Ciência revela segredos evolutivos do "Crocodilo do terror"

Uma equipe internacional de paleontólogos, com a participação de uma especialista da Universidade de São Paulo (USP), revelou um novo estudo sobre o Deinosuchus sp., um antigo predador que habitou a América do Norte há cerca de 82 a 75 milhões de anos. Conhecido como "crocodilo do terror", esse animal foi identificado como um predador de topo no período Cretáceo, com dentes que marcaram fósseis de dinossauros da época.

O estudo, publicado na Communications Biology em 23 de agosto de 2023, esclareceu aspectos evolutivos do Deinosuchus sp., como a sua árvore genealógica e como ele conseguiu ocupar a posição de predador dominante na cadeia alimentar. A pesquisa mostrou como o Deinosuchus sp. se diferenciava de outros crocodilianos modernos e destacou suas adaptações evolutivas.

Características físicas e adaptações evolutivas

De acordo com os fósseis encontrados, o Deinosuchus sp. atingia tamanhos impressionantes, com cerca de 8 metros ou mais de comprimento. Seus dentes, grandes como bananas, indicam sua capacidade de capturar presas de grande porte, como dinossauros. Além disso, seu crânio largo e alongado, com uma protuberância bulbosa, era uma característica única entre os crocodilianos.

A pesquisa sugere que, ao contrário dos jacarés modernos, o Deinosuchus sp. manteve glândulas de sal em seu corpo, características herdadas de seus anteados. Essas glândulas permitiam ao Deinosuchus tolerar águas salgadas, permitindo que ele vivesse em diferentes ecossistemas aquáticos, como o Mar Interior Ocidental, um corpo d'água que dividia a América do Norte durante o Cretáceo.

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A adaptação à água salgada e a vantagem evolutiva

Os cientistas acreditam que a capacidade de viver em águas salgadas deu ao Deinosuchus sp. uma vantagem significativa sobre outros répteis da época. Enquanto os jacarés modernos são s à água doce, o Deinosuchus poderia se deslocar facilmente entre as regiões costeiras, sem concorrência de outros predadores.

“A principal vantagem do Deinosuchus foi sua habilidade de atravessar ambientes aquáticos que seus parentes mais próximos não conseguiam explorar", explicou um dos autores do estudo, o paleontólogo Márton Rabi. Isso permitiu que o Deinosuchus se espalhasse por grandes áreas da América do Norte, tornando-se um dos principais predadores de sua época.

Árvore genealógica e evolução do Deinosuchus

O estudo também revisou a árvore genealógica do Deinosuchus sp., resolvendo um mistério que persistia desde o século 19. Fosséis desse crocodiliano foram encontrados de ambos os lados do extinto Mar Interior Ocidental, o que gerava dúvidas sobre sua origem e dispersão.

Pesquisas anteriores sugeriam que o Deinosuchus poderia ser um parente dos jacarés modernos. No entanto, a presença de glândulas de sal e sua capacidade de viver em ambientes de água salgada indicam que ele possui características evolutivas mais antigas, compartilhadas com outros crocodilianos extintos. Os paleontólogos também revisaram a relação entre o Deinosuchus e outras espécies de crocodilianos, identificando “elos perdidos” que ajudaram a esclarecer a história evolutiva do grupo.

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Implicações das mudanças climáticas e evolução dos crocodilianos

O estudo também sugere que as características ecológicas dos crocodilianos no ado, como a capacidade de viver em ambientes salinos, permitiram que algumas linhagens se adaptassem com mais sucesso às mudanças ambientais e climáticas. Durante o período Cretáceo, mudanças no nível do mar e extinções em massa afetaram várias espécies, mas os crocodilianos com essas adaptações resistiram melhor.

O Deinosuchus sp. foi, portanto, um exemplo de como os animais podem se adaptar rapidamente às mudanças no meio ambiente. Sua capacidade de explorar diferentes habitats, combinada com sua habilidade de caçar presas grandes, o tornou um predador dominante em sua época.

A importância do Deinosuchus no estudo da evolução

Essas descobertas fornecem novos insights sobre a evolução dos crocodilianos e suas adaptações ao longo do tempo. O estudo do Deinosuchus sp. e suas características evolutivas ajuda a entender melhor como os grandes predadores pré-históricos se ajustaram a novos ambientes e como as mudanças climáticas afetaram a biodiversidade na era dos dinossauros. Esse trabalho também abre novas perspectivas para o estudo da biologia evolutiva de outros répteis pré-históricos.

A pesquisa detalha a evolução dos crocodilianos e destaca como a evolução das glândulas de sal, a adaptação à vida aquática e a habilidade de dominar grandes territórios ajudaram espécies como o Deinosuchus a prosperar durante o Cretáceo.