo, ser cuidadosamente avaliadas pelas autoridades locais, diz o pesquisador. É preciso primeiro entender se os animais na costa brasileira estão contaminados e, caso se decida regulamentar o consumo, preocupar-se em evitar o risco, por exemplo, de dar valor econômico à espécie e acabar incentivando seu cultivo —o que pioraria o problema.

À reportagem, o Ibama afirmou que, desde 2014, vem impedindo de forma proativa a importação desses animais para qualquer finalidade, ainda que a legislação até pouco tempo permitisse a compra. A proibição veio no ano ado, com a publicação de uma portaria que veta a importação de peixe-leão com finalidade ornamental.

Também em 2022, a autarquia criou um grupo de trabalho com foco específico no problema. Entre os objetivos estão a formulação de uma proposta de ato normativo para o manejo da espécie.

"A regulamentação normativa a ser construída especificamente para o peixe-leão trará comandos mais específicos para o uso e aproveitamento desta espécie", diz o texto enviado à BBC News Brasil.

Nesse sentido, no segundo semestre deste ano o Ibama estuda organizar um workshop para debater alternativas para o aproveitamento da carne e do couro do animal, "caso haja mercado", e para construir um "amplo plano nacional de combate ao peixe-leão".

No momento, ainda que não haja uma proibição legal, a autarquia não recomenda o consumo, por se tratar de uma "espécie venenosa, cujo manejo requer técnicas específicas".

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