Delação de assassino de Marielle intriga políticos cariocas

O conteúdo da delação premiada do assassino confesso de Marielle Franco, Ronnie Lessa, que provocou a prisão de três suspeitos de mandar matar a vereadora pela Polícia Federal, na manhã deste domingo (24), lança luz sobre um intricado cenário político no Rio de Janeiro. As revelações indicam que a execução de Marielle teria sido motivada por uma disputa imobiliária em uma área de interesse da milícia na Zona Oeste da cidade, deixando a classe política carioca perplexa diante do quebra-cabeça que se apresenta.

Segundo texto publicado pelo jornalista Paulo Capelli, colunista do portal Metrópoles, no último sábado (23), a linha de investigação que aponta o envolvimento da poderosa família Brazão no contexto do crime levanta novas questões sobre o caso.

CONTEÚDO RELACIONADO

• Quem são os mandantes da morte de Marielle Franco?
• União Brasil pede expulsão de Chiquinho Brazão após prisão
• Delegado preso assumiu chefia da PC na véspera do crime

O vereador Chiquinho Brazão teria recebido em seu gabinete na Câmara o miliciano Cristiano Girão, atuante na Zona Oeste, apenas sete dias antes do assassinato de Marielle. Por outro lado, tanto Chiquinho quanto seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), detinham influência política para barrar iniciativas da vereadora que pudessem prejudicar os interesses familiares.

Quer saber mais notícias nacionais? e nosso canal no WhatsApp.

Além disso, lembra Capelli, o MDB, partido pelo qual Chiquinho Brazão foi eleito vereador, exercia amplo controle sobre a Câmara Municipal na época do crime, contando com oito vereadores, além de ter alianças com outras siglas do centrão. Domingos Brazão, por sua vez, era uma figura influente no parlamento carioca.

Enquanto isso, o PSol, partido de Marielle Franco, tinha apenas seis vereadores, que frequentemente se viam em uma batalha solitária contra o governo do então prefeito Marcelo Crivella. Cenário que levanta questões sobre a real necessidade de eliminar Marielle de forma tão drástica.

MOTIVAÇÃO PESSOAL?

Diante desse complexo quadro político, segundo apurado pelo colunista, surge uma hipótese entre os políticos do Rio de Janeiro: a família Brazão teria se sentido pessoalmente atacada por Marielle, o que poderia ter motivado sua execução, mais do que divergências puramente legislativas.

A revelação desses detalhes adicionais à trama da morte de Marielle Franco continua a alimentar a intriga e a investigação em torno desse caso que chocou o país.